Indústria 4.0 chega à confeitaria
Com a missão de acelerar a pesquisa e desenvolvimento de inovações dentro dos conceitos de digitalização (connected factory) e indústria 4.0, a Nestlé inaugurou no início de outubro um centro para testes localizado dentro do Parque Tecnológico São José dos Campos (PqTec/SP), empreendimento para a promoção da ciência que já abriga representantes de 280 empresas e quatro universidades. Instalado em um espaço de 100 metros quadrados, o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da companhia conta com 18 posições de trabalho, sendo 11 para colaboradores Nestlé e sete rotativas para receber parceiros, fornecedores, pesquisadores e estudantes, entre outros profissionais ligados à área de tecnologia e automação, descreve Luis Garcia, vice-presidente da área técnica da Nestlé Brasil.
“O objetivo é acelerar o avanço de inovações dentro do conceito de Indústria 4.0, além de fomentar um ecossistema com colaboração interna e externa nessa frente, inclusive com a formação de novos talentos para atuar com olhar para a transformação digital”, enfatiza o executivo. A nova estrutura, acrescenta ele, fica muito próxima ao complexo de Caçapava, planta “lighthouse” da Nestlé, onde é produzida a maioria dos chocolates da marca. No CIT são desenvolvidas e testadas soluções tecnológicas que, se aprovadas, seguem para aplicação (roll out) em outras unidades da empresa em toda a zona das Américas, informa Garcia.
Os investimentos da companhia na implementação da indústria 4.0 no Brasil começaram em 2016, com a instalação do primeiro robô em unidade fabril do país, lembra ele. Desde então, a empresa imprime um ritmo crescente de inovação e tecnologia. Em 2019, frisa, aumentou em quase 80% o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a otimização da produção, com desenvolvimento de machine learning, softwares, robôs e veículos autônomos, entre outros recursos. Atualmente, todas as novas linhas já nascem 100% dentro do conceito de indústria 4.0. “Investimos em frentes que incluem modernização do parque e de processos, aquisição e desenvolvimento de tecnologias, projetos de automação em unidades e na capacitação dos colaboradores para atuar dentro dessa cultura de transformação digital”, assinala Luis Garcia.
Desafios da inovação
Como fruto desse investimento, posiciona o VP da área técnica, a Nestlé tem exibido resultados positivos mesmo durante a pandemia. Desde março, várias unidades da companhia no Brasil atingiram altos níveis de eficiência operacional, tiveram redução de paradas não programadas e recordes de produção. Desde abril, houve quase 1,2 mil contratações entre profissionais efetivos e temporários em todo o país e, desse total, 67% são posições operacionais em fábricas. “A indústria 4.0 deu a flexibilidade para conseguirmos responder rapidamente às mudanças nas necessidades dos consumidores com a pandemia, ajustando, por exemplo, a produção para ampliar volumes em categorias que cresceram e produzir novos formatos. Queremos avançar assim, promovendo inovações que gerem colaboração e transformação positiva para toda a cadeia “, aponta Garcia.
Uma das frentes para impulsionar a colaboração e a cocriação de soluções com foco em transformação digital serão desafios de inovação que a companhia pretende lançar com chamada para participação de startups, empreendedores e empresas. O objetivo é pensar soluções conjuntas para auxiliar a companhia a melhorar processos em diferentes frentes, que vão das fábricas aos pontos de venda (PDVs).
Na inauguração do CIT, a companhia anunciou a abertura de inscrições para desafios como o desenvolvimento de experiência única para o consumidor nos pontos de venda ou a diminuição de desperdício, reciclagem pós-consumo e redução de emissões. Também foram reforçadas propostas para a criação de uma aplicação com inteligência artificial disponível para avaliação on-line nas linhas de produção de alimentos e bebidas; para soluções com foco em captura e monitoramento de comportamento de consumo; e a viabilização de personalização em escala. Além disso, as propostas lançadas incluem uma aplicação para identificação de sinais que possam ajudar os gestores na eliminação de acidentes de trabalho e aumento da gestão preventiva de saúde ocupacional e soluções com foco em monitoramento de preços em lojas físicas, entre outras. ■
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