Estudo recente sobre o consumo de chocolate no Brasil, levado a cabo pela consultoria de inteligência de mercado Mintel, complementa a reportagem de capa da presente edição, que traz análises, previsões e comentários sobre a movimentação que antecede a Páscoa. Entre outras constatações interessantes, a consultoria capta que os consumidores brasileiros têm grande interesse por chocolate de lojas especializadas. Redes como Kopenhagen, Ofner, Brasil Cacau, Di Siena e Cacau Show ocupam um mercado de nicho, comparado a fabricantes globais como Arcor, Nestlé, Garoto, Hershey, Ferrero, Mars e Mondelez. Seus canais de distribuição são bem menores e os produtos são normalmente oferecidos em lojas de marca própria em vez de comercializados por grandes distribuidoras e redes do atacado e varejo nacional. Líderes do mercado em termos de lançamentos, a Cacau Show e a Kopenhagen mostram maior competitividade e puxam com suas marcas as inovações dentro da categoria. O grupo CRM, dono da Kopenhagen, por exemplo, modernizou sua linha de tabletes, incluindo chocolates inspirados em sobremesas famosas. Produtos como esses são altamente desejados pelos brasileiros, apura a Mintel, pois 91% dos consumidores de chocolate afirmam que provavelmente comprariam esses chocolates de lojas especializadas. Outra faceta – de certo modo previsível – flagrada no estudo foi que o apoio a causas sociais melhora a imagem das empresas. As marcas poderiam se destacar ainda mais na competição apoiando causas sociais, já que 93% dos consumidores pesquisados afirmam que provavelmente comprariam chocolates de marcas que apoiam causas sociais, como doações a instituições de caridade. Entre estes, 32% afirmam que pagariam mais por esses chocolates. A inovação de sabores ganha importância na medida em que induz a um maior envolvimento do consumidor com a categoria. Segundo o estudo da Mintel, 82% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a experimentar um chocolate com dois sabores diferentes – metade com recheio de caramelo e outra metade com recheio de coco –, e 26% deles estariam dispostos a pagar mais por ele. O exemplo é inspirado na marca britânica Galaxy, que lançou o Duet, com duas fileiras de chocolate, cada uma contendo um recheio diferente, dando ao consumidor a opção de comer os dois sabores separadamente ou misturá-los. Assim, conclui análise da Mintel, a inovação é importante para atrair novos fãs, bem como aumentar o consumo entre os existentes. No entanto, as marcas precisam ter em mente que sabores incomuns podem não ser interessantes para todos, já que, de acordo com a pesquisa, apenas 16% dos compradores de chocolate afirmam que sabores incomuns são atraentes para eles. Entre todas as inovações apresentadas no estudo da Mintel, a que teve o menor índice de interesse pelos consumidores foi o chocolate sem leite de origem animal (chocolate vegano), com 44% afirmando que provavelmente não o comprariam. O dado leva à conclusão que empresas desse segmento poderiam ter um posicionamento de proteção dos animais, já que não usam leite de origem animal, mostrando que também apoiam uma boa causa. •