A transformação do mercado de chocolate

Em 2021 a indústria brasileira de chocolate produziu 693 mil toneladas dando um salto de 36% em relação ao ano anterior, segundo ...

Em 2021 a indústria brasileira de chocolate produziu 693 mil toneladas dando um salto de 36% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas. Dados da Abicab apontam ainda que esse crescimento vem se mantendo no primeiro trimestre de 2022, quando a indústria registrou expansão de 6% em relação ao mesmo período do ano passado com a produção de 201 mil toneladas, contra 189 mil toneladas em 2021.
Esse crescimento está relacionado principalmente com a retomada da indústria chocolateira após a pandemia e à paixão do brasileiro por chocolate, o que nos torna um dos maiores mercados em volume de vendas do produto no mundo.
O Brasil é hoje o 7º maior produtor de cacau e ocupa também a 7ª posição entre os maiores exportadores do produto e de seus derivados. Em 2021 vendemos 33,521 mil toneladas de chocolates para a Argentina, Estados Unidos e Chile e, no período de janeiro a maio deste ano, já exportamos 14,038 mil toneladas do doce.
Tanto a produção, quanto o consumo do chocolate brasileiro vêm crescendo, impulsionados pela qualidade do cacau fino produzido por aqui, principalmente na Amazônia, onde frutos cultivados são considerados os melhores do mundo. O sucesso do produto nacional é atribuído principalmente à qualidade da matéria-prima brasileira, às tecnologias de produção inovadoras e ao nosso terroir diferenciado que cada vez mais vem sendo reconhecido tanto internacionalmente, quanto pelos brasileiros que, com a pandemia, passaram a consumir chocolates mais naturais, com diferentes teores de cacau, certificação de origem e outros atributos que estão elevando o produto a uma categoria premium.
Uma pesquisa realizada pela Betway analisou o comportamento dos brasileiros em relação ao consumo do doce e apontou que 21% dos entrevistados consomem chocolate diariamente e 53% comem uma vez por semana e que o melhor momento para saborear a guloseima é depois do almoço para 60% das pessoas.
Segundo o estudo as marcas mais consumidas são Lacta (37%), 27% (Nestlé), Hershey’s (13%), Milka (11%) e Ferrero (6%) e os doces favoritos são o Bis, da Lacta, (27%), seguido pelo Ouro Branco (Lacta) e Twix (Mars) com 20% e pelo Hershey’s Cookie and Cream.
No país existem várias particularidades em relação ao produto. No Nordeste, por exemplo, a marca Nestlé é mais consumida do que a Lacta. Já o chocolate meio-amargo é o preferido apenas no Centro-Oeste. No Norte, as pessoas comem chocolate de vez em quando, apesar da região ser a maior produtora de cacau do Brasil, e no Sul o doce é o mais querido com 65% das pessoas comendo chocolate pelo menos uma vez por semana.
Na hora das compras, o chocolate é um dos itens mais lembrados, aparecendo nos bombons, cereais e achocolatados. Em 2020, o produto estava na lista de 82% dos consumidores. Em 2021, a Abicab observou um aumento de 27% relação ao mesmo período do ano anterior.
Com o avanço da indústria, as opções oferecidas no mercado estão cada vez mais variadas para atender pessoas que não querem consumir gorduras e açúcares, preferindo produtos veganos, 100% naturais e com garantia de origem, e são fãs das marcas de chocolates premium.
O consumo de chocolates finos no Brasil deve crescer de 8 a 12% ao ano, contra 5% do chocolate comum, entretanto, a fatia de mercado dos chocolates finos no Brasil representa menos de 5% do consumo do total produzido no país. Apesar desse número ser baixo, a boa notícia é que o crescimento da indústria do chocolate na última década tem sido impulsionado em grande parte pela conscientização sobre os benefícios do cacau para a saúde.
E graças a essa mudança de comportamento, a produção do chocolate bean to bar, da amêndoa à barra, vem crescendo a partir de um movimento de consumidores que buscam produtos menos industrializados, mais artesanais que seguem o mesmo caminho de produtos como o vinho, cerveja, azeite e café.
Além da busca por produtos mais sofisticados e saudáveis, cada vez mais o consumidor está atento à responsabilidade ambiental e social das marcas e busca conhecer a origem dos alimentos que consome, quem os produz e a sua história, buscando se conectar com valores como origem e sustentabilidade, que deixaram de ser diferenciais para se tornarem pré-requisitos das marcas.
Com esse movimento, o mercado de chocolates finos, de origem e artesanais tem muito a crescer pois a valorização do cacau e das pessoas envolvidas no seu cultivo com a preservação do meio ambiente são fatores que vieram para tornar a produção do chocolate um ato de transformação social.

Crescimento de 16% em 2021

Em 2021 o setor de chocolates faturou R$ 11,4 bilhões, o que equivale a uma alta de 16,1% em comparação ao ano anterior, segundo pesquisa da Kantar. O estudo também apontou que a taxa de penetração da categoria cresceu 2,8% no período e que o item faz parte da lista de compras de 88,3% dos lares brasileiros.
Em média, o brasileiro gastou no ano passado R$ 89,32 com chocolate – variação de 10,6% em relação a 2020. O formato mais consumido foi o bombom (41,9%), seguido pelas barras (29,6%) e pelos snacks (14%).
A categoria de bombons faturou R$ 3,6 bilhões em 2021 com alta de 6,9% em comparação a 2020. Na hora da compra, a grande maioria dos brasileiros prefere as caixas (87,8%), mas também há procura por pacotes de bombons específicos (7,4%) e pela aquisição avulsa (4,5%).
Nas sete praças estudadas pela Kantar, o chocolate é mais consumido nas regiões Sul, que concentra 22% do volume consumido, e Grande São Paulo, com 18% do consumo em volume. A maioria dos clientes pertence às classes AB1 e B2, que concentram 14% e 21% do consumo nacional (28%), com destaque principalmente para compradores de 30 a 49 anos.
Os brasileiros adquiriram o produto nos canais de autosserviço (30% do volume), no varejo tradicional (19%) e em atacarejos (14%). As maiores compras foram feitas no verão (31,9%), seguidas da primavera (24,3%), inverno (22%) e outono (21,8%).

Callebaut traz revolução do chocolate para o Brasil

Sinônimo de “chocolate belga” quando desembarcou no Brasil através de chefs renomados que traziam seus produtos em malas de viagem e os utilizavam para produzir doces que os diferenciavam da concorrência pela qualidade e variedade de sabores, a Callebaut, aos poucos, foi conquistando chocolatiers, doceiros e transformadores interessados em oferecer produtos de maior valor agregado aos seus clientes.
A empresa suíça que ocupa lugar de destaque entre os líderes mundiais na fabricação de chocolate e cacau, atuando em toda a cadeia, desde o fornecimento e processamento de amêndoas de cacau até a produção de chocolates, recheios e decorações, abriu as portas do nosso mercado com um mix enxuto, trazendo seus produtos para gôndolas das principais lojas especializadas.
Hoje o Grupo Barry Callebaut atua no país através da sua marca brasileira Sicao. Os produtos são feitos de acordo com a tradição da companhia, mas adaptados ao paladar e às receitas brasileiras. A linha completa daqui engloba chocolates, coberturas, cacau e chocolates em pó, chips e confeitos compondo um mix com mais de 50 produtos, considerando diferentes sabores e tamanhos de embalagens.
Localizada no Sul de Minas Gerais, em Extrema, a fábrica da Sicao iniciou suas operações em 2010 como a primeira unidade da subsidiária suíça na América do Sul, utilizando amêndoas de cacau da Bahia e Pará para produzir seus chocolates e coberturas
Recentemente a Sicao passou por uma repaginação completa e ganhou uma nova identidade da sua marca que assume um perfil mais moderno, afetivo e didático. Sua identidade visual mudou, inclusive o logo, que ficou mais arejado e clean, com conceito de sustentabilidade mais visível com a folhinha verde, além de referências ao trabalho manual e artesanal.
Além dos chocolates Sicao, o grupo comercializa no país chocolates, decorações, recheios e produtos de cacau das marcas Callebaut (belga), Cacao Barry (francesa), Mona Lisa (marca global de decorações) e os produtos premium da marca suíça Carma®.
Com vendas anuais de 6,9 bilhões de francos suíços (7,1 bilhões de dólares) no exercício de 2019/20, o grupo Barry Callebaut tem integração com todos os países produtores de cacau no mundo, incluindo o Brasil, onde atua por meio de um escritório central em São Paulo. Na capital paulista também funciona a Chocolate Academy, sua escola que ministra cursos e treinamentos. O grupo mantém ainda duas fábricas de cacau na Bahia, em Ilhéus e Itabuna, de onde saem matéria-primas que abastecem as indústrias de chocolate, como o líquor e a massa de cacau, a manteiga de cacau e o cacau em pó.
Com sede em Zurique, o grupo Barry Callebaut é o maior fabricante de produtos de cacau e chocolate gourmet do mundo. A companhia opera com cerca de 60 fábricas. e emprega mais de 11 mil pessoas e têm controle total das matérias-primas e da produção do chocolate, indo desde a seleção das amêndoas de cacau até a torrefação e moagem em fábricas próprias, garantindo a qualidade dos chocolates oferecidos ao mercado.

100% sustentável até 2025
Em 2021, o Brasil passou a conhecer uma nova geração de chocolates da Callebaut com cacau 100% rastreável e receitas remasterizadas para melhorar a produtividade e realçar sabores da linha “Finest Belgian Chocolate”, que reúne diversos campeões de venda da multinacional. O investimento para modernizar seus clássicos e destacar a origem das amêndoas faz parte de um projeto múltiplo do Grupo Barry Callebaut, para tornar toda sua matéria-prima sustentável até 2025. Além da Callebaut, a francesa Cacao Barry e a brasileira Sicao também passaram a reforçar o propósito.
Confeiteiros profissionais e amadores que utilizam Callebaut, passaram a encontrar nova embalagem da linha “Finest Belgian Chocolate” com indicação de que os chocolates são feitos com cacau originário da Costa do Marfim, Gana e Equador e um “QR Code” que informa exatamente de onde veio o cacau de cada pacote. O consumidor lê o código pelo celular e descobre até que porto foi utilizado para despachar o insumo. Além da transparência em relação à origem e cadeia produtiva, a embalagem dá destaque mais evidente à Fundação “Cocoa Horizons” – um programa de impacto focado na prosperidade dos produtores de cacau e ajuda na construção de comunidades agrícolas autossustentáveis que protejam suas crianças e o meio ambiente. Para cada pacote de chocolate vendido, uma porcentagem é destinada ao projeto.
A Fundação Cocoa Horizons tem a missão de impactar fazendeiros também no Brasil com endosso da marca nacional Sicao, que atua no mercado B2B e Home Baking. Com fabricação de chocolate na planta no Sul de Minas, e processamento de cacau em Ilhéus, na Bahia, a Sicao contribui para que o programa apoie os produtores de cacau no aumento de sua produtividade por meio de planos de negócios nas fazendas que incluam recomendações para boas práticas de agricultura, manejo do solo, nutrição, controle de pragas e doenças, bem como acesso a insumos e serviços. Em sua metodologia, o programa também promove o combate ao trabalho infantil e a proteção ao meio ambiente. Além disso, a Barry Callebaut se esforça para tornar a cultura do cacau mais sustentável por meio de seu viveiro de mudas que cultiva clones de alta produtividade e tolerância a doenças. Cerca de 500 produtores já fazem parte do programa Cocoa Horizons no Brasil.
Além de apoiar a Cocoa Horizons, o Grupo Barry Callebaut divulga, desde 2016, um conjunto de metas chamado “Forever Chocolate”, que promove a conscientização de toda a indústria acerca do chocolate para tornar o chocolate sustentável uma regra. O movimento estabelece que, até 2025, 100% dos ingredientes sejam sustentáveis em todos os produtos da companhia, a redução da produção de carbono atinja níveis positivos, o trabalho infantil seja erradicado de toda a cadeia produtiva e mais de 500 mil produtores saiam das estatísticas da zona de pobreza.

A nova forma e sabor do chocolate
Com o lançamento do Wholefruit, nasceu uma nova categoria de chocolate feito do fruto de cacau 100% puro, de origem sustentável e com rótulo limpo (clean lable), sem açúcares refinados, lecitina, baunilha ou conservantes. O primeiro produto a chegar ao mercado foi o WholeFruit Evocao, que tem 40% menos açúcar que a maioria dos chocolates amargos e ao leite, sendo adoçado apenas com a frutose da polpa do cacau.
Com esta inovação, a Cacao Barry oferece uma experiência saudável do cacau enquanto fruto, pois durante séculos era colhido por suas amêndoas para manufatura de chocolate, deixando 70% do restante da fruta descartada como resíduo. Hoje, a Cacao Barry se associa à Cabosse Naturals, que reaproveita a polpa e a casca em uma gama de ingredientes 100% cacau.
Para o chocolate Wholefruit da Cacao Barry, a Cabosse Naturals colabora com as comunidades locais de cultivo de cacau, que fazem parte do programa de sustentabilidade Cocoa Horizons no Equador, para obter frutas de alta qualidade e oferecer a 450 pequenos agricultores uma melhor qualidade de vida. Eles trabalham para que o tempo entre a colheita dos frutos e o processamento em ingredientes não leve mais do que 5 horas para preservar o sabor frutado fresco e os nutrientes das frutas encontradas nesse chocolate.

Pioneirismo gourmet
Referência na Europa há 90 anos com chocolates premium, coberturas, recheios e produtos de cacau, a Carma® chegou ao Brasil em neste ano com seis variações de chocolate entre branco, ao leite e amargo, incluindo o Nuit Blanche 37% – o chocolate suíço mais branco do mercado – e o Black Zabuye 83%, o chocolate suíço mais escuro do mercado, ambos sem adição de corantes.
Uma das primeiras marcas gourmet globais a adotar 100% ingredientes sustentáveis, ela ajuda a moldar a cultura do chocolate suíço desde 1931 oferecendo diversas especialidades de chocolates premium. Para produzir seus produtos ela usa o leite puro de fazendeiros suíços que respeitam o meio ambiente e o bem-estar animal, açúcar de beterrabas brancas, cacau e baunilha provenientes de produtores sustentáveis e processos que honram a tradição suíça de conchagem mais longa.
A Carma® também está integrada à Fundação Cocoa Horizons e ajuda na construção de comunidades agrícolas que protegem as famílias envolvidas no cultivo e meio ambiente. ■

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