Com participação crescente na produção nacional de chocolate, o cacau do estado do Pará se torna agora coqueluche no reduto mais gourmet com a entrada em cena da Danke Chocolates. Mais recente investida do empresário e cacauicultor Ernesto Neugebauer (ex-Harald), a marca ganhou as prateleiras em agosto em barras premium comercializadas em pontos de venda (PDVs) como o Empório Santa Maria, em São Paulo. Mas o principal diferencial é a massa de cacau, produzida em fazenda do dirigente no Pará e que, segundo ele, equipara o chocolate ao patamar das mais refinadas marcas belgas e suíças.
Para Thomas Hartmann, da TH Consultoria, especializada no mercado de cacau, a produção no Pará puxou o crescimento da colheita nacional na safra 2019/20, encerrada em abril último. O incremento em comparação com a temporada anterior foi de 1,36%, totalizando 197,1 mil toneladas (t). Ainda que discreto, esse crescimento da produção nacional resultou em um maior volume desde a safra 2015/16, quando o país colheu 209,9 mil t da amêndoa. Desde então, as lavouras sofreram com sucessivas adversidades climáticas, principalmente pelas estiagens prolongadas, observa Hartmann.
Em 2019/20, a colheita do Pará continuou menor que a da Bahia, que lidera o ranking nacional, mas apresentou um incremento recorde de 13,25%, equivalentes a 70,3 mil t. Das duas safras no ano (temporã e principal), o destaque no estado foi a principal. A produção paraense praticamente dobrou em nove anos, constata o consultor.
Na Bahia, confronta ele, a colheita da safra principal foi afetada por um aumento dos registros de casos da doença da vassoura-de-bruxa. No total da temporada 2019/20, os produtores baianos colheram 117,7 mil t, uma redução de 4,13% em comparação à safra anterior. Dos últimos nove anos, o resultado da última safra só não foi pior do que o da temporada 2017/18, quando uma grave seca derrubou a produtividade e comprometeu árvores inteiras. Entre os demais estados produtores do Brasil, no Espírito Santo a colheita chegou a 5,1 mil t, enquanto em Rondônia ficou em apenas 3,8 mil t.
A valorização dos preços do cacau durante a safra acabou compensando perdas de produtores de algumas regiões. A receita da atividade alcançou quase R$ 2,2 bilhões, um recorde nominal. De acordo com Hartmann, a receita da cacauicultura na última safra ficou 7,9% acima da média dos últimos 20 anos. Na Bahia, ele compara, a receita dos produtores cresceu 9%, para R$ 1,3 bilhão, enquanto no Pará subiu 28,7%, para R$ 868 milhões.