Bola pra frente

Após uma decisão judicial em agosto passado, a Nestlé se viu desobrigada de vender algumas marcas de chocolate para regularizar a situação da compra da Garoto, feita em 2002 e barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2004. “O mercado mudou e nenhum dos cenários apontados pelos críticos em 2002 se materializou”, sustenta Liberato Milo, vice-presidente de chocolates da Nestlé no Brasil. Nesses 16 anos, observa ele, entraram novos concorrentes e o risco de concentração de mercado que motivou a censura do Cade à operação inexiste.

Quando adquiriu a Garoto, a Nestlé teve aumentada sua fatia em chocolates de 30,8% para 55,2%. A empresa ainda lidera as vendas da categoria, mas com uma participação bem mais baixa, de 34,1%, mostram as planilhas da Euromonitor International. Segundo varredura da consultoria, o mercado de chocolates deve crescer neste ano 2% em volume e 5,8% em valor, projetando, para 2019, um incremento em volume de 2,5% e um aumento real em vendas de 2,6%.

Milo informa que as vendas da Nestlé neste ano crescem acima de 7% em receita. Esse aumento, considera ele, é resultado de um trabalho intenso de reformulação. O consumo de barras de 200g de chocolate ao leite, exemplifica, cedeu lugar a tabletes menores e com diferentes sabores e recheios. “Nos últimos quatro anos, renovamos 100% do nosso portfólio para atender essa nova demanda”, reporta o executivo.

As mudanças incluíram desde redução de açúcar e aumento do teor de cacau, até criação de novos itens. Neste ano, a companhia disparou 50 lançamentos, o dobro de 2017 e, para 2019, a previsão é manter o mesmo ritmo. “Existe espaço para lançar mais 50 itens no ano que vem e já temos novidades em desenvolvimento”, antecipa Milo. Entre os exemplos de linhas a serem lançadas, ele anuncia variedades da marca Talento com chocolate orgânico, recheado com frutos da Amazônia, em versões sem açúcar e sem glúten. No início de dezembro, a companhia inseriu itens dessa marca com recheios de doce de leite e creme de avelã, além de linhas com chocolate amargo e recheios de framboesa, maracujá, caramelo salgado e pedaços de cacau (nibs).

A Nestlé também redesenhou a marca Garoto, para atender principalmente as gerações Z e millennial. “Percebemos em pesquisas que esse público achava a marca muito séria”, frisa Milo. Para entender melhor esse consumidor, a Nestlé montou uma equipe de 40 pessoas, que monitora em tempo real tudo o que esses jovens falam sobre chocolate nas redes sociais. As linhas de Talento com recheio de doce de leite e com nibs de cacau e o Garoto Cores (chocolate recheado com confeitos) foram desenvolvidos a partir desse monitoramento. “É preciso saber o que esse público busca para continuar à frente no mercado”, assinala Milo.

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