Atenta às tendências de saudabilidade e preferências de consumo, a divisão de chocolates da Nestlé/Garoto vem reforçando apostas em segmentos até aqui pouco explorados pelas suas marcas, a exemplo de itens orgânicos ou livres de glúten e/ou lactose. Um exemplo nessa direção pode ser conferido no primeiro chocolate orgânico da empresa, que subiu às gôndolas em fevereiro encorpando a marca Talento, da Garoto. Concebido em sabores considerados típicos do Brasil (açúcar de coco, açaí, maracujá e cupuaçu), o tablete batizado de Talento Terruá exibe selo de produto orgânico e não contém glúten ou lactose. “Um produto elaborado com ingredientes tipicamente brasileiros, mesclados a um chocolate com até 70% de cacau é a prova de que estamos apostando em inovação”, frisa Liberato Milo, vice-presidente de chocolates da Nestlé.
No fim do ano passado, ao anunciar expansão no balanço de 2018 em relação ao exercício anterior, o executivo enfatizou que Nestlé e Garoto juntas crescem acima da média do mercado. E para 2019, a previsão é acelerar as vendas, com perspectiva de a economia crescer mais do que em 2018. A projeção é de incremento em volume de 2,5%, e um aumento real em vendas de 2,6 %, crava Milo. Para o executivo, o avanço registrado se deve a um trabalho intenso de reformulação das linhas de chocolate, com itens mais sofisticados. “Mesmo nos anos de crise, a categoria cresce em receita, porque a demanda está mais sofisticada”, analisa ele. O consumo de barras de 200g de chocolate ao leite, exemplifica, cedeu lugar a tabletes menores e com diferentes sabores e recheios. Nos últimos quatro anos, o dirigente informa que a Nestlé renovou 100% do seu portfólio para se adequar a essa demanda.
As mudanças incluíram desde redução de açúcar e aumento do teor de cacau, até criação de inovações, como o Talento Terruá. Em 2018, foi colocado no varejo o Nestlé Mio, uma linha de chocolates com duplo recheio de leite e calda de frutas (de goiaba, morango e laranja). Também foi lançado o chocolate premium Les Recettes de L’Atelier, feito com pedaços de castanhas e frutas naturais. Na área de produção, a empresa fez investimentos pesados para introduzir novas linhas de recheados. Só em 2017, o aporte nas fábricas foi de R$ 480 milhões, orça Milo.
Em paralelo, a empresa fez um trabalho de parceria com 10 fazendas de cacau para melhorar a qualidade da amêndoa produzida no país. Segundo Milo, entre 80% e 90% do cacau usado nos chocolates Nestlé é brasileiro. Nas marcas Garoto e Talento, 100% do cacau são plantados, colhidos e processados aqui, assegura ele.
