Americanas vai receber capitalização de R$ 24 bilhões

Acordo integra plano de recuperação judicial e pode fazer dívida bruta cair para R$ 1,875 bilhão
Com fraude contábil revelada no início de 2023, rede varejista perdeu mais de 6 milhões de clientes em 8 meses

Tradicional canal de vendas de doces, chocolates, snacks, biscoitos e guloseimas, a rede varejista Americanas, que no final de 2022 acumulava uma dívida bruta de R$ 37,331 bilhões, fechou um importante acordo com credores. Com a medida, que integra seu plano de recuperação judicial, a companhia deverá receber uma capitalização de R$ 24 bilhões, incluindo recursos de acionistas de referência e a conversão de dívida por bancos credores.

Firmado em 27 de novembro, o acordo foi aceito por titulares de mais de 35% da dívida da companhia, incluindo os bancos Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil e BV. A aprovação dos termos da medida, contudo, ainda depende de uma assembleia geral de credores (AGC) prevista para o dia 19 de dezembro.

Acionistas de referência da empresa, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira devem fazer um aporte de R$ 12 bilhões. O montante seria convertido para os credores em ações da companhia.

Com o aumento de capital de R$ 24 bilhões, a Americanas deve destinar até R$ 8,7 bilhões para pagar os credores financeiros. A expectativa é que a dívida bruta da empresa caia para R$ 1,875 bilhão.

Fraude contábil

O plano de recuperação judicial também prevê uma assembleia geral de acionistas para eleger uma nova chapa para compor o conselho de administração. O mandato será de dois anos, e permitirá a recondução por mais dois.

A crise da varejista decorre de uma fraude contábil de mais de R$ 20 bilhões, que foi revelada em janeiro e desde então está em investigação pela Justiça e órgãos reguladores. A “inconsistência” resultou numa dívida declarada de R$ 43 bilhões.

Relatório divulgado pelo administrador judicial do processo de recuperação da empresa indica que a empresa perdeu em oito meses 6,2 milhões de consumidores ativos – quase 800 mil por mês.

Enfrentando a crescente concorrência do e-commerce, a receita bruta da empresa caiu 91% no período, de R$ 1,24 bilhão para R$ 112 milhões.

Apesar das enormes dificuldades, a Americanas ainda contava em agosto com mais de 1700 lojas espalhadas pelo país, número considerado bastante expressivo no cenário varejista nacional.

Imagem: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press

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