< Previous20MATÉRIAS-PRIMASEstimativas da TH indicam que a colheita avançou 21,7%, para 198,2 mil t, com altas na produção da Bahia e do Pará, regi-ões que lideram o ranking nacional. A Bahia voltou a ser o maior Estado produtor de cacau, após perder a liderança para o Pará em 2017. Em 2018, foram colhidas nas lavouras baianas 125,2 mil toneladas, cravando um incremento de 26%. A base de compara-ção, no entanto, é baixa e o volume ainda é menor do que a média registrada em anos anteriores. Entre 2012 a 2015, a produção anual média baiana atingiu 155 mil toneladas. O preço médio recebido pelos cacauicultores da Bahia subiu 34,5%, para R$ 144,90 a arroba. Dessa forma, a receita da atividade na Bahia aumentou quase 70% no ano passado em relação a 2017, contabilizando saldo de R$ 1,2 bilhão. Foi a segunda maior receita nominal da história.Com colheita em torno de 73 mil t, o Pará acusou um crescimento de 14,9%. O volume, no entanto, não superou o resultado de 2015, quando o Estado atingiu um recorde. O pre-ço pago ao produtor paraense subiu 35,2%, para R$ 138,06 a arroba. Dessa forma, a receita da atividade no Pará subiu 55,3%, para R$ 671,5 milhões, registrando um recorde nominal.Apesar de o cenário para 2019 ainda ser incerto, a TH Consultoria observa que o clima para a safra temporã, colhida de maio a julho, é favorável.As indústrias processadoras de cacau instaladas no Brasil, por sua vez, aumentaram ligeiramente a moagem da amêndoa no último trimestre de 2018 na comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com os radares da consultoria, foram processadas 60.588 t de cacau de outubro a dezembro, cravando alta de 0,5%. Em relação ao terceiro trimestre de 2018, o cres-cimento foi de 0,7%. Em geral, a moagem do último trimestre é habitualmente maior por conta da demanda de chocolate das festas de fim de ano.Apenas em dezembro, a moagem caiu 4,4% na comparação com o mesmo mês de 2017, para 19.370 t. Em relação a novem-bro, o volume foi 4,1% menor.Ainda segundo a TH Consultoria, o volume de cacau rece-bido pelas indústrias em todos os Estados na semana móvel en-cerrada em 6 de janeiro ficou em 1.404 toneladas, queda de 119% na comparação com o mesmo período da safra passada (2017/18).Do início da safra atual (2018/19) até janeiro, as indústrias receberam 169.335 t de cacau produzidas no país e 24.834 t vin-das do exterior. No acumulado do mesmo período da safra pas-sada, as indústrias haviam recebido 124.459 t de cacau nacional e 657.728 t de cacau importado.Por conta de indicadores como esses, a Associação Na-cional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) reforça a importância de se fortalecerem os mecanismos que ajudem o país a retomar o crescimento da produção e de moagem de ca-cau no Brasil. A entidade representa 97% do parque processador de cacau do país, gerando mais de 4.200 empregos diretos nas cinco fábricas instaladas na Bahia e em São Paulo. As empresas associadas à AIPC (Barry Callebaut, Cargill, Indeca e Olam/Joanes) instalaram-se no Brasil há mais de 40 anos, quando havia abundância de cacau e grandes excedentes de exportação. A ca-deia de cacau e chocolates participa do PIB brasileiro com mais de R$ 20 bilhões.Iniciativa já conhecida no oeste da África, o Cocoa Action foi lançado em outubro no Brasil, em evento promovido pela World Cocoa Foundation (WCF). Trata-se de um programa de coalizão entre agricultores, indústrias, governo federal, Estados produtores e organizações não governamentais, com o objetivo de unir esforços para garantir o desenvolvimento sustentável da produção. Segundo a AIPC, a iniciativa pretende coordenar es-forços para aumentar a produção, garantir renda aos produtores, erradicar o trabalho infantil e promover a igualdade de gênero no campo, além de combater o desmatamento.O Cocoa Action começou na África como uma respos-ta do setor cacaueiro, após denúncias de trabalho escravo e in-fantil nas lavouras, principalmente na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau. Atualmente, o foco principal do movimento em escala global tem sido na redução da pobreza no campo. No oeste da África, uma nova preocupação é o des-matamento relacionado à expansão da cacauicultura.No Brasil, o esforço principal do programa será promover o aumento da produtividade nos cacauais, que têm sofrido nos últimos anos por conta de intensos períodos de seca na Bahia. A iniciativa tem prazo de cinco anos para que os diferentes atores CACAU OTIMISMO COM RECUPERAÇÃO NA SAFRA BRASILEIRA E NOS VOLUMES DE PROCESSAMENTO DE GRÃO.2119º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitosdo segmento criem um fórum institucional, realizem um plane-jamento do segmento e arbitrem questões dentro da cadeia – a exemplo do que já acontece no setor de cana-de-açúcar. Entida-des do setor público e privado envolvidas no Cocoa Action Bra-sil deverão ainda se reunir para traçar um planejamento finan-ceiro e avaliar de onde virão os recursos e como serão investidos.INSUMOS BÁSICOSCom abastecimento confortável na ala de corantes, aromas e fragrâncias, o Brasil também conta com a cobertura de cerca de meia centena de fabricantes, entre os quais as maiores potências globais dessas especialidades. Das grifes presentes no país, so-bressaem, por exemplo, as internacionais Ingredion, IFF, Mane, Tate &Lyle, Firmenich, Givaudan-Roure, Robertet, Symrise, Takasago, Quest, Danisco, Chr. Hansen, Kerry, Saporiti, Doh-ler e Cargill, além das nacionais Duas Rodas, Vittaflavor, YSC, All Flavors e Proaroma, entre outras. Esse quadro comporta ainda distribuidoras e tradings que abas-tecem a indústria de confeitos, tais como a Domondo, Mastersense, Pluriquími-ca, Daxia, Organa, Sweet Mix, Grasse, M.Cassab, Nutra Max, Indukern, Labo-nathus, Tovani Benzaquen e Vogler. No flanco dos insumos especiais e edulcoran-tes sobressaem a Ajinomoto, Gelita Sou-th América, Gelco, Rousselot, Naturex, Nexira e Beneo-Orafti. No filão de insumos para as ca-deias de alimentos e bebidas, a movi-mentação em 2018 foi polarizada pela Duas Rodas. Fonte de aromas e ingre-dientes, a companhia cumpriu mais uma etapa de sua estratégia de expansão na América Latina, inaugurando em no-vembro as novas instalações de sua fábri-ca na Colômbia. O investimento em torno de R$ 400 milhões, iniciado em 2015 e que incluiu a implantação de um centro de tecnologia e inovação (CTI) na unidade da Mix em julho em São Paulo, vai permitir dobrar a capacidade de produção da unidade colombiana. Além de aromas, extratos e desidrata-dos, condimentos e aditivos, a Duas Rodas produz chocolate e ingredientes para sorvetes e confeitaria. Operando há mais de 93 anos o mercado global de alimentos e bebidas, a companhia tem presença em mais de 30 países, que respondem por 14% da receita geral. Com mais de 2 mil metros quadrados de área construída na região metropolitana de Medellín, em um condomínio in-dustrial do município de La Estrella, as instalações da unidade colombiana foram projetadas para unificar e otimizar todos os setores. Com a ampliação dos espaços destinados às seções fa-bris, ao almoxarifado, estocagem e distribuição, a nova unidade também sincroniza as áreas voltadas para as atividades adminis-trativo-financeiras e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento.Em paralelo às obras civis, a empresa investiu na automa-tização de máquinas e equipamentos e na aquisição de linhas de maior produtividade. A fábrica foi dessa forma estruturada dentro do conceito Lean Manufacturing (manufatura enxuta), com a aplicação da ferramenta de mapeamento do fluxo de va-lor (VSM/Value Stream Mapping), que promove a otimização de layouts e processos, com o objetivo de melhorar e dar veloci-dade à logística e à produção, tornando os produtos mais com-petitivos e reduzindo o tempo de entrega. As instalações foram ainda projetadas e executadas dentro de conceitos que atendem às exigências da certificação internacional FSSC 22000, de se-gurança de alimentos.A unidade colombiana da Duas Rodas produz, atualmente, aromas líquidos, aromas em pó, frutas em pó, turvadores, e mis-turas em pó para frigoríficos e de corantes. Com a ampliação do parque fabril e a incorporação de tecnologia atualizada, a empre-sa contará com uma linha completa de emulsões para bebidas e passará a fabricar localmente produtos como emulsificantes em pastas, coberturas, recheios e preparados para iogurtes.Nos últimos três anos, a companhia inclusa no seleto clube de multinacionais brasileiras bancou importantes investi-mentos no exterior, com a inauguração de plantas na Argentina, em 2015, e no Chile, em 2017, além da duplicação da filial no México, no início de 2018. PORTFÓLIO DA MIX DUAS RODAS REFORÇA ATUAÇÃO EM INGREDIENTES PARA CONFEITARIA, COM CENTRO DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.22MÁQUINAS/EMBALAGENSA estagnação econômica nos últimos anos levou a indústria nacional de máquinas a ver com reservas qualquer previsão. Em 2017, com o encaminhamento de reformas para equacionamento do déficit fis-cal e ainda sem o impacto da operação Lava Jato, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) arriscou uma estimativa em torno de 5% de alta na receita líquida do setor para o ano. Apoiada em uma visão menos pessimista do mercado de bens de capital, que estendia o mesmo crescimento para o consumo aparente (vendas internas e importações), esse prognóstico vinha acompanhado da justificativa de que não era um sinal de retomada. Em termos de receita, compara a Abimaq, a indústria de máquinas é hoje 50% do que foi em 2013, e uma expansão dessa ordem não reporia a queda dos últimos anos.No inicio de 2018, a tendência era de estabilidade com oscilações e a previsão de um ensaio de retomada no segundo semestre, caso o governo mantivesse a sinalização sobre as reformas. A tiracolo dessa expectativa, a entidade chegou a encaminhar ao Executivo nacional demandas dos fabricantes de máquinas, entre elas uma repactuação dos débitos das empresas com o Fisco e incentivos para a indústria nacional nas concessões.Os dados da Abimaq acabaram confirmando que, no acumulado do ano até setembro, foi registrada alta geral nas vendas de bens de capital de 7,4% sobre o mesmo período do ano anterior. Segundo a entidade, a importação de máquinas, na qual se insere a maioria das linhas para fabricação de chocolate, biscoitos e candies, registrou US$ 1,13 bilhão, com queda de 3,1% em relação a setembro de 2017 e redução de 12,6% em relação a agosto. Mas no acumulado do ano, houve alta de 15,6%, reporta a entidade. Já a exportação teve receita de Motor de arranqueMESMO LENTA, RETOMADA DA ATIVIDADE ECONÔMICA ESPALHA OTIMISMO NOS SETORES DE BASE2319º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e BiscoitosUS$ 736,60 milhões, com queda de 9,4% em setembro diante do mesmo mês do exercício anterior e retração de 24,7% sobre agosto. O acumulado desde o início de 2018 também registrou alta de 10,9% em relação ao mesmo período de 2017. Na ava-liação da entidade a valorização cambial e o aumento das ex-portações durante o ano contribuíram com a melhora da receita. A projeção é de queda nas vendas no último trimestre do ano, mas esse resultado não deve interferir na expectativa de 7% de aumento nas vendas até o final do ano.Com o início do novo governo, a expectativa é de que haja demanda por máquinas e equipamentos a partir do próximo ciclo de investimentos, mas apenas dentro de um prazo superior a um ano e meio. A Abimaq considera ainda que o aproveitamento desse impulso de demanda pela indústria brasileira ou grupos es-trangeiros vai depender do câmbio e do acesso a financiamento.DEMANDA PREMIUMMesmo com o consumo de chocolates e candies em ge-ral estabilizado, o setor de bens de capital para fabricação de itens dessas categorias respirou mais aliviado, com a demanda pontual porém ascendente em segmentos como o de produtos premium. As descobertas do poder antioxidante de flavonoi-des contidos no cacau, por exemplo, e mudanças nos hábitos decorrentes da onda de saudabilidade, transfiguraram o con-sumo de diversos segmentos dentro do universo dos confeitos (confectionery). Outro exemplo: a disseminação de linhas com diversos percentuais de cacau na formulação da massa impul-siona uma revitalização de projetos e instalações no setor de chocolate e a demanda de linhas para fabricação dessa nova ge-ração de produtos vem se sustentando acima do esperado nos últimos dois anos. Representante de grifes de máquinas globais como Netzsch, Bosch e Haas Mondomix, a consultoria Ko-matec avalia que desde 2017 a demanda e consultas de equipa-mentos mais atualizados têm sido positivas. Além de avançar com projetos mais arrojados, a feira Interpack 2017 (maior ex-posição global de equipamentos para o setor de confectionery, promovida a cada três anos na Alemanha) impulsionou diversas decisões. Já 2018, com adventos como a Copa do Mundo e as eleições, a movimentação foi desacelerada. Mesmo assim, o se-tor realizou alguns projetos, sinalizando que o balanço anual deve ser positivo. Segundo a consultoria Perpack, que opera com marcas como Sollich, Chocotec e Awema, apesar da retração geral no cenário de bens de capital, a busca por instalações voltadas ao mercado de chocolates gourmet ou produtos mais sofisticados, com maior valor agregado dentro da categoria, se mantém cres-cente. O setor brasileiro de confectionery vivencia uma crise des-de 2015, com lenta recuperação a partir dos últimos três anos e, no período imediatamente anterior, os níveis de atividade foram basicamente mantidos estáveis e abaixo da média histórica.A previsão otimista da Abimaq para importações é confir-mada pela Komatec, considerando que 2017 já foi um ano acima da média para a consultoria. Projetos considerados desafiadores para novos produtos e alguns grandes investimentos de automa-ção, impulsionados pela Interpack, resultaram em um ano bem acima dos resultados de 2016. Apesar dessa movimentação en-volvendo o desembarque de tecnologias e máquinas, um dos des-taques foi a atuação de grifes locais no processamento de massas de chocolates e coberturas (compounds), a exemplo da Netzsch Brasil, subsidiária do grupo alemão com fábrica em Pomerode (SC). Nos últimos dois anos, a marca bancou upgrades na série de equipamentos para preparo e refino de massas de chocola-te (com liquor) e compounds (gorduras vegetais), a exemplo da linha compacta MasterConch, com nova geometria e formato. LIÇÃO DE CASAO desafio da indústria local de confectionery continua sen-do driblar os custos altos e oferecer diferenciais técnicos e tec-nológicos, a fim de garantir flexibilidade e inovação de produ-tos, além de alta eficiência, facilidade de limpeza e manutenção. A avaliação é unânime entre representantes locais de máquinas, que consideram o cenário menos nebuloso do que no passado. As empresas estão fazendo a lição de casa e buscando uma reto-mada. Houve alguma expansão nos últimos anos e muitas em-presas, inclusive de pequeno e médio portes, reconheceram que tecnologia é o elemento-chave para assegurar competitividade, no cenário interno e exportações. Hoje em dia pode ser obser-vado nas diversas empresas do setor de confectionery avanços a partir de investimentos, não apenas em máquinas, mas em tec-nologias de produção, métodos de controle e desenvolvimento de produtos, entre outros.NETZSCH BRASIL DESTAQUE DOMÉSTICO COM UPGRADES NA LINHA COMPACTA MASTERCONCH.24MÁQUINAS/EMBALAGENSCom a elevação do poder aquisitivo da população em épocas recentes, itens como chocolate meio amargo, balas de gelatina, toffees, wafers ou biscoitos cobertos não deixaram de ser supérfluos, mas ingressaram na lista de compras rotineira também das classes de baixa renda. Em paralelo, os preços des-ses artigos se tornaram mais atrativos, revelando a disposição das marcas de brigar por todos os perfis de consumidores. A força do mercado interno foi, nesse caso, o propulsor do cresci-mento do setor de confectionery. As exportações continuam sendo um desafio para os fa-bricantes brasileiros, considerando as flutuações do câmbio, mas principalmente devido ao chamado custo Brasil, o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encare-cem os investimentos no país. Segmentos específicos, como o de drageados e candies especiais, têm demonstrado um fôlego maior, com aumentos e projetos de automação, mas em geral, as linhas de chocolates e biscoitos têm sido o foco de investimentos das empresas, que priorizam a ampliação da capacidade. Nesse sentido, ganham destaque os sistemas de drageamento automático; de preparo e refino de coberturas e recheios; sistemas para produção de itens aerados e conjuntos de embalagem automática completos (in-cluindo automação de embalagem secundária) para chocolates e biscoitos. O objetivo é maximizar a eficiência das linhas de produção, reduzindo perdas e a interferência dos operadores, com a consequente queda nos custos de produção, além de prio-rizar aspectos como flexibilidade, fácil troca de formatos, maior vida de prateleira (shelf life) e inviolabilidade. Do ponto de vista dos processos, técnicas de produção sustentáveis, que permitam redução de consumo de energia e água marcam o desenvolvimento dos equipamentos em desta-que. Automação de processos e sistemas de em-balagem são hoje certamente os principais focos de investimento. Projetos que envolvem siste-mas de automação de embalagem final (display e caixas) sinalizam crescimento, principalmente em setores como biscoitos, onde há linhas de produção dedicadas e de altos volumes.Tomando por base o parque atual do setor de confectionery, o número de equipamentos im-portados ainda é alto, mas as barreiras impostas a eles também têm crescido, favorecendo a in-dústria nacional, que tende a mitigar as queixas e se equipar com boas equipes de vendas para não perder negócios e ser mais competitiva. A demanda por máquinas e equipamentos cresce, sobretudo, em virtude da acentuada recuperação de utilização da capacidade instalada de algumas empresas, associada à necessidade de outras de modernizarem seus parques para atender à demanda, principalmente na ala de chocolates e de confeitos formulados à base do produto. Diante do novo perfil do consumidor brasileiro, mais exigente, aumenta REFINADEIRA JAF INOX TECNOLOGIA NACIONAL NA PRODUÇÃO DE CHOCOLATE BEAN-TO-BAR.LINHA ONE-SHOT, DA AWEMA ESTRELA DO PORTFÓLIO DA PERPACK PARA ARTIGOS FINOS E DE MAIOR VALOR AGREGADO.19º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitosa procura por equipamentos compactos, eficientes e de baixo consumo de energia e custo operacional, equipamentos que são a maioria absoluta em países europeus. O Brasil acolheu sobretudo na última década investimen-tos que já eram esperados na ala da produção. No setor alimen-tício, esse capital foi revertido em projetos de fábricas e mo-dernizações de linhas, favorecendo a conclusão de encomendas do setor de máquinas e equipamentos para processamento de confeitos. Elas foram absorvidas em expansões de capacidade e plantas industriais, a exemplo das fábricas inauguradas no perí-odo no Nordeste brasileiro. Fornecedores das empresas do ramo de confectionery observam que essa disposição para aquisição de maquinário e tecnologia deve ser atribuída principalmente ao crédito, à desoneração tributária e à confiança do mercado na permanência da estabilidade econômica. Dependente de financiamento, a compra de bens de ca-pital tem sido realimentada, por exemplo, pela implantação de programas da Finame, agência de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com taxas de juros baixas, prazos para pagamento e carência estendidos, facilitando a adesão de pequenas e médias empresas. É esse ce-nário de facilidades e atração para as indústrias que motivou o desengavetamento de projetos de ampliação e investimentos nos parques. Mas com a estagnação na demanda de guloseimas no país, o quadro atual projeta também um recuo nesse avanço, com a clientela da ala de máquinas com menos pressa de inves-tir em aumentos na produção. FINANCIAMENTO PROGRAMAS DA FINAME REALIMENTAM A COMPRA DE BENS DE CAPITAL.26MÁQUINAS/EMBALAGENSSustentado pela expansão recente da classe média, o avanço no consumo de confectionery permitiu às empresas do setor eliminar a ociosidade verificada há alguns anos e passou a fazer pressões sobre as capacidades instaladas. Algu-mas dessas operações, por sinal, vinham trabalhando no limite e sem ociosida-de, pedindo urgentemente a ampliação e adequação de equipamentos. Essa acentuada expansão no setor provocou a necessidade de aquisição de novas li-nhas e, como resultado, a última década foi particularmente favorável aos fabri-cantes e fornecedores de máquinas para o setor de confectionery. A torcida é para que essa tendência retome o pulso nos próximos exercícios, juntamente com os incentivos do governo. Fabricar chocolate do grão de cacau à moldagem da massa (bean-to--bar) no Brasil dependia, até algum tempo atrás, de tecnologia e maquinário importados. Essa realidade foi mudan-do aos poucos. Primeiramente, surgi-ram os fornecedores de equipamentos para as etapas finais da produção: derretimento, temperagem e moldagem. Mas não demorou para que o passo anterior, de processamento do cacau ao refino e conchagem da massa, fosse também incorporado ao menu da indústria nacional de máqui-nas. Entre as supridoras brasileiras detentoras do know-how que cobre de ponta a ponta a fabricação de chocolate ganha destaque a JAF Inox que opera desde 2007 em Tambaú (SP) uma planta dedicada a produção de instalações para fabricação de chocolate gourmet. Em 2014, ela foi incorporada ao grupo Duyvis Wiener, grife global de máquinas e sistemas para o se-tor de chocolate e confectionery. TERMÔMETRO DO MERCADO Confirmando as perspectivas favoráveis do setor de bens de capital, a ala de embalagens já registrava um cenário de retra-ção mais brando e, com base nos resultados de 2017, incorporou o otimismo em suas previsões. Com volume bruto de produção fechado em R$ 71,50 bilhões, o setor apresentou crescimento de 1,96% na produção física de embalagem no ano de 2017 em relação a 2016, estimando para 2018 um crescimento maior calcado na recuperação dos indicadores de consumo, comércio, serviços e industrial. Os números tradicionalmente apurados pela Abre (Associação Brasileira de Embalagem) há 21 anos, sob a chancela do Instituto Brasileiro de Economia da Funda-ção Getúlio Vargas (Ibre/FGV), refletem o cenário de retoma-da da economia brasileira. Segundo o estudo macroeconômico exclusivo do Ibre, os plásticos representam a maior participação no valor da produção, correspondente a 38,85% do total, segui-do pelo setor de embalagens celulósicas, com 34,09% – soma-dos os setores de papelão ondulado, com 17,36%; cartolina e papelcartão, com 11,57% e papel, com 5,16% –, metálicas, com 18,15%; vidro, com 4,44%; têxteis para embalagens, com 2,53% e madeira, com 1,95% (ver quadro à pág. 28).O estudo da Abre é um balizador para o mercado de em-balagem. Oferece ao setor um termômetro do segmento e indi-ca um norte para ações da indústria. O quadro atual evidencia o aumento do consumo das famílias e da confiança em relação ao país, sendo, portanto, um importante momento para buscar oportunidades. O período de crise vivenciada até o ano passado também deixou um legado positivo, que se traduz em aprendi-zados como mais eficiência operacional, busca por desenvolver novas funcionalidades e a exploração de nichos de maior valor para o consumidor.EMBALAGENS FILME FLEXÍVEL DOMINA APLICAÇÕES EM CHOCOLATES, BISCOITOS E CONFEITOS.28MÁQUINAS/EMBALAGENSEssa disposição de retomada já reflete na geração de em-pregos no setor. Em relação a empregos diretos e formais, a posição em dezembro de 2017 ficou em 218.146 profissionais com carteira assinada, apontando um crescimento de 1,12% em relação a 2016. Das cinco classes de embalagem, quatro re-gistraram crescimento em 2017. O desempenho de cada setor está diretamente atrelado ao desempenho dos mercados a que atende prioritariamente, variando entre produtos de consumo não duráveis, de rápido consumo, até segmentos de produtos duráveis, como eletroeletrônicos ou mesmo da construção ci-vil. O crescimento no número de empregos diretos e formais contribui para o entendimento de uma recuperação da econo-mia brasileira.Selecionado o ponto de venda (PDV), o consumidor leva apenas 20 segundos para decidir a compra de um produ-to, tempo esse necessário para visualizar e tocar a embalagem, sustentam especialistas do setor. A crescente demanda por soluções práticas, fáceis de abrir e fechar e ainda com apelo visual chamativo movimenta a atividade de transformação de plásticos. A diferença agora é que a lista de exigências deve inclui a preocupação com o descarte pós-consumo – ainda uma das pedras no caminho da ala alimentícia. Em meio a es-sas discussões, o reduto de embalagens mostra que a categoria ainda tem muito a contribuir. Com fatia generosa da área alimentícia, o ramo de em-balagens flexíveis aposta no avanço tecnológico para desenvol-ver mais opções e atender às novas demandas, especialmente oriundas da ascensão das classes C e D, que promoveram um salto na economia. Esse incremento no consumo consolidou, por exemplo, o uso de materiais como o polipropileno bio-rientado (BOPP), material-chave em embalagens de choco-lates, biscoitos, confeitos e snacks. Entre o consumidor e os fabricantes de guloseimas, as empresas convertedoras se veem no momento pressionadas a encontrar soluções para quesitos como vida de prateleira (shelf life) adequada e alinhamento com conceitos sustentáveis.Com propriedades de barreira contra gases, oxigênio e umidade, além de rigidez e resistência mecânica, o BOPP con-tinua sendo o rei das gôndolas. Substituto do papel celofane, o filme tem utilização em várias aplicações, sendo convertido em embalagens flexíveis para impressão de arte pré-definida e laminação com outros substratos. A aposta da indústria é a reinvenção do material, com novos conceitos sendo desenvol-vidos a partir de avanços já conquistados como, por exemplo, as variantes de BOPP metalizado (usado em embalagens de snacks) e perolizado (de uso corriqueiro em biscoitos).Outra aposta emergente na ala de flexíveis é o poliéster biorientado (Bopet), que sobressai pela alta resistência térmica e mecânica, além de eficiente barreira, sendo requisitado em embalagens do tipo stand-up pouch e também como base de laminação com algum outro polímero para embalar snacks, por exemplo. No setor de candies o BOPP é usado largamente balas, chicles, em pirulitos do tipo plano (flat) e chocolates, enquanto o Bopet é mais eficiente pela barreira de ar na parte exterior e interior das embalagens. Avanços tecnológicos permitiram que o processo de fe-chamento das embalagens ganhasse em qualidade final, tanto em segurança quanto na facilidade de abertura, a exemplo dos fitilhos que, ao serem puxados, abrem os produto, e das faixas pontilhadas com a mesma função. Em voga na cena atual, apri-moramentos de cunho sustentável têm possibilitado às empre-sas trabalharem com aditivos ou plásticos biodegradáveis, cada vez mais apontados como melhor alternativa para substituir os tradicionais filmes flexíveis derivados do petróleo. Indústria de EmbalagensPARTICIPAÇÃO POR SEGMENTOFonte: IBGE 38,85% PLÁSTICO 34,09% PAPEL, PAPELÃO E CARTÃO 18,15% METAL 4,44% VIDRO 1,95% MADEIRA 2,53% TÊXTEISNext >