Em meio a coordenação global da pandemia de covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) encontrou azo para baixar um novo conjunto de padrões globais (benchmark) para reduzir o consumo de sal em mais de 60 categorias de alimentos (ver à pág. 14). Segundo a entidade o ano de 2021 é decisivo para a política alimentar e nutricional. Além de pressionar as indústrias de alimentos a acelerar o processo de diminuição de sódio nas formulações, a medida põe em foco a busca por saudabilidade, tema desta edição especial, manifestada por larga faixa de consumidores e intensificada pelo isolamento social.
Sintonizada nesse cenário, a Nestlé, a maior empresa de alimentos do mundo, reconheceu que mais de 60% dos alimentos e bebidas tradicionais do seu imenso portfólio não atendem à definição reconhecida de saudável. E mais: admitiu que algumas das categorias e produtos da marca nunca serão saudáveis, por mais renovações que a companhia possa adotar. Partes de uma apresentação que circulou no primeiro escalão da empresa neste ano, publicadas no periódico econômico Financial Times, mostram que apenas 37% dos alimentos e bebidas da Nestlé – exceção à alimentos para animais de estimação e linhas de nutrição médica – alcançam uma nota superior a 3,5 pontos no sistema de classificação de saúde da Austrália. O sistema atribui notas a alimentos de até 5 estrelas e é usado por grupos internacionais como o Access to Nutrition Foundation. Fabricante de campeões de vendas como Leite Moça, Nescafé e o chocolate KitKat, a empresa aponta o limiar de 3,5 estrelas com a definição reconhecida de saúde. Considerando o portfólio geral de alimentos e bebidas, cerca de 70% dos alimentos da Nestlé não alcançaram esse limiar, mostra a apresentação, juntamente com 96% das bebidas (exceto o café puro) e 99% da carteira de doces e de sorvetes. Água e laticínios tiveram melhor pontuação, com 82% das águas e 60% dos laticínios tendo alcançado 3,5 estrelas. Os dados excluem leite em pó para bebês, alimentos para animais de estimação, café e a divisão de ciências da saúde, que produz alimentos voltados a pessoas portadoras de quadros clínicos específicos. Isso significa que os dados respondem por cerca de metade da receita anual da Nestlé, de 92,6 bilhões de francos suíços (US$ 9,37 bilhões). ■