< Previous10BRASILde chocolates na década de 2000, contra um aumento de 37% no Sudeste, no mesmo período. O consumo médio no Norte/Nordeste, no entanto, permaneceu abaixo da média nacional com valores aproximados a 60 gramas per capita. A indústria choco-lateira vem implementando projetos para expandir a produção local e atender à crescente demanda regional. Desde 2010, um pouco mais de um quinto dos consumidores afirmam que estão consumindo mais chocolates do que em anos anteriores. Nesse mesmo período, quase um terço dos consumidores no Sul disse-ram que aumentaram a compra do produto. A principal diferença fonte: AbicabCHOCOLATESCANDIES0,50 A 0,95KGNONECOSESU2 A 3KGNONECOSESU0,50 A 2KG0,5 A 1KGNONECOSESU2,5 A 3KGCOSESUCONSUMO PER CAPITAEM KG/HABITANTE/ANOentre as regiões está na quantidade de chocolates comprada em cada ocasião. Persiste ainda uma diferença entre o número de consumidores no Nordeste que come barras individuais tamanho padrão (48%) comparado aos do Sul (64%). Apesar do consumo interno muito abaixo do seu poten-cial, a indústria brasileira se posiciona entre os maiores produ-tores globais de chocolate. Ao ultrapassar a França, em meados da última década e, mais recentemente, o Reino Unido, o Brasil ascendeu ao terceiro lugar, revigorando um cenário marcado no passado pela estabilidade. Por mais de dez anos o país se man-teve na quinta colocação, com produção e consumo de choco-late estagnados. Desde 2010, o setor mantém a atual colocação de destaque no ranking global, deixando para trás as indústrias chocolateiras francesas, italianas, suíças e dos países baixos, ti-dos como ilhas de excelência na produção do alimento. Na atual posição, o país só perde para os EUA e Alemanha, ficando à frente de potências como o Reino Unido, França e Itália. A estabilidade econômica conferida pelo Plano Real nos anos 1990 trouxe maior poder de compra às camadas de baixa renda, conduzindo o mercado brasileiro a uma faixa que supera 100 milhões de consumidores. O país se transformou dessa for-ma em foco dos investimentos internacionais, sendo chocolates, biscoitos, snacks e candies as opções de maior destaque no menu de guloseimas. Pelos dados oficiais a produção brasileira de cho-colates, que rondava a faixa de 200 mil t no início dos anos 90, alcançou volume acima de 300 mil t na virada do milênio e, na atual década, se sustenta em faixa superior a 400-500 mil t. Pelos registros da Abicab, no período de 1992 a 2000, o consumo aparente de chocolate saltou de 169 mil t para 313 mil t, com picos acima de 300 mil t desde 1996, porém caindo para 298 mil t em 2001 e 2003. Desde 2006, a demanda vem se mantendo em patamar acima de 450 mil t, batendo em 500 mil t em 2010 e 585 mil t, em 2011 (ver gráfico à pág. 11). Turbinada pela valorização da moeda, logo após a esta-bilização da economia, a abertura comercial do país deu asas às importações de chocolate. De menos de 500 t, em 1992, elas sal-taram para patamar acima de 20 mil t nos exercícios finais da década. Mas a desvalorização do real em 1999 e a flutuação para cima da moeda fizeram com que o desembarque antes crescente de chocolate fosse contido. Esse movimento voltou a tomar pul-so, a partir de 2010, com a importação na faixa de 25 mil t, na média dos últimos cinco anos.As exportações, por sua vez, mantiveram-se estabilizadas ao longo da década passada na faixa de 30 mil t. Com o estímulo abalado pela valorização do real, os embarques, declinantes desde 2013, haviam caído para 28 mil t em 2016. Segundo dados da Abicab, elas mantiveram o recuo em 2017, mas sinalizam reto-mada desde o segundo semestre de 2018.1119º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e BiscoitosNa categoria de chocolate, um dos filões mais disputados no país é o de bombons do tipo bola (11%) que, somados a outras variedades como as caixas sortidas (35%), abocanha 46% da demanda total da categoria (ver gráfico à pág. 8). Os tabletes (30%) e linhas de impulso como snacks do tipo bite size (15%) e candy bars (6%) vêm em seguida, com mais da metade da pre-ferência dos consumidores, cabendo os restantes 3% a confeitos de formatos diversos e coberturas. Fora do chamado consumo continuado, que ocorre durante todo o ano, a demanda de cho-colate pode aumentar em até 20-30% entre maio e setembro, por conta dos meses mais frios no Brasil. Em março e abril, período de comemoração da Páscoa, ela cresce fortemente em relação às épocas de giro mais baixo. Na faixa de 2,5 quilos por habitante/ano, o consumo per capita atual de chocolates também é considerado baixo e acu-sa uma variação bastante acentuada conforme a região do país. Chega a oscilar de 0,5 a 1 quilo nas áreas mais quentes, como o Norte e Nordeste, a 2,5-3 quilos no Sul e Sudeste, que concen-tram os maiores centros consumidores. REVITALIZAÇÃO DO MERCADOO mercado brasileiro de candies abrange uma gama am-pla de confeitos doces (balas, pirulitos, chicles) que, a exemplo do que ocorre em outras categorias de alimentos, hoje busca se revitalizar, incorporando tendências globais da ala de nutrição e saúde. Mas o convívio ao longo de muitos anos com um qua-dro de superoferta transformou o segmento em um balcão de vendas de commodities. Sem perspectivas de exportar maiores volumes e, mesmo assim, com baixa rentabilidade, a categoria foi buscar novos filões de consumo doméstico e a radiografia atualizada flagra a disseminação farta nas apostas em desenvol-vimentos de maior valor agregado. Mesmo assim, desde 2014, acentuam-se déficits na produção e consumo. Levantamento da Abicab capta que a partir de 2016, a produção de candies voltou a operar no azul, com alta de 1,3% em relação ao ano anterior. Mas em 2017, voltou a recuar, com déficit de 0,5% na produção. A projeção de um PIB na faixa de 4%, em meados da últi-ma década, reacendeu a disposição do setor brasileiro de confectio-nery de retomar as vendas internas. O giro de candies açucarados no balcão doméstico permanecia mergulhado em fogo brando havia anos. Para sacudir essa estabilidade, a indústria foi buscar as gôndolas externas e conseguiu, através de embarques crescentes, neutralizar a quase ociosidade nas linhas de produção. De 1999 a 2004, as exportações vingaram com saltos anuais na faixa de 20%. Esse ritmo, no entanto, foi interrompido com a valorização cres-cente do real frente ao dólar. A disputa doméstica nesse período acabou sendo revitalizada pelo desembarque de marcas globais, que ajudaram a promover aprimoramentos sem precedentes no setor. A maioria das companhias transnacionais de confectionery aterrissou no país, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1990. Elas contribuíram para estabelecer novos padrões de quali-dade e consumo, introduzindo conceitos de marketing e operação logística inéditos no cenário local. A chegada dessas empresas contribuiu também para o desenvolvimento de mercados inexis-tentes no país, a exemplo de confeitos especiais (diet/light, nu-tracêuticos ou funcionais), enquadrados na tendência de saúde e bem-estar (health and wellness), e de marcas com a tarja orgânica e/ou sustentável, ampliando o espaço dedicado a guloseimas do-ces no trade atacadista e varejista.2012-2017CHOCOLATEPRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO (EXCLUINDO ACHOCOLATADO EM PÓ) EM VOLUME (MIL TONS)12BRASILEsse olhar da indústria para o consumo doméstico abriu frentes em regiões onde o consumo per capita era ainda mais inexpressivo. Diversas empresas do setor dos mais variados portes, por exemplo, iniciaram na última década uma corrida ao Nordeste brasileiro, incluindo nomes como Mars, Nestlé, Arcor, PepsiCo e Mondelez, entre as organizações de maior envergadura. Elas atraíram os holofotes e puxaram um cordão engrossado por concorrentes mais intermediários.INVESTIMENTOS NO PARQUEA saída da zona de conforto no setor de candies teve iní-cio na metade da década passada. O cenário ao longo dos anos 2000 mostra que indústrias do segmento conseguiam superar gargalos nas vendas domésticas, com investimentos no parque de máquinas e apostas em linhas mais sofisticadas. Essa mu-dança se materializou em itens de qualidade reconhecida pelo consumidor e custos e preços em ponto de equilíbrio, condu-zindo a uma recomposição das margens do setor. Enquanto os volumes foram paulatinamente diminuindo o ritmo, a receita cativa e só começou a mudar o quadro por conta da acirrada disputa e exposição a marcas internacionais, partindo em busca de outros mercados com portfólio renovado e competitividade afiada por insumos fartos, além de um câmbio, a princípio, fa-vorável. Nesse início, os produtos brasileiros emplacaram como novidade e, por conta de trunfos como disponibilidade de açú-car a preços baixos – ao contrário do que se verifica hoje –, os embarques para o exterior ganharam músculos. De 2001 a 2004, as exportações saltaram de 90 mil t para 153 mil t, pico que a partir de 2005 entrou em declínio, estabilizando na faixa de 120 mil t. Balas, confeitos, gomas de mascar e derivados encorpam no Brasil um filão de oferta e demanda diferenciado que, no en-tanto, não destoa da agitação verificada hoje na área dos choco-lates. Depois de superar um ciclo de qualidade baixa e preços predatórios que varou as décadas de 1970 e 1980, a indústria foi sacudida pela abertura comercial e globalização nos anos 1990. Da exposição a artigos importados e intercâmbio comercial com o exterior, emergiu um setor mais atento à qualidade, antenado nas tendências internacionais e disposto a investir em marketing e promoção para sobressair com inovações e produtos de maior valor. Foi por essa trilha que a indústria nacional de balas e con-feitos cavou boas oportunidades no flanco das exportações.No início, com a imagem de fonte de itens populares, o país conseguia emplacar vendas em balcões de países da África, América do Sul e Central, pela oferta de preços atraentes. Mas já há alguns anos o setor vem trabalhando no sentido de agregar valor às linhas básicas e tem conseguido mudar essa imagem, como indicam os resultados obtidos em participações recen-tes em feiras de negócios internacionais, a exemplo da alemã ISM, maior vitrine global do setor de confeitos, tradicional-mente montada no início do ano na cidade de Colônia. Apesar da queda em volumes, os embarques se mantiveram em valores e, em alguns casos, até renderam superávit, com o reajuste das tabelas aos poucos assimilado pelos compradores. Com diversas empresas no espaço coordenado pela Abicab e pela Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi) em parceria com a Agên-cia Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), os confeitos brasileiros hoje sobressaem no cir-cuito das inovações. CANDIES INDÚSTRIA PROMOVE O SALTO DE COMMODITIES PARA LINHAS DE MAIOR VALOR AGREGADO.EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL O PAÍS PRESENTE EM FEIRAS COM LINHAS HOJE EM DESTAQUE NO CIRCUITO DAS INOVAÇÕES. foi desenhando trajetória inversa. Com os aportes despejados em expansão de capacidade, desenvolvimentos e inovações, de 2010 a 2013 a produção fechou acima de 400 mil t de candies, sinalizando que o setor havia retomado a trilha do crescimento. A oferta contínua de linhas básicas, consideradas commodities pelo trade da categoria, acuou os fabricantes em um beco cuja única saída era a da renovação.Com um consumo per capita também considerado baixo, a indústria havia se acomodado a uma situação de demanda 1319º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e BiscoitosA produção na faixa de 400 mil t nos últimos seis anos mantém o Brasil na terceira colocação mundial do segmento de balas e confeitos de açúcar, atrás dos Estados Unidos e Alema-nha, permanecendo à frente de pesos-pesados do setor, como o Reino Unido, Japão, Espanha e França, repassa a Abicab. Pe-los monitores da entidade, o balanço de chocolates e candies se manteve sem sobressaltos nos últimos dez anos, registrando declínio nos últimos 2-3 anos. Integrante do International Office of Cocoa, Chocolate and Sugar Confectionery (IOCCC) e do conselho da ICA (In-ternational Confectionery Association), a Abicab congrega os sindicatos que atuam regionalmente, representando mais de 90% do mercado de chocolates e cerca de 70% do universo dos fabri-cantes de balas e confeitos. Desde 2001, ela incorpora a categoria amendoim, reunindo produtores e indústrias sob o guarda-chuva do projeto Pró-Amendoim, que instituiu o Selo Abicab de Qua-lidade, criado com o propósito de defender e promover a catego-ria de doces e confeitos à base da oleaginosa e cujos associados têm representatividade acima de 80% do segmento.ESTABILIDADE EM CANDIESCom produção em torno de 350 mil t no início dos anos 1990, o reduto de balas e confeitos de açúcar acusou salto supe-rior a 30% no final daquela década, patamar esse mantido até 2010, quando se fixou na faixa das 400 mil t. Projeções da Abicab indicavam que, em decorrência da manutenção dos investimen-tos em capacidade, desenvolvimentos e inovações, 2016 deveria retomar o avanço, com o setor dando continuidade à trajetória de crescimento sustentado, apesar da queda de 3,6% em 2015 (ver quadro nesta página). A previsão vingou e a indústria cravou alta de 1,3% em 2016 em relação ao exercício anterior. Levantamento da Euromonitor International no varejo da categoria indica que, nos últimos cinco anos, as vendas de con-feitos açucarados saíram de R$ 7,814 bilhões em 2013 para R$ 8,242 bilhões em 2018, projetando avanço para R$ 8,606 bilhões em 2023. Consolidadas separadamente, as vendas de gomas de mascar saltaram de R$ 3,929 bilhões em 2013 para R$ 4,928 bilhões em 2018, projetando alta para R$ 5,147 bilhões em 2023. Em volume, a consultoria apurou que no período dos últimos seis anos, as vendas caíram de 308,8 mil t em 2012 para 257,5 mil t em 2018, projetando redução para 252,9 mil t em 2023. Depois de ultrapassar a barreira das 400.000 t, a produ-ção manteve esse patamar até 2013. No triênio de 2014 a 2016, produziu aquém desse volume. A trajetória de alta coincide com o avanço no consumo bancado pela estabilização da economia. Da mesma forma, o consumo aparente que partiu de 305 mil t em 1992, bateu em 400 mil t cravadas na virada para 2000, com picos acima dessa faixa em 1995, 1996 e 1998, declinando nos anos seguintes. Já as exportações largaram no começo da década de 1990 com 46 mil t, alcançando a marca de 85 mil t em 1993. De-pois de cair nos anos seguintes, despencando para 27 mil t em 1998, os embarques reagiram, mantendo-se acima das 100 mil t desde 2003. Em recuperação em função do câmbio desfavorá-vel, fecharam 2016 com 79 mil t, assinalando alta de 17,4% em comparação com os embarques do período anterior. A persistir essa tendência, a Abicab estima que no balanço de 2018 as ex-portações acelerem o ritmo, pois em 2017 elas mantiveram os volumes e a alta verificada no exercício anterior. As importações, 2012-2017BALAS, & GOMASPRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO EM VOLUME (MIL TONS)14BRASILpor sua vez, que não ultrapassavam 700 t em 1992, saltaram para 20 mil t em 1995, exibindo o pico de 37 mil t no ano seguinte. A partir de 1999, entretanto, foram declinando, com o inibidor ajuste cambial, sendo mantidas em 5 mil t, nos balanços até 2007, avançando a partir daí para a faixa acima de 6-7 mil t. Em 2016, os volumes cravaram 7 mil t, registrando queda de 23% em rela-ção ao ano anterior. No primeiro semestre de 2017, elas registra-ram alta de 16,8% contra o mesmo período do exercício anterior. Distante do seu potencial, o consumo per capita de balas e confeitos de açúcar no Brasil evoluiu de 1,5 quilo por habi-tante/ano, no início da década passada, para 2-2,5 quilos, na média dos últimos anos, cravando 2,01 quilos na atualidade. A exemplo da demanda de chocolate, ele também varia bastante conforme a região do país. Pelas sondagens oficiais no varejo, parte de 0,50-0,95 quilo no Nordeste, alcança 2-3 quilos em alguns pontos do Sudeste e cai para menos de dois quilos em outras regiões. Esses índices, no entanto, são considerados bai-xos e demonstram que as vendas de candies ainda contam com muito espaço para avançar.BALCÃO INTERNACIONALO plano do governo brasileiro de buscar saldos positivos na balança comercial no final da década de 1990 se desdobrou em apoio oficial à ofensiva do setor de confectionery no cenário internacional, costurado através da parceria entre a Abicab e a Apex-Brasil. Com o auxílio do órgão, os embarques ao exterior saltaram 87% em dólares nos primeiros cinco anos da última década, contabiliza a entidade. Havia dez anos, o Brasil expor-tava para cerca de 80 países e, a partir de 2006, a lista saltou para mais de uma centena de destinos.Fonte de preocupação para os exportadores nacionais na atualidade, o câmbio esteve favorável aos embarques a partir da virada do milênio e foi pivô dessas expansões de capacidade e novas plantas industriais concretizadas durante a década. En-tre os projetos de longa maturação e que fogem desse quadro conjuntural, sobressai o complexo industrial da Mondelez, em Curitiba (PR), erguido com parte de um aporte de US$ 700 milhões despejados pela corporação em sua operação local e apresentado como a maior e mais atualizada planta integrada de guloseimas como chocolates, biscoitos, queijos, refrescos e sobremesas em pó do grupo no planeta. Ao lado dos complexos da Nestlé e Garoto, em São Paulo e Espírito Santo, respecti-vamente, no Sudeste brasileiro, ela simboliza o perfil da nova indústria brasileira de chocolates e candies.O desembarque das linhas de candies do Brasil no mer-cado internacional, no entanto, aconteceu ainda na década de 1980, quando a Abicab promoveu a estreia de algumas indús-trias em feiras internacionais, como a ISM. Foi a crescente ade-são do setor à delegação brasileira em eventos no exterior que mobilizou a entidade na busca de apoio governamental. Assim, ela idealizou a união de empresas brasileiras em feiras no exte-rior no espaço de ilhas, identificadas pelo símbolo nacional com a logomarca Sweet Brasil. Esse esforço para construir a imagem de exportador coincidiu com a criação pelo governo brasileiro da agência de promoção de exportações que, em síntese, banca 50% do orçamento nos projetos de participação em feiras inter-nacionais da indústria para elevar as vendas externas. Na ativa desde 1998, o projeto Sweet Brasil é o conjunto de ações do pla-no setorial integrado celebrado entre a Abicab e a Apex-Brasil para a ampliação das exportações do setor. Consiste em ações de promoção (feiras, eventos e rodadas de negócio) e inteligên-cia comerciais (estudos de mercado, relatórios comerciais e de oportunidades), entre outras atividades estratégicas conduzidas junto aos exportadores para o incremento quantitativo e quali-tativo de suas vendas internacionais. COMPLEXO DA MONDELEZ EM CURITIBA SÍMBOLO DO PERFIL ATUAL DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CHOCOLATES E CANDIES.1519º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e BiscoitosEscoradas em escala de produção, alta qualidade e uni-das em torno do projeto Sweet Brasil, as empresas associadas à Abicab construíram ao longo da última década um corredor de exportação, que vem sendo mantido mesmo com o câmbio desfavorável e sacrifício de margens de contribuição. Operações de menor porte foram incluídas nesse processo através da con-tribuição de entidades como o Cereal-Chocotec (Centro de Tecnologia de Chocolates, Balas, Confeitos e Panificação), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas (SP). Em parceria com a Abicab e apoio da Apex-Brasil, a instituição foi acionada na execução de um programa de desenvolvimento de produtos voltados ao mercado externo para indústrias que nunca haviam exportado. Essa atividade contínua criou nos úl-timos anos uma consistente mentalidade empresarial do setor voltada ao comércio exterior, solidificando a imagem do Brasil como player internacional. O atual estágio da indústria brasileira de confectionery é fruto da revitalização implementada a partir da abertura do mercado interno, ainda no início da década de 90. Essa trans-formação ganhou consistência com a estabilidade na economia e controle dos índices de inflação. A concorrência no âmbito doméstico conta na atualidade com a participação das maio-res corporações globais do setor de chocolates e candies. Além dessa cobertura, o abastecimento é reforçado por um escalão crescente de empresas nacionais de pequeno e médio porte. Com foco maior em confeitos de açúcar do que em chocolates, esse cinturão de indústrias intermediárias aloja fabricantes com capacidades ao redor e acima de 30 mil t anuais, aptos a desen-volver produtos atualizados para, sobretudo, disputar o mercado externo.FORNOS ACESOSCom produção na faixa acima de 1 milhão de toneladas nos últimos dez anos, a indústria nacional de biscoitos sobressai na vice-liderança mundial da categoria, atrás apenas dos EUA, repassa a Abimapi. A instituição congrega o terceiro maior mercado global produtor e consumidor de biscoitos e massas alimentícias e o sétimo em pães e bolos industrializados, além de representar 75% do setor que gera mais de 100 mil empre-gos diretos. Só no Brasil, responde por um terço do consumo nacional de farinha de trigo. Ela também aglutina os principais fabricantes nacionais de biscoitos, sendo que os 20 de maior porte respondem por 70% do faturamento geral da categoria, que fechou 2017 com R$ 24,054 bilhões (fábrica) em caixa, resultado 0,4% inferior ao do exercício anterior. Pelas planilhas da entidade, refletindo a performance de todo o setor, a cate-goria acusou redução de 2,8% no volume de vendas – com a colocação de, aproximadamente, 1,818 milhão de toneladas – e retração também do consumo per capita, que caiu de 9,053 para 8,757 quilos/habitante/ano. Os dados repercutem o comportamento do consumidor que, diante da crise econômica enfrentada no país, diminuiu sua frequência de compras, mas não retirou da cesta os produtos bá-sicos para o dia a dia, como biscoitos do tipo água e sal/cream cracker e laminados secos doces, modalidades que foram, inclu-sive, os principais impulsionadores do crescimento da categoria em 2016/2017.Mudanças recentes nos hábitos de consumo promoveram uma reviravolta nas vendas de alimentos, com reflexos diretos em categorias de guloseimas como biscoitos. As transformações nas atitudes dos consumidores também impactaram os canais de dis-tribuição, com a valorização do formato de atacarejo e o aumento na oferta de produtos saudáveis. Por outro lado, o freio na compra por impulso, a multiplicação de marcas próprias e a retração em setores consolidados, como o de food service, inserido no corte do orçamento para entretenimento, patrocinaram o resgate das mar-mitas e a reabilitação da comida de rua pelo contingente formado por quem não encontra colocação formal. CEREAL CHOCOTEC CENTRO TECNOLÓGICO DO ITAL NO FOMENTO ÀS EXPORTAÇÕES DE CANDIES.16BRASILTambém distante do seu potencial, o consumo per capita de biscoitos no Brasil pulou, ao longo da última década, de 3,8 quilos/habitante/ano para os atuais 8,7 quilos. No varejo da categoria, o período histórico dos últimos anos demonstra que o mercado de biscoitos acu-sou crescimento satisfatório, tanto em valores como em volume, mas vem emitindo sinais de retenção no consu-mo e queda no preço médio unitário, face ao avanço de pequenas marcas e forte concorrência em preços. Con-firmando o diagnóstico, o volume consumido em 2017 ficou ao redor de 1,3 milhão de toneladas, movimentan-do vendas no varejo acima de R$ 24,8 bilhões, conforme dados da Euromonitor International. Pelas projeções da consultoria, o varejo de biscoitos deve continuar movi-mentando volumes na faixa acima de 1 milhão de tone-ladas nos próximos anos, atingindo receita de R$ 27,6 bilhões no fechamento de 2023 (ver quadro abaixo) .Com penetração acima de 90% nos lares brasileiros, o setor de biscoitos movimenta há cerca de uma década e meia um plano para sacudir a estabilidade doméstica, re-forçando flancos como o da promoção externa, apesar da flutuação cambial nem sempre favorável aos embarques. Segundo a Abimapi, as exportações em 2017 foram da ordem de 43,7 mil t, volume 11% superior ao do exercício anterior, que representaram receita de US$ 91,5 milhões (FOB). Com resultados como esses, a ala de biscoitos ocupa a 36ª colocação entre os setores exporta-dores brasileiros. Os cinco maiores destinos são EUA, Paraguai, Uruguai, Argentina e Angola, sendo os biscoitos dos tipos wafers e recheados os principais itens da pauta, representando cerca de 40% do total exportado.Ao longo dos últimos anos, a Abimapi promove a partici-pação do setor em feiras internacionais em todos os continentes, através do Projeto Setorial Integrado (PSI), bancado em parceria com a Apex-Brasil. No início de 2013, a entidade lançou a marca Happy Goods para representar o setor no exterior e melhorar a percepção dos compradores em relação aos produtos brasileiros. A intenção é também chamar mais a atenção do mercado com-prador internacional para o importante parque tecnológico, para a qualidade dos produtos e para a força das empresas nacionais. Essas características são valorizadas pelo selo Baked in Brasil, um slogan que acompanha as marcas reforçando a origem dos pro-dutos nacionais.Reformulada em 2016, a marca Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes resulta da posição da indús-tria com vistas à promoção de seus produtos no mercado interna-cional. A iniciativa também passou a denominar a parceria entre a Abimapi e a Apex-Brasil em favor das exportações. Das diver-sas atividades desenvolvidas nos últimos anos, sobressai a parti-cipação em feiras internacionais como Americas Food and Be-verage Show Miami, Confitexpo Guadalajara, Summer Fancy Food New York, Sial Mercosul, Sial Paris, Fihav, Gulf Food, Foodex Japan, Anuga, ISM e FMI Dallas. Com mais de 17 anos de existência, a parceria Abimapi/Apex-Brasil promove cerca de 40 empresas que representam em torno de 70% das exportações nacionais destinadas a mais de 80 países nos cinco continentes.Em 2019, a Abimapi conclui mais uma etapa do convênio com a Apex-Brasil. E uma nova leitura dos mercados prioritários, executada pelos associados e representantes da agência, indica como países-alvo os Estados Unidos, Portugal, China, Colôm-bia, Nigéria, Emirados Árabes e África do Sul. BISCOITOS PAÍS MANTÉM VICE-LIDERANÇA GLOBAL, MESMO COM QUEDA NA PRODUÇÃO. ANO SALGADOS DOCES TOTAL 2013 5.222,3 13.238,5 18.460,82017 7.252,0 17.640,0 24.892,02023* 9.014,8 18.607,1 27.621,9FONTE: © EUROMONITOR INTERNATIONAL LTD 2018. (*) ESTIMATIVA.BISCOITOSVENDAS NO VAREJO(EM MILHÕES R$)18MATÉRIAS-PRIMASEm período recente, enquanto a demanda mundial de commodities agrícolas se manteve em alta, o Brasil foi um dos países preferenciais para receber investimentos. Principalmente, pelas dimensões do potencial para cultivo de lavouras básicas. Tais recursos foram canalizados para o agronegócio alimentar, assegu-rando fartura de matérias-primas e ingredientes. Assim, o suprimento de insumos indispensáveis à industria-lização de chocolates, biscoitos e confeitos (confectionery) foi crucial para conferir competitividade às linhas de manufaturados. Gargalos no fornecimento eram contornados por fontes do exterior, com impactos previsíveis nos custos domésticos. Mas com o PIB em queda por dois anos consecutivos, esse cenário se transformou.Entre as diversas atividades ligadas ao agronegócio, o país também se destaca no circuito mundial de cacau e açúcar, insumos fundamentais para o setor de confectionery. Escorada nessa base e na abundância de derivados e especialidades, como glicose, frutose, ácido cítrico, óleos e estabilizantes, a indústria se dedica ao aprimoramento e manutenção da qualidade dos produtos nacionais. No campo agroindustrial, as culturas que reabastecem a fabricação desses itens avançaram em ritmo acentuado, sobretudo nas últimas décadas. Atraídos por oportunidades indisponíveis em outras partes do globo, corporações internacionais injetaram investimentos diretos no país e esse capital moldou o perfil de diversas atividades.Número um global na produção e exportação de açúcar, o Brasil polarizou as atenções dos grandes gru-pos investidores. Estudos sobre a atividade sucroalcooleira brasileira indicam que o setor passou por profunda reestruturação nos últimos 20-30 anos. Apenas no período inicial desse processo, entre 1997 a 2002, dezenas de usinas de açúcar e álcool, a maioria no Centro-Sul brasileiro – maior região produtora de cana-de-açúcar – , fundiram-se ou foram adquiridas por grupos locais e internacionais. Durante a última década, o setor sofreu al-tos e baixos, com o boom do período, entre 2003 e 2009, seguido de crise e estagnação nos anos de 2010 a 2014. Celeiro globalINVESTIMENTOS NA AGROINDÚSTRIA CONFEREM DISPONIBILIDADE DE INSUMOS E COMPETITIVIDADE AO SETOR DE CONFEITOSLAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR O BRASIL NA LIDERANÇA GLOBAL DE AÇÚCAR.1919º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e BiscoitosConforme levantamento do setor sucroenergé-tico, a atividade açucareira nacional movimenta cerca de R$ 60 bilhões anuais, montante equivalente a 2% do PIB – ou mais de R$ 100 bilhões, considerados todos os segmentos da cadeia da cana. Além de maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil é o principal país do mundo a implantar, em larga escala, o álcool como combustível renovável e alternativo ao petróleo. O parque nacional exibe centenas de insta-lações entre usinas e destilarias, sendo a maior parcela no Centro-Sul. O restante se espalha pelo Norte e Nordeste, sustentando mais de mil municípios.O Brasil lidera a produção mundial de açúcar, desde a safra de 1994/1995, embora tenha sido mo-mentaneamente superado pela Índia, reassumindo a ponta do ranking nas colheitas seguintes. Ao atingir o pico de 19,3 milhões de toneladas (t) de açúcar na safra cana-vieira de 1999/2000, que ficou em torno de 315 milhões de t, não conseguiu ir além de 16,1 milhões de t de açúcar em 2000/2001. A reabilitação total veio com a safra de 2002/2003, que acusou crescimento na faixa de 18% sobre o período anterior (19 milhões de t), totalizando 22,4 milhões de t de açúcar, para uma produ-ção de cana em torno de 320 milhões de t. A curva ascendente, no entanto, foi interrompida na safra de 2005/2006, com produ-ção de 26 milhões de t obtidas a partir da moagem de 385 mi-lhões de t de cana, registrando queda de 2% sobre os volumes de 2004/2005. O avanço da produção, no entanto, retomou o pulso na safra seguinte, com 30 milhões de t de açúcar (15-16% mais do em 2005/2006) produzidas a partir de um total de 427 milhões de t de cana, resultado 9% superior ao anterior, e vem consecutiva-mente assinalando altas. Segundo a JOB Economia e Planejamento, consultoria especializada no setor sucroalcooleiro, a safra de cana-de-açúcar 2018/2019 no Centro-Sul do Brasil apresenta volumes ligeira-mente acima dos previstos. O rendimento industrial foi favoreci-do pelo clima seco dos meses iniciais da safra, mas o rendimento agrícola, em contrapartida, foi prejudicado.Em resumo, o mix alcooleiro da safra na região ficará em torno de 64-65%. A moagem de cana deve atingir algo em torno de 560-570 milhões de t. A produção de açúcar no Centro-Sul deve alcançar um nível entre 26,0-26,5 milhões de t. Produção de açúcar acima do estimado implica em expor-tações no Centro-Sul 4,4% acima da previsão de 16 milhões de t.A produção de etanol deverá ficará em torno 30,0 bilhões de litros. Mesmo com registro de recorde, a produção segue ainda longe de atender a demanda potencial do combustível. No caso do etanol, a produção acima do previsto eleva a disponibilidade para o mercado interno e exportações, inibindo a recuperação de preços.Já a estimativa para o Norte-Nordeste é de uma moagem de cana de 47 milhões de t. Para o açúcar, são aguardadas 2,7 milhões de t e para o etanol, 2,0 bilhões de litros.Em relação ao mercado externo de açúcar, no curto prazo, o excesso de oferta global nesta safra de 2018/19 vem se reduzindo, conforme as previsões iniciais. No início da colheitas, a estimativa de superávit mundial oscilava em torno de 7 milhões de t e, atual-mente, se situa em 1,7 milhão de t. O efeito inibidor da produção devido a preços baixos afetou para menos a safra de açúcar na União Europeia, Índia, Tailândia e, principalmente, no Brasil.A JOB Economia tem admitido em seu relatórios, desde o início da safra, a constatação atual de superávits decrescentes em função de preços baixos e clima imperfeito. Observa-se assim uma oferta menor que a prevista e suporte para alguma recupe-ração de preços.CACAU EM ALTAProdutores brasileiros de cacau tiveram motivos para fes-tejar o exercício de 2018. Depois de dois anos de forte estia-gem, derrubando a colheita na Bahia, maior estado produtor da amêndoa, além do aumento da colheita, os preços pagos pelas indústrias processadoras de cacau aos agricultores também re-gistraram recuperação. Segundo a TH Consultoria, de Salvador (BA), a receita proveniente da produção deve totalizar R$ 1,9 bilhão, cravando um crescimento de 64,1% em relação ao perí-odo anterior. A maior parte desse aumento foi puxada pela alta do preço médio recebido pelos produtores, de 34,9%, elevando a cotação para R$ 142,44 a arroba. Pelas planilhas da consultoria, essa variação refletiu tanto o movimento do câmbio, com a alta do dólar ao longo do ano, quanto a elevação dos preços futuros da amêndoa na Bolsa de Nova York.AÇÚCAR COM A SAFRA CANAVIEIRA ACIMA DA PREVISÃO, A PRODUÇÃO REGISTRA SUPERÁVIT.Next >