Avanços na venda direta

Ainda é incipiente, mas a venda direta de confeitos, inclusive pela internet, ganhou neste ano um reforço considerável. Pesos-pesados como Nestlé, Danone, Mondelez e Unilever ampliaram iniciativas dessa modalidade, objetivando estreitar laços com os consumidores e, sobretudo, cobrir demandas não alcançadas com o varejo tradicional. Na Nestlé, por exemplo, as vendas on-line da Páscoa levaram a companhia a desenvolver um novo projeto de comércio eletrônico. A Mondelez também começou a fazer a venda direta de chocolates e ovos de Páscoa no site da Lacta e tem reforçado parcerias com supermercados e marketplaces (shoppings virtuais) para expandir suas operações na web. Globalmente, a Mondelez International fixou em março a meta de atingir US$ 1 bilhão em vendas on-line no mundo até 2020. No Reino Unido, a companhia lançou um site para a venda de kits da marca Cadbury. Na Danone, as vendas diretas já representam 15% da receita em Salvador (BA), onde um programa de venda porta a porta, envolvendo mulheres de baixa renda, as chamadas kiteiras, teve início. A Unilever também lançou em junho um programa para atrair pessoas de baixa renda para a venda direta de sorvetes, com a meta de alcançar 8 mil revendedores até 2018. Dados da Euromonitor International posicionam que a venda direta de alimentos e bebidas teve aumento nominal de 13,9% em 2016 (ganho real de 7,61%), movimentando R$ 5,65 bilhões. Esse valor representou 0,7 % do varejo de alimentos no país. Projeções da consultoria para este ano estimam um avanço real de 3,5%. Já o varejo de alimentos teve aumento nominal de 10,6% (ganho real de 4,31%), para R$ 823,9 bilhões e, até o fim do ano, a Euromonitor prevê crescimento real de 2,3%. O avanço mais baixo é reflexo da crise econômica no país. Apesar dessa ofensiva recente, algumas empresas do setor de confectionery promovem há anos a venda direta ao consumidor, a exemplo da Ferrero com quiosques de Nutella; e da Fini, do Grupo Sánchez Cano, com lojas próprias e franquias. Segundo especialistas, vem se acentuando a tendência das indústrias de ir para o varejo, testar inovações e até obter margens melhores. Mas o grande desafio para essas companhias é evitar conflitos com o varejo tradicional. A empresa que não se posicionar claramente vai comprar uma briga direta com o varejo, como já aconteceu no passado entre supermercados e a Swift, marca da JBS, que abriu rede própria de lojas e foi banida das gôndolas. Nos EUA, onde as fabricantes avançam cada vez mais nesse território via comércio eletrônico, varejistas e indústrias discutem alternativas, como limitar, por exemplo, a venda direta on-line a determinadas linhas de produtos. ■

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