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Ferrero conclui certificação de produtores de cacau e mira cadeia de avelã

Entre as cinco maiores compradoras de cacau do mundo, a italiana Ferrero concluiu no ano passado o rastreamento e a certificação de todos os seus fornecedores do insumo, atingindo dessa forma a meta estabelecida pela própria companhia dez anos atrás. Já no caso da avelã, ingrediente primordial da pasta Nutella e da qual é a maior compradora mundial, a meta de rastrear toda a cadeia até este ano deve ser checada em maio.

Gonçalves, da Ferrero: maior proximidade com produtores africanos.

Em relação ao cacau, o cumprimento da meta ocorre em meio à pressão crescente nos principais países consumidores por matérias-primas desassociadas de desmatamento e problemas trabalhistas. Também pesou o avanço de um projeto de lei na Europa que obriga empresas a realizar análise prévia (due dilligence) de suas cadeias.

Já há pelo menos uma década a Ferrero busca consolidar sua própria cadeia e fornecimento, aproximando-se mais dos produtores, frisa Marco Gonçalves, diretor global do grupo Ferrero. “Não compramos o cacau, mas construímos cadeias de abastecimento e as mantemos. Mudanças são excepcionais”, assinala o executivo. Das 200 mil toneladas (t) de cacau que a empresa compra ao ano, 80% provém de Costa do Marfim e Gana, onde a companhia tem uma rede de fornecimento de 160 grupos de agricultores. Nos dois principais produtores africanos, o prêmio é acrescido ao pagamento do diferencial de renda de subsistência (LID, na sigla em inglês), de US$ 400 por tonelada, instituído pelos dois governos no ano passado. Do valor pago pela companhia chocolateira pelo cacau, 80% vai direto ao bolso dos produtores.

Essa política com os fornecedores também tem sido adotada em outras matérias-primas, como avelã e óleo de palma. No caso da avelã, a Ferrero vem sendo pressionada após identificada em 2019 casos de trabalho infantil em algumas de suas fazendas na Turquia.

Hoje, 60% de seus fornecedores turcos são rastreados, e a empresa havia colocado como objetivo concluir o rastreamento global neste ano. Gonçalves argumenta que a Turquia enfrenta um problema estrutural, já que são mais de 470 mil pequenas propriedades produtoras e a colheita ocorre em apenas seis dias ao ano, exigindo um esforço concentrado.

Para avançar no rastreamento, a Ferrero contratou a empresa de monitoramento por satélite SourceMap, já que a pandemia dificultou o trabalho dos agrônomos em campo. Em maio, após a colheita no Chile, a companhia verificará se alcançou a meta global.

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