Cacau ajuda a recuperar áreas degradadas na Amazônia

Referência em óleo de palma, Grupo BBF vai começar a cultivar este ano, com sistemas agroflorestais, mil hectares do fruto no Pará
Pará responde hoje por 150 mil das 270 mil toneladas de cacau produzidas pelo Brasil

Considerado o maior produtor de óleo de palma da América Latina, o Grupo BBF (Brasil BioFuels) está investindo em um projeto agroflorestal nos estados do Pará e Roraima que envolve o cultivo consorciado da palma de óleo com cacau e açaí. A ideia é recuperar áreas degradadas na região amazônica a partir do cultivo de espécies nativas e da captura de carbono da atmosfera.

O cultivo de cacau e açaí neste novo sistema deve começar este ano, com cerca de mil hectares no Estado do Pará. Ao todo, 30 mil hectares devem ser plantados com frutas nativas da Amazônia. Com isso, o grupo quer chegar em 2030 como detentor da maior produção individual de cacau do mundo.

“O plantio da palma de óleo segue uma das legislações ambientais mais severas do mundo, o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, que permite que essa planta seja cultivada em áreas degradadas até dezembro de 2007. Vamos usar o cacau e o açaí, que são duas espécies nativas da região, nas áreas em que a palma não pode ser cultivada, o que permitirá a aceleração na recuperação das áreas degradadas, além da captura e estoque do carbono”, explica o CEO do Grupo BBF, Milton Steagall.

Empregos

Assim como a palma de óleo, o executivo explica que o cultivo de cacau e açaí não pode ser mecanizado, o que significa que a empresa deve gerar milhares de empregos com o novo modelo de cultivo sustentável na Amazônia. Além disso, o grupo está trabalhando em conjunto com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para aprimorar o cultivo de cacau na região. A ideia é usar o banco genético de cacau da CEPLAC, considerado o maior do mundo, para produzir cacau de alta qualidade, resistente a doenças e pragas.

O dirigente também lança mão de um estudo da Embrapa, que revelou que a expansão do cacau tem sido benéfica para a Amazônia, integrando geração de emprego e renda à preservação da floresta. Ainda de acordo com o CEO do BBF, o Pará é, hoje, o maior produtor nacional do fruto, com 70% do cultivo feito em áreas degradadas, por agricultores familiares e sistemas agroflorestais.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 270 mil toneladas de amêndoas de cacau em 2020/2021, sendo 150 mil toneladas na região Norte. Sozinho, o Pará responsável por 96% dessa parcela.

Imagem: reprodução Grupo BBF

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