Mente sã e corpo são

As tendências alimentares saudáveis ganham ainda mais espaço sob o impacto da covid-19

A persistência da pandemia tornou a alimentação saudável ainda mais importante para quem busca manter o corpo sadio e aumentar o sistema imunológico. O isolamento social originou uma demanda para ajudar no controle do peso extra ganho durante o surto, com os níveis mais baixos de atividade física, e lidar com o estresse e a ansiedade, além de melhorar a saúde mental/emocional. Nesse cenário, intensificaram-se o consumo de alimentos frescos, de ingredientes para preparação em casa de uma alimentação ainda mais saudável e a introdução de mais vegetais na dieta, com foco especial sobre o reforço do sistema imunológico. E também ganharam foco alimentos e bebidas prontos para consumo, vitaminas e suplementos associados à imunidade, saúde mental e bem-estar emocional, bem como controle de peso.

Com a pandemia, comer de uma maneira saudável se tornou uma importante prioridade para os brasileiros, constata Ana Paula Gilsogamo, analista sênior de alimentos e bebidas da Mintel. De acordo com a pesquisa realizada para o relatório Tendências em Alimentação Saudável (Impacto da Covid-19 – Brasil – Outubro de 2020), repassa ela, 40% dos brasileiros entrevistados afirmaram ter adotado hábitos alimentares mais saudáveis durante a pandemia. “Nesse estudo, foi possível observar como principais tendências a busca por imunidade, maior preocupação com a saúde e bem-estar mental e emocional e a manutenção de um estilo de vida saudável em longo prazo, preventivo e preocupado com doenças que podem estar relacionadas com o estilo de vida como sobrepeso e obesidade, hipertensão e diabetes”, relata a executiva.

Ana Paula, da Mintel:
a busca por imunidade e preocupação com bem-estar mental e emocional entre as principais tendências.

Com relação à imunidade, prossegue ela, passaram a ganhar muita importância para os brasileiros o consumo de ingredientes frescos, vitaminas e suplementos ou ingredientes adicionados, em diversas opções que ofereçam maior suporte ao ganho dessa condição. De acordo com a pesquisa realizada no ano passado, por conta da pandemia 46% dos entrevistados afirmaram estar cozinhando com ingredientes frescos para melhorar seu sistema imunológico, 34% passaram a consumir mais alimentos e bebidas com ingredientes adicionados para melhorar seus sistema imunológico e 32% passaram a consumir mais vitaminas e suplementos para melhorar o quadro imunológico geral.

O estresse e a ansiedade provocados nos brasileiros pelo isolamento social e por todas as incertezas e temores gerados pela pandemia alavancaram uma tendência já observada no Brasil e no mundo: a maior importância e atenção ao cuidado do bem-estar mental e emocional. “E esta é uma corrente que veio para ficar, pois se antes ter hábitos alimentares saudáveis tinham como principal objetivo a saúde física, agora o bem-estar mental e emocional ganha cada vez mais destaque”, pondera Ana Paula. O estudo da Mintel para o relatório Tendências em Alimentação Saudável revela que 73% dos brasileiros entrevistados concordam que ter hábitos alimentares saudáveis é tão importante para a saúde mental/emocional quanto para a saúde física. Para a analista, alimentos e bebidas que ofereçam funcionalidades atreladas à saúde mental e emocional são cada vez mais procurados pelos consumidores e , pela pesquisa, 63% dos entrevistados concordam que gostariam de consumir mais alimentos e bebidas com ingredientes que podem melhorar a saúde mental/emocional.

Nos últimos anos, observa Ana Paula, houve um aumento da incidência de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e sobrepeso no Brasil. Aliado a esses dados, que já vinham na ascendente, a diminuição das atividades físicas devido ao período de isolamento social fez com que a manutenção do peso se tornasse uma questão ainda mais relevante e difícil de se realizar. Pela pesquisa da Mintel, 37% dos entrevistados afirmaram que devido à covid-19 passaram a comer de forma mais saudável para manter o peso, por terem diminuído suas atividades físicas. Além disso, acrescenta ela, ao terem seus portadores considerados como grupo de risco da covid-19, essas doenças crônicas também se tornaram uma maior preocupação no dia a dia do consumidor, estimulando-os a adotar hábitos mais saudáveis em longo prazo com foco na prevenção. O estudo da Mintel mostra que 56% dos brasileiros entrevistados mencionaram ter a intenção de adotar alimentação que reduza o risco de doenças relacionadas ao estilo de vida (por exemplo, hipertensão, diabetes) após a pandemia.

Nesse panorama, insere a analista da Mintel, também foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o novo padrão de rotulagem nutricional que obriga os alimentos e bebidas cujas quantidades de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio sejam iguais ou superiores aos limites definidos a trazerem alertas na parte frontal de seus produtos. “A regulação vai trazer esses ingredientes de volta ao centro das discussões sobre alimentação saudável”, sublinha a especialista.

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