Em meio às seguidas quedas nas projeções do PIB brasileiro, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou no final de agosto um dado animador. Segundo a entidade, a receita dos fabricantes de bens de capital registrou alta de 2,4% de janeiro a julho, revelando níveis melhores que o desempenho do conjunto da economia. Um exemplo dessa performance um pouco mais vigorosa pode ser conferida pela estreia da Penta, braço local do grupo italiano Piovan no segmento de linhas para manuseio, transporte e dosagem de ingredientes. “Iniciamos a operação neste ano e já contabilizamos três projetos grandes, sendo dois deles entregues até a metade do ano e estamos finalizando o terceiro pedido neste momento”, assinala Ricardo Prado Santos, vice-presidente da Piovan para a América do Sul. Número um global no fornecimento de serviços e equipamentos auxiliares para a indústria de plásticos, a corporação atua desde 2014 no atendimento ao setor alimentício, com a Penta e a Aquatech, supridora de soluções para refrigeração industrial, chillers e dry coolers.
Todas as operações contam com fábrica no Brasil e, no caso da Penta, o índice de nacionalização alcança 98%, crava o dirigente. “Produzimos aqui tudo o que é possível para sermos mais competitivos e gerar empregos, mas a tecnologia é fundamentalmente da matriz”, argumenta Prado. Ao ser adquirida pelo grupo Piovan no final de 2014, a Penta incorporou ao know-how de amplo domínio da companhia no reduto de plásticos expertise em projetos, fabricação e instalação de sistemas para armazenamento, manuseio de matérias-primas e ingredientes em pó (nesse caso, com aplicações em açúcar, cacau, café etc.) da indústria de alimentos. Já a Piovan opera no país desde 1982, lembra Prado.
Projeto de estreia
A gama de sistemas e equipamentos da Penta abrange desde unidades de transporte de leite em pó, açúcar, farinha, cacau e café até multiestações para micronutrientes e dosadores gravimétricos de aditivos para a preparação de bebidas, chocolates, achocolatados e cremes pastosos. Sem abrir nomes, por força de cláusulas de confidencialidade, Prado indica que o projeto de estreia da marca no país, sob a batuta da Piovan, contemplou uma linha completa para transporte e dosagem de pós alimentícios , reduto disputado localmente por indústrias de grande porte.
As soluções integradas ao portfólio da Penta cobrem projetos desde o recebimento de matérias-primas e ingredientes – em sacos, big bags ou a granel; o armazenamento em silos; o transporte pneumático (fase densa ou diluída a vácuo ou pressão); a dosagem de macros, médios e micro ingredientes; moagem de açúcar; secagem e resfriamento, enumera Prado. “Os sistemas são isentos de poeira e equipados com filtros ou sistema de limpeza automático, no caso de granel, que atendem as diretrizes ATEX (Appareils destinés à être utilisés en ATmosphères EXplosives) para atmosferas explosivas”, sublinha ele.
Outro ponto alto da tecnologia da Penta é o controle dos sistemas, através de painel de força e automação equipado com controlador lógico programável (CLP) de acordo com normas ISA-95, podendo ser operados a partir de um simples painel view (IHM) até um sistema supervisório de maior porte. Nesse caso, incluindo base de dados para armazenamento das variáveis de processo, rastreabilidade do processo e das matérias-primas, programação da produção, apontamento da produção com paradas, gráficos estatísticos e KPIs por linha, máquina e/ou operador, controlando totalmente o processo.
Instalada no complexo da Piovan em Osasco (SP), a unidade da Penta é apta a projetar, desenvolver e fabricar componentes e equipamentos customizados e sistemas turnkey, desde o design até a instalação e comissionamento de toda a planta, seguindo rigorosos procedimentos produtivos, grifa Prado. “Com vocação de parceiro ideal para o mercado alimentício, a Penta reforça seu expertise com presença mundial, sistemas integrados e totalmente automatizados, alta flexibilidade e customização”, frisa o executivo. Com a recente aquisição global da FEA Process & Technological Plants, ele informa que a empresa está introduzindo no Brasil soluções e linhas de equipamentos para o manuseio e transporte de líquidos pastosos, com aplicação em plantas de chocolate. Apesar da sinalização positiva no setor de bens de capital captado pela Abimaq, Prado Santos se mantém cauteloso quanto à perspectiva de uma retomada mais acentuada nas vendas de máquinas. “Mas a expectativa é boa”, ele torce. •