A vez do top

Avança a demanda de linhas para processamento de chocolate premium
Linha da Netzsch: upgrades em sistemas compactos para chocolate.

Mesmo com o consumo de chocolate em geral estabilizado, o setor de bens de capital para fabricação de itens da categoria respira mais aliviado, com a demanda pontual porém ascendente em segmentos como o de produtos premium. As descobertas do poder antioxidante de flavonoides contidos no cacau e as mudanças nos hábitos decorrentes da onda de saudabilidade, mudaram o consumo na categoria e a disseminação de linhas com diversos percentuais de cacau na formulação da massa vem impulsionando a revitalização de projetos e instalações. Na Komatec, agente de máquinas que atua com grifes globais como Netzsch, Bosch e Haas Mondomix, a demanda vem se sustentando acima do esperado nos últimos dois anos.

Thomas Koblinsky Jr., diretor da trading e consultoria, avalia que 2017 foi bastante positivo. “Além de avançarmos com projetos bastante arrojados, a Interpack 2017 (maior feira de equipamentos para o setor de confectionery) impulsionou diversas decisões”, assinala ele. Já 2018, com adventos como a Copa do Mundo e as eleições, vem deixando um pouco a desejar. “Mesmo assim, ainda realizamos alguns projetos interessantes e creio que no final teremos um balanço positivo”, avalia o trader.

Petru Emil Rusu, diretor da Perpack, que opera com marcas top de processadoras de chocolate como Sollich, Chocotec e Awema, nota que, apesar da retração geral no cenário de bens de capital, a busca por instalações voltadas ao mercado de chocolates gourmet ou produtos mais sofisticados, com maior valor agregado dentro da categoria, se mantém crescente. “Na realidade, estamos vivenciando uma crise desde 2015, com lenta recuperação a partir de 2017/2018”, sublinha Rusu, argumentando que, no período imediatamente anterior os níveis de atividade foram basicamente mantidos estáveis, abaixo da média histórica para o setor.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) confirmam que, no acumulado do ano até setembro foi registrada alta geral nas vendas de bens de capital de 7,4% sobre o mesmo período do ano passado. Segundo a entidade, a importação de máquinas, na qual se insere a maioria das linhas para fabricação de chocolate, registrou US$ 1,13 bilhão, com queda de 3,1% em relação a setembro de 2017 e redução de 12,6% em relação a agosto. Mas no acumulado do ano, houve alta de 15,6%, reporta a entidade. Já a exportação teve receita de US$ 736,60 milhões, com queda de 9,4% em setembro diante do mesmo mês do exercício anterior e retração de 24,7% sobre agosto. O acumulado desde o início do ano também registrou alta de 10,9% em relação ao mesmo período de 2017. Previsão da entidade sinaliza que a valorização cambial e o aumento das exportações durante o ano contribuíram com a melhora da receita. A projeção é de queda nas vendas no último trimestre do ano, mas esse resultado não deve interferir na expectativa de 7% de aumento nas vendas até o final do ano.

Na Komatec, Koblinsky Jr. confirma a previsão otimista para as importações considerando que 2017 já foi um ano acima da média para a consultoria. “Projetos bastante desafiadores para novos produtos e alguns grandes projetos de automação, impulsionados pela Interpack, resultaram em um ano bem acima dos resultados de 2016”, ele grifa. Apesar dessa movimentação envolvendo o desembarque de tecnologias e máquinas, ele destaca a atuação de grifes locais no processamento de massas de chocolates e coberturas (compounds), a exemplo da Netzsch, subsidiária do grupo alemão com fábrica em Pomerode (SC).

Em 2017, relata ele, a marca bancou upgrades na série de equipamentos para preparo e refino de massas de chocolate (com liquor) e compounds (gorduras vegetais), como a linha compacta MasterConch, com nova geometria e formato. Além de alcançar uma performance superior, com menor tempo de processo, menos energia consumida e melhor agitação, é a única concha com o sistema CIP (Clean in Place), que permite a troca rápida de produtos, a exemplo de massa ao leite para massa branca, com ciclo de limpeza de 30 minutos ou menos. Além disso, a Netzsch remodelou sua tecnologia de moinho de esferas, com a linha MasterRefiner, equipada com câmara de moagem estendida, novo desenho de discos e sistema de separação, incorporando ainda o sistema de pré-moagem Samba, que permite ciclos de refino com apenas uma passada, atingindo granulometrias de 24 micra ou menos. “A Netzsch consagrou ainda a linha MasterCream, que tem tido bastante sucesso como o sistema mais simples e compacto para reprocesso automático de itens como wafers, chocolates e biscoitos, permitindo a moagem de amendoins, amêndoas, nozes e outras sementes oleaginosas para fabricação de pastas diversas”, informa Koblinsky Jr.

Apelo visual
Petru, da Perpack, observa entre as tendências em voga na cena de chocolate a da profusão de itens mais finos e com maior apelo visual, buscando diferenciação, uma vez que tabletes e candy bars tradicionais sofrem pesada concorrência. De seu portfólio de representadas, ele destaca a linha One-Shot da Awema, equipada com a depositadora UDM 222 (100% servo acionada), de grande flexibilidade e facilidade de operação. Outro ponto alto do mostruário é a linha Frozen Shell Chocotech, para produtos de diferenciado apelo visual, que viabiliza a produção de artigos moldados sem a necessidade de formas de chocolate. “Diversos acessórios podem ser incorporados a essa linha, a exemplo de depositadores, decoradores e aspersores de sólidos, permitindo grande variedade de artigos e acabamentos”, acrescenta Rusu.

Dentro da família de temperadeiras da Sollich, ele sublinha a inclusão de unidades especiais para produção com centrífugas (produtos ocos de Páscoa), a temperadeira-aeradora para massas de chocolate aerado e uma versão de temperadeira para retrabalho, ideal para linhas de moldagem.

Para Koblinsky Jr., da Komatec, o tema da saudabilidade vem sendo incorporado às linhas de fabricação de chocolate dentro de algumas vertentes. Além do emprego de tecnologia de processo e refino de massas, que viabiliza instalações de pequeno porte para aplicações tipo gourmet ou funcionais, como a da Netzsch, as correntes de produtos saudáveis hoje também ocupam linhas de grandes capacidades. “Entre as tecnologias hoje disponíveis para chocolates gourmet sobressai a da Haas Mondomix, com sistemas de aeração contínua de recheios e chocolates, que permitem não apenas uma redução de pesos, mas a criação de produtos com texturas diferenciadas e menos calóricos”, grifa o especialista. Ele sublinha ainda sistemas como o Bar Production Tecnology, da Bosch alemã, de grande flexibilidade para produção de candy bars, barras de proteínas e barras de cereais, com alto conteúdo de nuts, e em sistemas para fim de linhas de produção, novidades da Bosch Packaging, a exemplo das tecnologias de alta performance para embalagem de mini bars em alta velocidade (Seamless Bar Line), como a da embaladora flow pack HRM, para velocidades de até 150 metros/minuto de filme. •

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