Mesmo sob a pandemia da covid-19, a indústria de chocolate e as redes de franquias que operam com a categoria não têm registrado baixas expressivas. Criada em 2015 por Christian Neugebauer, herdeiro da família que há mais de 100 anos atua no segmento, a Chocolateria Brasileira vem surfando em uma demanda aquecida pelo confinamento social provocado pelo novo coronavírus. Com base em uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Neugebauer assinala que o novo coronavírus fez crescer o consumo de chocolates entre brasileiros de 18 a 29 anos. No estudo, 63% das pessoas está comendo o doce duas ou mais vezes por semana, se comparado ao mesmo período antes do isolamento social.
Durante essa fase de distanciamento, ainda em curso, o empresário notou um aumento nas vendas de barras e trufas em lojas físicas, pois clientes que consomem os produtos da cafeteria sempre levam uma guloseima para devorar mais tarde. “Já no nosso e-commerce, implantado durante a pandemia, registramos uma demanda maior pela nossa linha comemorativa e conceitual, visto que atendemos através desse canal datas importantes como Páscoa e Dia das Mães”, comenta Neugebauer.
Os dados reforçam a análise encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) à consultoria Kantar sobre o consumo no primeiro semestre. Segundo esse estudo, a categoria manteve o patamar de 73% de penetração nos lares brasileiros, durante a pandemia, mesmo índice alcançado em igual período de 2019. Levando em conta a demanda de produtos regulares, como tabletes e bombons, o volume médio de chocolate consumido por lar foi de 3,8 quilos, retração de 11,8% na comparação com o primeiro semestre do ano anterior, atribuída à queda geral do consumo fora do lar. Mas a quantidade de vezes em que o consumidor foi ao ponto de venda (PDV) para comprar chocolate no semestre não apresentou alteração, ficando em 4,4 vezes. “Apesar da retração no volume, esperada em função do cenário, o hábito de consumo se mantém, o que é importante para a retomada”, avalia Ubiracy Fonsêca, presidente da Abicab.
No balanço dos cinco anos de atividade da Chocolateria Brasileira, Neugebauer sublinha que, além da experiência na fabricação de chocolate, repassada por gerações da família que introduziu essa indústria no país, contou pontos a dedicação ao negócio. “Sabemos que a história de uma empresa envolve erros e acertos. Mas o saldo desses cinco anos de história é muito positivo”, grifa o executivo. Ele relembra que, quando iniciou a operação, chegou a enfrentar problemas desde a qualidade dos confeitos até a falta de controle financeiro e de estoque. O ticket médio das lojas era modesto, mas hoje a rede se tornou mais consistente e robusta, com 25 unidades espalhadas por São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraná e com perspectivas de entrar ainda este ano no Pará e Rondônia. “Transformamos nossos modelos de negócio em lojas mais atrativas, com maior possibilidade de faturamento, estocagem e aumentamos a oferta de produtos, incluindo cafeteria e itens que primam pela qualidade, tecnologia e receitas exclusivas”, enfatiza o dirigente.
Embora ainda não produza a matéria-prima que utiliza nas linhas de confeitos, a Chocolateria Brasileira está perto de introduzir um sistema integral de produção do chocolate. “Ainda não temos o bean to bar (chocolate do grão à barra), mas estamos finalizando as obras em nossa nova fábrica em Marília (SP) para atender justamente a esse processo da amêndoa à barra final. Hoje, já temos equipamentos de ponta para o processamento e torra da amêndoa até a transformação para o cacau líquido, que já sai puro e pronto para ser utilizado na fabricação dos nossos chocolates”, informa.