Negócios na mira

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Negócios na mira

Braço de investimentos da família fundadora do Magazine Luiza, a Unbox Capital adquiriu uma participação minoritária na Flormel Alimentos Saudáveis, empresa com sede em Franca (SP) especializada na produção de guloseimas especiais e confeitos orgânicos. O valor da operação foi mantido em sigilo. Empresa familiar fundada há 33 anos, a Flormel contabilizou no ano passado receita de R$ 55 milhões. Os produtos da marca são vendidos em 80 mil pontos de venda (PDVs) e o efetivo atual é de 165 funcionários. Era uma das poucas fabricantes de alimentos saudáveis de médio porte na ativa ainda fora da mira das grandes companhias. A Mãe Terra, por exemplo, foi comprada em 2017 pela Unilever. E a Jasmine foi incorporada pela japonesa Nutrition em 2014. A consultoria Euromonitor International estima que as vendas de produtos naturais, orgânicos e funcionais movimentaram R$ 93,9 bilhões no Brasil em 2018, com um crescimento médio anual de 8,8%. Essa performance tem atraído os grandes investidores e sinaliza ao mercado de confeitos e guloseimas as tendências que devem vingar a curto e médio prazos. A maioria dos adeptos da comida saudável e do bem-estar provavelmente já provou kombucha, comeu jaca e experimentou óleo de canabidiol nos últimos anos, itens desconhecidos que vêm se tornando mais populares. Quem é moderno passará em breve a beber leite de ervilha, tomar suplementos de gaba, como é conhecido o ácido gama-aminobutírico; e besuntar o rosto com bakuchiol, substância antienvelhecimento natural. A previsão é da consultoria britânica Black Swan, startup sediada em Londres que reúne dados de redes sociais, fóruns on-line e sites de avaliação de produtos, entre outras fontes, para descobrir o que os consumidores querem.

O software de inteligência artificial da companhia filtra sinais para entender que tendências iniciais estão predestinadas à adoção em massa. Nos últimos seis meses, 16 grandes empresas de produtos de consumo fecharam acordos com a Black Swan, entre elas a PepsiCo, Danone e McDonald’s. A companhia cresce de modo acelerado porque oferece algo que as principais empresas de produtos de consumo, com o desaceleramento da receita nos últimos anos, precisam desesperadamente entender, ou seja, o que os volúveis consumidores comprarão no futuro, além de obter percepções sobre a melhor maneira de promover e vender produtos. A Black Swan é uma dentre uma série de empresas de tecnologia que estão desestabilizando a maneira pela qual se faz pesquisa de mercado dentro do próprio setor que inventou essa disciplina. Apesar de todo seu histórico de inovação de produtos, o setor tenta agora se livrar da impressão de que se tornou lento, burocrático e sem imaginação. Os fabricantes de marcas conhecidas de alimentos, bebidas e produtos de consumo doméstico enfrentam, de modo geral, um crescimento mais lento desde 2012, deixando claro que as grandes empresas não conseguem mais ditar os gostos do consumidor com a mesma facilidade que tinham no passado. •

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