Esse placar vai crescer

Recente pesquisa realizada pelo Organis, nas cinco regiões do país, apontou que um de cada cinco brasileiros consome orgânicos – inclusas guloseimas doces e snacks – e consegue fazer escolhas mais conscientes de produtos mais seguros, com rastreabilidade certificada, garantindo menor impacto ao meio ambiente, quando comparado com a produção de alimentos convencionais. Num mundo, com cada vez mais críticas aos governantes que se negam a reconhecer o impacto ambiental, as recentes críticas da imprensa nacional e internacional, governos de outros países e entidades do terceiro setor geram manchetes sobre Amazônia, agronegócio, liberação de agrotóxicos etc. Mas o setor de orgânicos continua produzindo boas notícias.

Ming Liu*

A verdade vem nos mostrando que quanto mais produtos chamados de agrotóxicos são liberados e utilizados, maior é a procura para o consumo de orgânicos, e esta tendência é confirmada pela pesquisa Organis-Brain. Segundo os dados, 84% dos consumidores pesquisados elegem a condição de procura por saúde e segurança ser a principal razão de busca e compra de produtos orgânicos. Não há como negar que há maior conscientização por parte dos consumidores em relação ao reconhecimento de que o produto orgânico é associado a maior credibilidade do mercado, na medida que a certificação com o selo dá esta garantia. Cerca de 90% dos consumidores identificados, já reconhecem a importância e obrigatoriedade do selo de certificado orgânico do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). No ano de 2017, este número era pouco mais de 78%.

Outro dado interessante é que 48% dos consumidores acham justificados e entendem a diferença de preço em relação ao convencional pelos processos de produção serem diferenciados e com maior seguridade. Por outro lado, preço para 65% da população continua sendo o principal fator de limitação para o crescimento do consumo de orgânicos.
Os números finais mostraram que o Sul (23%) e o Nordeste (20%) foram as regiões com uma maior margem de consumidores ao passo que o Sudeste ficou na faixa intermediária em terceiro lugar (19%), seguido pelo Centro-Oeste (17%) e Norte (14%). A pesquisa capta ainda que hoje 19% dos brasileiros consomem orgânicos.

Tivemos um leve crescimento em relação a 2017, quando efetuamos a primeira pesquisa apontando que, em média, 15% dos entrevistados haviam consumido produtos orgânicos nos últimos 30 dias. A segunda edição da pesquisa não apenas apontou o consumo no último mês, mas também com que frequência e quais produtos os consumidores compraram efetivamente nos últimos seis meses. Esses dados apontam que apesar de baixo o consumo, quando comparado com mercados internacionais, já há uma fidelização ou início de hábitos de compra repetitivos.

Os números estão longe do maior mercado mundial dos orgânicos: os Estados Unidos, onde oito em cada 10 americanos já consumiram ou são habitués de um setor que movimentou mais de US$ 50 bilhões no ano passado, com crescimento de 7% no número de unidades produtivas com o selo orgânico. Um mercado no qual este segmento já representa 5% de todos os produtos perecíveis comercializado no país, com orgânicos em praticamente 75% de todos os segmentos no varejo.

Esses números demonstram o potencial que a indústria do Brasil ainda tem pela frente. Outra prova desse avanço está no estudo também realizado pela Organis, comparando o número de unidades produtivas no país. De 2016 a 2019, houve um crescimento real de 45% nas unidades cadastradas no MAPA. E atualmente há pouco mais de 19 mil unidades ativas em conformidade com a legislação. •

* Ming Liu é diretor do Organis, entidade que reúne empresas, produtores e fornecedores do setor brasileiro de produtos orgânicos

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