Tablete à mineira

Desafiando a crise provocada pela pandemia, empresários mineiros lançaram, em junho, a Yör Chocolates. A grife nasce com o pedigree de primeira marca do estado a produzir chocolates finos de alto perfil sensorial e diversidade de tipos, sabores e origens. Como o lançamento já estava previsto antes da pandemia, os empreendedores adaptaram rapidamente as estratégias para, mesmo em plena quarentena, viabilizar vendas e seduzir o paladar dos brasileiros.

O resultado foi apresentado dia 16 de junho com a inauguração, virtual, da loja-conceito da marca. Localizada no Belvedere, em Belo Horizonte (MG), a unidade foi projetada de maneira a provocar experiências sensoriais que só mesmo os chocolates especiais despertam, observa Alberto Kis, um dos sócios da Yör. Enquanto a abertura do comércio não é liberada, os produtos serão vendidos por um link do Instagram (@Yör Chocolates) e futuramente em redes varejistas locais e nacionais, completa ele.

Com todo o cuidado e sempre pensando nos consumidores, há cinco anos, os empresários mergulharam em uma intensa pesquisa sobre o alimento. Fizeram diversas viagens para o exterior e visitaram fazendas produtoras de cacau do Brasil. O resultado é uma linha de produtos à base de puro cacau fino, rico em aromas especiais, alguns cultivados de forma orgânica. No site da marca, os consumidores podem acessar a diversidade de tipos de cacau e as histórias de cada uma das fazendas. “A maior preocupação foi oferecer um produto de altíssima qualidade, sem conservantes, aromatizações artificiais, excesso de açúcares, gorduras hidrogenadas e nem aditivos químicos”, destaca Kis.

Alberto e Arthur Kis, da Yör: pesquisa internacional e adaptação à tradição mineira. | Foto: Thobias Almeida

Nova economia
Algumas características do modelo de negócio adotado pela Yör o distinguem dos demais. Na via oposta da indústria chocolateira nas últimas décadas, a empresa desenvolveu não só chocolates efetivamente diferentes dos atuais, mas também adota um estilo de produção alinhado a um novo jeito de empreender, comenta Arthur Kis, sócio e irmão de Alberto. Eles apostaram na economia compartilhada para construir a marca e se transformaram em encomendantes industriais. Ou seja, a escolha e compra dos insumos, as receitas e o modo de produção são desenvolvidos pela Yör, mas o processo de fabricação é realizado em parceiros. “A Yör é mineira na sua origem, incorporando sabores e saberes da nossa cultura, mas também é nacional na sua forma de relacionamento com o mercado e global na busca das melhores variedades de cacau e demais insumos para seus produtos, tudo isto com produtos inovadores não vistos ainda no mercado”, sintetiza Arthur.

Para chegar a esse modelo, os empresários fizeram uma longa pesquisa em locais que são referência em produção de chocolates e de cacau, como Suíça, Bélgica, França, República Dominicana, Estados Unidos e Japão. No Brasil, passaram por Ilhéus e Uruçuca (BA), Espírito Santo, Gramado e Canela (RS) e São Paulo.

A experiência resultou em um portfólio de diferentes tipos e combinações, que evidencia o sabor, cremosidade e pureza do chocolate, provenientes dos processos artesanais do plantio, colheita, fermentação, secagem e torra das amêndoas do cacau fino de aroma, preferencialmente, do Brasil.

A linha completa é repartida em quatro categorias: bean to bar (da amêndoa de cacau à barra do chocolate); regionais (saberes e sabores do Brasil); sabores (harmonizados com chocolate); e origens (com blends especiais de cacau fino). No lançamento da marca, foram apresentadas versões de chocolate ao leite 44% cacau de origem única, chocolate intenso com 70% de cacau, chocolate intenso combinado com café do sul de Minas e chocolate branco com doce de leite.

Um dos destaques é o percentual de cacau utilizado, enfatiza Alberto Kis. A legislação brasileira, exemplifica ele, permite a comercialização de chocolate ao leite com 25% de matéria seca total de cacau. O produto similar desenvolvido pela Yör conta com 44% do insumo. Outra curiosidade é a média de açúcar utilizada. Nos importados, a taxa é de aproximadamente 50% de açúcar cristal, reporta o empresário. Os nacionais vão de 55% a 60% do mesmo ingrediente. “Já na Yör, o valor é próximo a 35%, mas de açúcar orgânico e, diferentemente do que se imagina, a experiência do consumo surpreende ao resgatar o sabor e as sensações do verdadeiro chocolate”, assegura. ■

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