Tiquinho só no nome

Atacado de São Carlos adere ao formato de pequenas franquias para crescer no interior paulista
Loja matriz: mix de 15 mil itens e mais de 100 funcionários.

Atacadista com duas lojas de autosserviço e fábrica própria de chocolate, a Doces Tiquinho, de São Carlos (SP), inicia um projeto de expansão que prevê a instalação de pequenas franquias na cidade e região. No ano em que completa quatro décadas de atuação, ela formata a rede Tiquinho Express, operação em fase final de implementação, com largada prevista para o início de 2018, antecipa o empresário Paulo Rogério, diretor da distribuidora. “Encerramos um ciclo de investimentos na parte industrial e, entre as novidades para ampliação do nosso negócio, temos o projeto das franquias, que muito em breve terá o primeiro piloto instalado em uma cidade próxima”, posiciona ele, sem abrir detalhes. Desbravadora do comércio especializado em candies no Centro-Leste paulista, a Tiquinho exibe uma trajetória que acompanha a evolução do setor no estado de São Paulo.

Doceiros à moda antiga, Paulo Ramires e a esposa Ana Maria abasteciam com vendas porta a porta pequenos pontos de venda (PDVs) de São Carlos (SP) no início dos anos 1970. Em agosto de 1977, eles abriram a Distribuidora de Doces Tiquinho, nome inspirado no apelido do primogênito do casal. A ideia era expandir o comércio exclusivo de chocolates e guloseimas doces, concentrado na capital, para a parte central do interior do estado. O negócio prosperou e hoje sustenta a principal operação doceira da cidade e região.

“Inicialmente estabelecida em um modesto galpão, a empresa seguiu com a venda porta a porta de confeitos, a partir da distribuição feita com peruas e pequenos caminhões”, rememora Paulo Rogério, o “Tiquinho”. Ele lembra que, depois de passar por mais dois endereços diferentes, em 1983 foi construído o primeiro prédio e sede própria. “Com a projeção da empresa, São Carlos ganhou sua primeira loja especializada em chocolates, confeitos doces, artigos para festas e demais itens que compõem os atacados doceiros modernos”, observa o comerciante.

Família no comando: Paulo Rogério (esq.), Poliana, Paulo Ramires e Ana Paula.

Instalada na avenida Doutor Teixeira de Barros (conhecida como rua Larga), na Vila Prado, a loja matriz iniciou sua operação, já no formato de autosserviço (cash and carry), com 400 metros quadrados de área de venda. Em poucos anos o espaço foi dobrado e hoje conta com um depósito anexo de 2.500 metros quadrados. A trajetória de sucesso da Doces Tiquinho inclui a aposta tão pioneira quanto certeira na industrialização de chocolate, atividade que deu sua largada em 2000, via terceirização, com o registro da marca Tiquinho de ovos de Páscoa. “Significou um grande salto para a empresa, especialmente nessa data sazonal, hoje expandida a uma demanda mais abrangente”, comenta o dirigente. Em 2010, a distribuidora assumiu a fábrica, estreando com produção de 7 toneladas (t) no primeiro ano. Com o lançamento da marca de chocolate e cobertura Dublin, em 2012, passou a distribuir seus produtos para todo o Brasil, penetrando assim nos principais atacados e distribuidores nacionais. “Na última campanha, produzimos cerca de 170 t de chocolates e coberturas, agora comercializadas sob as marcas Tiquinho e Dublin”, informa Paulo Rogério.
Instalada na Rodovia Washington Luis, em área construída de 6 mil metros quadrados, em terreno de 20 mil metros de área total, a planta conta com loja temática, que é ponto de visitação aberto a clientes e consumidores. “As atividades não param e, no momento, estamos desenvolvendo vários produtos que, em breve, irão reforçar o portfólio de figuras e ovos de Páscoa”, adianta o empresário.

Cursos culinários
Em paralelo, incorporando tendência em voga nas principais operações atacadistas doceiras da capital, a distribuidora implementou a criação de cursos culinários, especializados em chocolate e confeitaria. A iniciativa atraiu um público formado por donas de casa em busca de uma atividade para complementar a renda familiar e candidatos interessados em abrir o próprio negócio, mobilizando São Carlos e cidades da região. Com infraestrutura nas duas lojas, atualmente são ministrados em média 15 cursos ou palestras por mês, com cerca de 30 alunos por evento, contabiliza Paulo Rogério. “Atendemos alunos das mais variadas classes sociais, na orientação da própria operação de doces ou na produção para consumo próprio”, frisa ele.
A industrialização de chocolate potencializou a operação da Tiquinho e, em 2004, para atender a demanda ascendente, a distribuidora inaugurou a filial da avenida São Carlos, ponto nobre da cidade. Inicialmente com 650 metros quadrados, ela se transformou em uma megaloja, reinaugurada em 2010, em outro endereço na mesma avenida. Com mil metros quadrados de área de venda em terreno de 3.300 metros quadrados de área total, ela exibe layout atualizado e oferece estacionamento com 35 vagas no subsolo. Com quadro efetivo de 100 funcionários, a distribuidora opera um mix superior a 15 mil itens e, além do autosserviço, com sete checkouts em cada unidade, conta com telemarketing para vendas no formato balcão, cobrindo com frota de três veículos clientes em um raio de até 100 quilômetros de São Carlos.

Segundo Paulo Rogério, 90% do abastecimento da rede são feitos através de compra direta dos principais fornecedores, ficando os restantes 10% a cargo de outros distribuidores e atacados. “Para alcançar algum sucesso no negócio é preciso um mix de produtos bem elaborado e fornecedores que tenham flexibilidade nas negociações”, orienta o empresário, destacando entre os parceiros indústrias como Nestlé, Harald, Santa Helena, Barry Callebaut e Cromus, entre outras. Além do mix, ele lembra que quando Ramires montou o primeiro atacado doceiro na região, o principal atrativo era o custo mais acessível. “Como na época, ele estava deixando de atender com seus caminhões pelo sistema de pronta-entrega, decidiu reduzir em 10% os valores praticados para que os clientes pudessem comprar na loja recém-inaugurada”, relata o diretor da Tiquinho. Até hoje, ele confirma, a distribuidora mantém a tradição de cobrar preços 10% abaixo da tabela. Considerando números de 2016, o valor do tíquete médio por loja gira em torno de R$ 40,70 na rede, orça Paulo Rogério.

A empresa, acrescenta, procura aproveitar ao máximo os períodos sazonais, atuando com criatividade e buscando inovar principalmente na Páscoa, Natal e Festas Juninas. “A Páscoa já é uma realidade para a empresa, devido a marca própria dos ovos de chocolate, porém o Natal passou a ser muito representativo, tendo como destaque a comercialização de cestas corporativas”, sublinha o diretor, dimensionando em 30 mil unidades o volume alcançado no último ano. •

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