O jogo pode virar

Pesquisa internacional rastreia oportunidades para a indústria de confectionery com o consumo na retranca este ano
Pesquisa internacional rastreia oportunidades para a indústria de confectionery com o consumo na retranca este ano

por Hélio Helman

Inflação e poder aquisitivo reprimido são hoje pontos em comum entre países desenvolvidos e emergentes, de modo que, no front dos alimentos, o consumidor-padrão de confectionery tende a demonstrar este ano hábitos de consumo guiados por fatores internacionais que ganharam tanto peso quanto as peculiaridades de mercados locais. É este o cenário desvendado na avaliação da consultoria FMGG Gurus, divulgada no site InternationalConfectionery e lastreada em em pesquisas de opinião das tendências de consumo de chocolates, confeitos e snacks sob a turbulenta conjuntura econômica deste ano.

Quanto mais alta for a sensibilidade ao preço, atesta a análise, maior relutância ao gasto por parte do consumidor. Manda a lógica que, sob a retração da economia e aumento do custo de vida, os consumidores de confectionery se inclinem por reduzir despesas com alimentos supérfluos. Em paralelo, reajustes nos preços suscitam perturbações na propensão a comprar por parte do público, em regra às voltas com recursos insuficientes para dar conta da lista habitual de compras domésticas. Além do mais, apimentam os consultores em questão, a menor mudança na política econômica e nos preços nas prateleiras tende a esfriar o ímpeto para consumir. Uma amostra desse choque notada na realidade internacional e não mencionada no estudo da FMGG Gurus é o encarecimento e insuficiência mundial de fertilizantes, insumo-chave para a cadeia alimentícia, decorrente dos cortes do gás natural impostos à União Europeia por Putim em guerra com a Ucrânia. Fertilizantes nitrogenados dependem da amônia, derivado do gás natural tão escasso e hipervalorizado como o trigo, cereal  utilizado em confectionaries e que tem na Rússia e Ucrânia fornecedores globais.

Retomando o fio da análise da FMGG Gurus, o estado de comportamento recessivo, praxe no mercado deste ano, pende para tornar consumidores do setor de confectionery menos leais às marcas. Também passam a pesquisar os mesmos artigos em vários PDVs e a avaliar detidamente se o valor de um produto é realmente satisfatório e compatível com o dinheiro reservado para as compras.

Tópicos como disponibilidade, marca exclusiva, preços econômicos e qualidade continuam a não negar fogo para laçar consumidores, confirma o estudo da consultoria.  No entanto, atesta a radiografia, quando o público reduz seus tíquetes de compras de alimentos, ele acaba buscando uma rasa compensação na aquisição de  indulgências pequenas e premiumr. Ou seja, concluem os analistas, os consumidores, mesmo bombardeados, mantêm acesa a intenção por pagar valor premium por produtos de genuína qualidade, ainda que em menores quantidades. No plano geral, porém, os consumidores estão relutantes quanto a se comprometerem com momentos de indulgência este ano. A indústria de confectionery precisa reagir a este quadro, sugerem os pesquisadores, assegurando que existe uma vasta gama de produtos em linha com o bolso do grande público que, além do mais, pode também estar mais inclinado à compra de chocolates ou candies e snacks por ter cortado gastos em outras áreas.

Em momentos de escapismo do stress diário, as pessoas voltam-se com frequência para o consumo de produtos alimentícios e os itens de confectionery não constituem exceção. Sob este prisma, revela o trabalho da FMGG Gurus, consumidores fustigados pelo ambiente recessivo poderão efetuar alguma compra em circunstâncias de alto ou baixo astral, quando procuram poupar dinheiro  destinado a determinados produtos em prol de outros. Por essas e outras, assinala a pesquisa internacional, as marcas de confectionery precisam garantir hoje ao consumidor que dispõem de produtos para ocasiões premium e para não avariar o apertado bolso dele.

A pesquisa da FMGG Gurus também constata que, em tempos nublados por incertezas, como a conjuntura deste ano,  consumidores tendem a demandar produtos que os relembrem de dias felizes de outrora e que lhes eram familiares. Nessa trilha, ofertas de cunho nostálgico em confectionery, pondera o estudo, têm a possibilidade de ativar reação emocional nos compradores, a ponto de desviar o foco de sua atenção fixo no preço. Para tanto, recomendam os analistas da FMGG Gurus, fabricantes podem relançar, em tiragens restritas, produtos descontinuados, promover sabores vinculados a conforto e simplicidade e que tal apostar em embalagens retrô e campanhas evocadoras dos bons dias de antigamente?

Sequelas da debelada pandemia no comportamento dos consumidores também embutem chamarizes para o consumo de candies irmanados com saúde &bem estar. Entram neste rol sabores naturais e valores nutricionais de ingredientes. Afinal, em grande parte do público persiste o sentimento de que seus niveis de energia pré-covid-19 ainda não foram restabelecidos de todo e as pessoas sentem o baque do atual recuo no padrão de vida e da subida do stress e insegurança. Nesse contexto, completa o estudo, prevalece em parcela expressiva dos consumidores uma procura maior por meios para se sentirem ativos, revigorados e energizados, expectativas que a indústria de confectionery tem plenas condições de atender, em especial em produtos para consumo fora do lar.

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