Sem açúcar, mas com muito afeto

Fonte de adoçantes de mesa, alimentos e guloseimas zero açúcar, a Linea planeja investir entre R$ 20 e R$ 25 milhões na instalação de sua segunda fábrica. O objetivo da tacada é duplicar a receita atual, em torno de R$ 150 milhões, nos próximos três anos, anuncia Marcelo Limírio Filho, diretor presidente da companhia sediada em Anápolis (GO). Além da nova planta, o projeto inclui o ingresso em mais categorias de alimentos e a construção de um centro de distribuição (CD). Atualmente, a empresa estoca em armazéns terceirizados e a ideia é passar a acomodar toda a produção em CD próprio, informa Limírio.

Projetada para ocupar uma área de 60 mil metros quadrados no distrito industrial de Anápolis, a nova unidade vai inicialmente aliviar a capacidade da fábrica atual, que produz cerca de 100 SKUs (Stock Keeping Unit) dentro de 23 categorias, incluindo creme de avelã, leite condensado, doce de leite, gelatina, pudim, geleia, mistura para bolo e granola. Limírio assinala que a companhia opera com a meta de no futuro se tornar “uma Nestlé sem açúcar no Brasil”.

Inicialmente, acrescenta o empresário, a expansão em curso da Linea será direcionada para reforçar o cardápio das linhas de produtos isentos de açúcar. O plano inclui mais para a frente o desenvolvimento de itens com redução de sódio e apelo funcional, conforme tendência adotada pelas principais marcas de alimentos.

Uma das apostas da Linea saída da incubadora, por sinal, é uma linha de lanchinho (snacks) para crianças, à base de frutas e legumes desidratados através da liofilização, técnica que preserva mais os sabores, que subiu às prateleiras em setembro. No mês seguinte, foi a vez da estreia de uma linha de bolinhos integrais sem açúcar. Para 2019, a empresa já programa inserir no menu um achocolatado pronto para beber, também sem açúcar.

Comércio eletrônico

Limírio: a meta é ser no futuro uma Nestlé sem
açúcar no Brasil.

Segundo Limírio, diversas ações de comunicação e marketing são cogitadas para apoiar as inovações em curso na companhia. Também em sintonia com os projetos atuais de gestão, a empresa coloca no ar, no próximo ano, um site de comércio eletrônico para venda direta de seus produtos. “Será acionado também na orientação de consumidores sobre alimentação saudável e ingresso em mercados que hoje não alcançamos com o varejo tradicional”, frisa Limírio.

A distribuição dos produtos da marca hoje cobre aproximadamente 45 mil pontos de venda (PDVs) espalhados por todo o país. Mas para o executivo a companhia deve expandir esse espectro, alcançando mais redes de varejo regionais e pequenas lojas. “Pretendemos atingir 100 mil PDVs nos próximos cinco anos”, dimensiona Limírio.

Entre as marcas campeãs do segmento de adoçantes de mesa, a Linea tem cerca de 60% das suas vendas escoradas na categoria. Limírio sublinha, no entanto, que a tendência é essa fatia se reduzir, na medida em que a companhia ampliar a sua oferta de alimentos sem açúcar. Dentro da categoria dos adoçantes de mesa, a marca abocanha 45,5% das vendas da variedade à base de sucralose e 19,4% do segmento à base de estévia, segundo dados da Nielsen. Além dessas duas variedades, a Linea também atua no segmento de adoçantes à base do edulcorante xilitol, porém a demanda desse tipo ainda é baixa e não é auditada no varejo.

Tendência natural
De acordo com a Nielsen, o mercado de adoçantes movimenta cerca de R$ 500 milhões ao ano. E no acumulado de 12 meses até agosto último, registrou queda de 1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse declínio, repassa a consultoria, foi puxado pelo segmento de aspartame. Em contrapartida, avança a tendência de crescimento para as substâncias à base de estévia e sucralose, revelando a preferência cada vez maior dos consumidores por produtos e substâncias mais naturais. A Linea não atua no segmento de aspartame e produz apenas adoçantes à base de sucralose, estévia e xilitol, repassa Limírio. De acordo com o executivo, apesar do cenário macroeconômico estagnado, há uma demanda crescente por alimentos mais saudáveis. “Estamos em um momento favorável para a empresa”, percebe ele.

De fato, a companhia registrou avanço de 27,8% em sua receita no primeiro semestre de 2018. A cifra, aliás, é bem próxima da meta, que é fechar o atual exercício com crescimento de 30%. A Linea reajustou os preços na faixa de 6% no início do ano e tem buscado reduzir custos de produção para compensar a alta das matérias-primas cotadas em dólar. “Como não é possível repassar toda alta cambial para os consumidores, precisamos encontrar alternativas para enfrentar esse momento”, assinala Limírio.

Ele acrescenta que a empresa enfrenta outro desafio, que é o de localizar e posicionar melhor seus produtos nas gôndolas. Como a categoria de dietéticos nasceu no varejo de farmácias, muitos consumidores ainda consideram que o corredor de produtos diet/light é para pessoas doentes, observa o empresário. “Muitas vezes temos que promover ações no corredor de alimentos tradicionais, para mostrar que as opções de alimentos sem açúcar são para todos”, grifa ele. ■

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