< PreviousEntrevista / M.DIAS BRANCODoce Revista Maio/Junho 201810www.docerevista.com.brPENETRAÇÃO DAS MARCASFortalezaRichester - Superiore, Amori, Escureto e Animados ZooEstrela Salsitos e Delicitos Finna GME - Amorela, Adorita e Puro Sabor Norte e Nordeste Centro-OesteNorte e Nordeste Centro-OesteRio de JaneiroMinas GeraisNorte e Nordeste Centro-OesteCE, MA, PI, RNNorte e Nordeste Distrito FederalNorte e NordesteVitarella AL, BA, PB, PE, RN, SE, SP, RJD-tone (chocolate da Vitarella)AL, BA, PB, PE, RN, SE, SUL + SudesteTreloso AL, BA, PB, PE, RN, SEPilar AL, PB, PEAdria Sudeste Adria Plus Life Nacional Adria Grano Duro Nacional Basilar Interior de SP + Litoral Zabet Interior de SP + Litoral Isabela Sul PiraquêRJ, SP, MG, ES, BA e PRda pela Pomo Brasil, contou com mate-riais de PDV estrelados pela atriz Flávia Alessandra e o apresentador Otaviano Costa. Consumidores que compraram R$ 15 em produtos da marca concorreram a 90 braceletes em prata da marca dina-marquesa Pandora. Além disso, ao fim da campanha, foi sorteado um Nissan Kicks zero quilômetro.DR – O país passou por um período de recessão e ainda se recupera. Qual o balanço desse período?Bernardara – Nos últimos anos rea-lizamos pesquisas de branding, reposi-cionamos e renovamos marcas, moder-nizamos embalagens, intensificamos as ações de PDV e realizamos campanhas de mídia. Temos necessidade de nos adaptar às mudanças. Por isso é funda-mental fazer um trabalho frequente de análise de portfólio e ativação junto aos varejistas e os consumidores. Outro ponto é que, independente da crise, o investimento em ações de ativa-ção em ponto de venda foi importante na estratégia de consolidação da marca.DR – Quais previsões são possíveis para este e os próximos anos?Bernardara – A empresa sempre tem novidades em estudo, seja de novos produtos, novos formatos de comercia-lização ou novas embalagens. Estamos constantemente realizando pesquisas de campo com nossos revendedores, consumidores e equipes comerciais para captação de tendências e elaboração de conceito. Todo o investimento é definido de forma integrada entre os departamen-tos de marketing e comercial. A compa-nhia criou uma metodologia de trabalho 360º que consiste no conjunto global de ações que se integram em uma única campanha em todos os meios em que estão ao alcance do público ou segmen-to de mercado, com o objetivo de obter o melhor retorno de investimento em marketing, aumentando as vendas e a força das marcas. •ponto de venda (PDV). A Vitarella, marca líder em Pernambuco, usa essa estratégia para seu chocolate D-tone, transformado em presente especial em várias ocasiões.DR – Que tipo de ações a empresa tem realizado nos super e hipermercados? Bernardara – Este ano já anunciamos a realização de ações promocionais de compre e ganhe para as marcas Adria, Adria Plus Life, Isabela, Vitarella, Riches-ter, Treloso, Finna e Fortaleza. Todas as ações foram cuidadosamente pensadas para reforçar o posicionamento de cada marca. Quisemos juntar em uma única ação uma ideia que reforçasse o posi-cionamento e, ao mesmo tempo, incen-tivasse a degustação de nossos produtos e gerasse performance. Com relação à Adria, por exemplo, lançamos em março a campanha promocional Detalhes que Te Fazem Sorrir. Com campanha assina-Doce Revista Maio/Junho 201812www.docerevista.com.brwww.docerevista.com.br12As principais marcas de candies dos EUA assumiram publicamente no ano passado o compromisso de, até 2022, enquadrar 50% dos itens de maior giro em um figurino nutricional de menos de 200 calorias por porção. Elas se comprometeram ainda a estampar com destaque, nos rótulos frontais, infor-mações sobre o teor calórico dos produ-tos em até 90% dos itens dos portfólios. No Brasil, iniciativas nesse sentido vem sendo adotadas pelas indústrias que aderiram ao Acordo de Cooperação Téc-nica que a Associação Brasileira das In-dústrias da Alimentação (Abia) mantém com o Ministério da Saúde desde 2007, para a construção de um Plano Nacional de Vida Saudável. O acordo contempla ações para a promoção da alimentação saudável, atividade física e educação nutricional, e reforça o compromisso que o setor já tem com a qualidade e com a busca constante por melhoria do perfil nutricional dos alimentos. Estão contempladas nessa parceria esforços para reduções, já em curso, de nutrientes como gorduras trans, sódio e açúcar. Em paralelo, tramita no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) consulta pública para a definição de um modelo de rotulagem frontal que resuma as características nutricionais. “O mer-cado de produtos saudáveis evoluiu por uma necessidade de se reagir a desco-bertas de doenças como intolerância e alergia ao glúten/lactose, diabetes, hiper-tensão e obesidade, entre outras, com o consumidor em busca de alimentos que evitem o agravamento das condições de saúde sem perder o sabor e a qualidade”, teoriza Kédima Almeida, coordenadora de marketing da Nutrhouse, dona da marca Vitao de alimentos saudáveis. Para ela, os adeptos dessa alimentação almejam consumir os mesmos produtos, porém em versões integrais, sem glúten, sem açúcar, zero lactose etc.Essa evolução na oferta e demanda de produtos saudáveis posiciona o Bra-sil na quarta colocação entre os cinco maiores (top five) mercados globais da categoria de saúde e bem-estar (heal-th and wellness), capta a Euromonitor International. Segundo a consultoria, AGORA MENOS É MAISReduções nas fórmulas e avanço na demanda saudável colocam o Brasil entre os quatro maiores mercados globaisEspecial / SAÚDE E BEM-ESTARwww.docerevista.com.br13Maio/Junho 2018 Doce Revista13www.docerevista.com.bresse reduto engloba todos os tipos de alimentos e bebidas enquadrados em orgânicos, fortificados/funcionais, na-turalmente saudáveis, better-for-you (com redução de açúcar/ gordura/sódio) e para intolerância alimentar. Estimadas em US$ 28,023 bilhões em 2017, as vendas de varejo no segmento de saúde e bem-estar no Brasil foram superadas pelos EUA (US$ 167,425 bilhões), Chi-na (US$ 107,632 bilhões) e Japão (US$ 50,689 bilhões), ficando à frente da Ale-manha (US$ 27,955 bilhões).Dados da Euromonitor mostram que o mercado saudável no país totalizou no último ano vendas de R$ 92.516,1 mi-lhões, montante 3,28% maior que o do período anterior. O salto nos últimos cin-co anos foi de 57,7% e projeta avanço para R$ 106.896,5 milhões em 2022. FILÃO NATUREBA Virgínia de Ávila Dias, engenheira de alimentose CEO da Chocolife, grife local de chocolates saudáveis, observa que, há 12 anos, quando ingressou no mercado a demanda era conduzida por um apelo mais natural do que de sau-dabilidade e o número de interessados em ser um “natureba” era bem reduzi-do. “Nesse período acompanhamos não só o crescimento da procura de opções saudáveis, mas a troca do conceito pois, antes, era importante ser natural/light e, hoje, o saudável ainda deve ser natural, mas acima de tudo nutrir, isto é, trazer na sua fórmula ingredientes que façam a diferença na saúde e na nutrição”, anali-sa a especialista. Para Paulo Gonçalves, diretor presi-dente da Espírito Cacau, grife chocola-teira oriunda de fazendas de cacau do Espírito Santo, o avanço da demanda saudável acompanha a evolução dos há-bitos de consumo e o escancaramento do acesso à informação, com a Internet e as redes sociais, moldando um público cada vez mais exigente. “Cresce o nú-mero de pessoas que se interessam pelo verso do rótulo, que não olham apenas as informações da capa”, nota o execu-tivo, concluindo que, como benefícios e malefícios mudam constantemente, o mais importante é ser natural.Fechando o foco no segmento de confeitos, a Doce Amor, uma das desbra-vadoras do filão diet/light, lembra que a definição de alimento saudável, antes de saúde e bem-estar virar moda, era as-sociada a alimentos sem sabor ou sem graça. “As linhas atuais se alinham mais ao conceito de comfort food, que propi-cia alimentação saudável e ao mesmo tempo prazerosa”, argumenta Elaine Camargo, diretora da indústria doceira diet. Nos últimos anos, acrescenta ela, as linhas de itens antes restritos a dietas vêm chamando a atenção pela entrega de benefícios à saúde. Dentro desse menu, ela considera as guloseimas diet as mais avançadas tecnologicamente, uma vez que os adoçantes e edulcoran-tes usados hoje eliminaram problemas sensoriais de retrogosto e palatabilida-de. “A Doce Amor sobressai no mercado diet, pois procura se adequar às inova-ções na área, aliando funcionalidade ao sabor”, grifa a empresária. Outro conceito associado a alimento saudável é o de preço salgado, em gran-de parte pela incorporação de insumos pouco acessíveis ou importados e de baixa demanda, inviabilizando ganhos de escala. “Mas mesmo em meio à crise econômica, os brasileiros têm aderido a produtos com restrição de ingredien-tes como o açúcar, a lactose e o glúten, alimentos naturais, orgânicos, veganos, em sua maioria em pequenas porções prontas para consumo, fazendo crescer as lojas especializadas e impulsionando esse setor”, percebe Daniel Negreiros, gerente comercial da Hué Alimentos, fabricante de geleias, doces em com-potas, cremes de frutas e itens diet. Para ele, tudo começou com o impacto da disseminação de informações, com estudos globais mostrando a crescente incidência da obesidade, diabetes e hi-pertensão. Com isso, os consumidores passaram a prezar hábitos de vida mais saudáveis e, ao acessar as redes sociais, incrementaram o volume de informa-ções, espelhando-se em exemplos de saudabilidade.O desembarque de produtos impor-tados diet/light e especiais que, nos pri-mórdios da abertura da economia, subi-ram às prateleiras domésticas e foram precursoras da produção saudável hoje VIRGÍNIA, DA CHOCOLIFE NO INÍCIO ERAM “NATUREBAS” E ERAM POUCOS.KÉDIMA, DA NUTRHOUSE MERCADO EVOLUIU POR REAÇÃO A DESCOBERTAS DE DOENÇAS.Doce Revista Maio/Junho 201814www.docerevista.com.brwww.docerevista.com.br14implantada no país, também ajudaram o atual cenário de crescimento. “Ainda contribuem para expandir a indústria no Brasil, pois o interesse do público por ali-mentos que não são fabricados no país impulsiona a inovação das marcas, que exploram novos conceitos para categoria dos alimentos saudáveis”, interpreta Edu-ardo Moraes, CEO da Latinex, importadora de guloseimas e snacks saudáveis, que ingressou neste ano na industrialização de alimentos com esse perfil. “A deman-da saudável tem evoluído com velocida-de e, a cada dia, surgem mais opções e subcategorias, com diferentes faixas de preço, para atender consumidores mais conscientes”, nota o dirigente. A busca por pequenas recompensas que driblem a rotina agitada continua sendo observa-da pelo público em geral, mesmo com as mudanças nos hábitos e comportamento dos consumidores, que buscam saudabi-lidade, observa. “Para atender a essa de-manda, acabamos de anunciar uma linha de chocolates funcionais e uma linha de doces, ainda em desenvolvimento, com previsão de lançamento no próximo ano”, antecipa Moraes. INFLUÊNCIA EXTERIORPara Elaine Ca-margo, da Doce Amor, produtos importados foram influenciadores do mercado no pas-sado, porém agora a concorrência local é muito mais relevante para as empresas, principalmente na ala saudável. Segundo a diretora, a Doce Amor buscou influências principalmente fran-cesas, pois a França é tida como berço da confeitaria no mun-do todo. O público foi se adequando aos poucos com um menu mais brasi-leiro, como é o caso da torta Marta Rocha Zero Açúcar, sucesso de venda da Doce Amor em todo o país. “Nossos merengues diet são derivados dos tradicionais ‘meringues’ france-ses, porém demos o nosso toque a eles, principalmente nas versões de maracujá e abacaxi, sabores bem tropicais”, subli-nha Elaine. A linha de produtos diet da empresa comporta tortas, sobremesas, merenguinhos e, mais recentemente, incorporou uma linha de biscoitos. “O maior volume de vendas está nas tortas, mas isso não significa que os outros pro-dutos tenham baixa aceitação”, assinala. No reduto de chocolates, categoria em que a Chocolife sobressai com itens de baixo teor de açúcar e maior presença de cacau, Virgínia Dias percebe que, além da sacarose ser vista como vilã, a per-missão do uso de gorduras substitutas e equivalentes a manteiga de cacau acabou subtraindo parte da quantidade de “gor-dura boa” que o chocolate convencional trazia. “E o produto ficou cada vez mais afastado de quem quer manter uma die-ta saudável”, grifa. Mas a tecnologia de ingredientes saudáveis permitiu desen-volver chocolates com sabor, levando o público a experimentar o produto. Essa evolução foi em parte decor-rente dos avanços no mercado exter-GONÇALVES, DA ESPÍRITO CACAU SONHO DE QUATRO GERAÇÕES DE CACAUEIROS.ELAINE, DA DOCE AMOR ANTES, DIET ERA ASSOCIADO A SEM GRAÇA E SEM SABOR.Especial / SAÚDE E BEM-ESTARwww.docerevista.com.br15Maio/Junho 2018 Doce Revista15www.docerevista.com.brno, nota a executiva. Matérias-primas antes não aprovadas no Brasil foram desembarcando nos últimos anos e ainda existem inovações para chegar. “Por exemplo, há cerca de cinco anos, as proteínas vegetais de alto valor bio-lógico chegaram no Brasil timidamente e hoje estão ganhando escala ao lado da tradicional whey protein”, assina-laVirgínia, complementando que, cada vez mais, matrizes diversas de alimen-tos estão sendo utilizadas para agregar proteínas como um nutriente de peso na tabela nutricional. Ela pinça ainda os grãos ancestrais, que ganharamespaço por incorporar muitos nutrientes. Virgínia rememora que o primeiro produto da marca foi o Chocolife 50% cacau, um dos pioneiros na proposta de chocolates com alto teor de cacau, fibras, zero açúcar e lácteos, além de ser sem glúten e gordura trans. “Nosso foco era a retirada de todos os alergêni-cos, trazer gordura boa pura da mantei-ga de cacau, os antioxidantes do cacau e ainda proporcionar um percentual de fibras que é um ‘claim’ obrigatório em nossos produtos”, enfatiza a diretora. Hoje a Chocolife exibe 17 sabores de chocolates diferentes em tablete, sendo divididos em linhas com percentuais de cacau variados entre 50%, 70%, uma linha de 53% (de grande benefício com combinação de quatro fibras), 71% com superfrutas e a linha protein. “Lançamos variações em drageados, temos cho-colate em pó também variando desde 100% cacau, achocolatado 45% cacau e estamos inserindo agora um chocola-te cremoso em pó com 71% de cacau”, anuncia ela. FRENTE DA PRATICIDADENa Nutrhouse, entre os fatores que têm influenciado mais consumidoresa optarem por alimentos saudáveis, Kédi-ma Almeida inclui a praticidade. “Diante dos resultados de pesquisas, entende-mos que as pessoas possuem cada vez menos tempo e buscam assim se ali-mentar com produtos de fácil preparo ou prontos para consumo”, resume ela. Por este motivo, ela considera que os pro-dutos saudáveis conquistaram espaço ajudando o consumidor a se alimentar melhor sem sair de sua rotina, ofertan-do os mesmos itens (doces, chocolates, snacks, cookies, entre outros), porém em versões com benefícios à saúde.Jucilene Sequinel, gerente de desen-volvimento de produtos da Nutrhouse, reconhece que as importações conferi-ram maior conhecimento ao público. O acesso a essas novidades, no entanto, nem sempre foi facilitado. “A marca Vitao promoveu essa conexão, introdu-zindo, por exemplo, itens como os grãos ancentrais (quinoa, amaranto, chia) e o psylium, ingredientes hoje distribuídos em todo o Brasil”, frisa a executiva. Ela complementa que todo o portfólio da marca agora é voltado para o filão de itens naturais, saudáveis, menos pro-cessados, enquadrados na subcategoria de produtos free-from ou "livres de".“Os desenvolvimentos são feitos com base em tendências e pesquisas e, sempre que surge uma ideia, buscamos a dis-ponibilidade da matéria-prima para via-bilizar o lançamento”, informa Jucilene. A Vitao tem como carros-chefe linhas de leite condensado, chocolate zero açú-car, cookies e granolas. Também oferece uma linha sem glúten, com itens como mix para pães, bolos e farinhas (todos sem glúten e zero lactose). SONHO DO CACAUDaniel Negreiros, da Hué Alimen-tos, nota entre as tendências dentro do universo de produtos saudáveis, o avanço na demanda de itens com whey protein. “É a bola da vez no mer-cado de saudabilidade, a lado da die-ta vegana, e de produtos sem glúten e sem lactose”, percebe o gerente. Ele lembra que há cerca de 20 anos o NEGREIROS E HELENA, DA HUÉ ALIMENTOS WHEY PROTEIN E VEGAN SÃO AS BOLAS DA VEZ.Doce Revista Maio/Junho 201816www.docerevista.com.brwww.docerevista.com.br16primeiro item do portfólio da Hué foi a linha de geleias diet, desenvolvida com base em estudos de similares e que abriu as portas para outras linhas de doces à base de frutas e leite, e mais recentemente da linha de panificação da marca.“Encontramos dificuldades devido à desinformação por parte dos consumidores, dos comerciantes e da falta de lojas e mídias especializadas”, lembra Helena Nascimento, coordena-dora de qualidade da empresa. Inves-timentos no quadro de profissionais, em logística e mídias especializadas fizeram com que a marca se tornasse conhecida nacionalmente no filão de saudáveis. Atenta a tendências inseridas no guarda-chuva de saudabilidade e bem--estar e nas correntes de conveniência/praticidade e confiabilidade/qualidade, a empresa incorporou todos esses con-ceitos em seus produtos e processos produtivos, dos ingredientes às emba-lagens, frisa a executiva. Ela destaca que produtos inovadores da marca são os campeões de venda, entre os quais a linha de leite, o leite condensado diet e o caramelo de leite diet. Na recém-lan-çada linha de panificação, sobressaem as versões sem glúten e veganas. Caçula entre as fabricantes de chocolate nacionais, a Espírito Ca-cau nasceu do ingrediente principal do chocolate, o cacau, reporta Paulo Gonçalves. “Somos de uma família de quatro gerações de produtores e ofe-recer um produto de qualidade, onde o cacau fosse a estrela, inclusive com indicação geográfica, era o nosso so-nho”, sintetiza o dirigente, lembrando que, por vários anos, os chocolates brasileiros foram meros doces, com uma pequena adição de derivados da amêndoa. A Espírito Cacau, insere ele, intro-duziu um conceito novo, até mesmo internacionalmente, de produção de chocolates com alto teor de cacau, apresentando em seu rótulo a porcenta-gem de massa (liquor) de cacau, que é onde se encontra os maiores benefícios desse (super)alimento, com percentual muito maior de antioxidantes, fibras e proteínas que qualquer outro chocolate produzido a partir do pó de cacau, um subproduto derivado da massa (liquor). “Com todo o trabalho que temos des-de a fazenda, conseguimos produzir um chocolate que, além de saudável, é gostoso, pois para o grande público o sabor é a principal qualidade”, grifa o industrial.A linha de tabletes 70% cacau é atu-almente o carro-chefe da marca. Gon-çalves informa que, desde o nascimen-to da Espírito Cacau, o chocolate com esse teor é o mais procurado por ser assimilado como saudável e pelo sabor diferenciado, não encontrado em outras versões com 70% de cacau disponíveis. “Mas pela evolução do paladar do pú-blico que busca saudabilidade, vemos um interesse crescente pelo chocolate com 85% de cacau”, comenta. A cada ano, prossegue o empresário, observa--se um avanço nas iniciativas em torno da saudabilidade e o público se mostra cada vez mais exigente com a qualida-de da informação em torno do tema. “Pelo fato de a nossa marca satisfazer essa expectativa, a Espírito Cacau cres-ce anualmente e se torna a cada dia mais conhecida e valorizada pelo seu conceito, honestidade na rotulagem e sabor”, sublinha Gonçalves. Sem abrir valores, ele informa que a empresa fez grandes investimentos no último ano, que resultaram na inauguração da fá-brica própria na cidade de Serra (ES), em operação desde fevereiro. “Para o próximo ano, pretendemos investir em equipamentos que possibilitem maior automatização da linha de produção, já com vistas à campanha de Páscoa”, anuncia Gonçalves. •JUCILENE, DA NUTRHOUSE DESENVOLVIMENTOS COM BASE EM TENDÊNCIAS E PESQUISAS.MORAES, DA LATINEX CONSUMIDORES CADA VEZ MAIS CONSCIENTES.CADERNO FORNECEDORESDoce Revista Maio/Junho 201818www.docerevista.com.brwww.docerevista.com.br18A busca por estilo de vida saudá-vel e a divulgação maciça de informações sobre alimentação adequada, bem como sua relação com a diminuição de risco para uma série de doenças, estimula cada vez mais o desenvolvimento de tecnologias para a produção de alimentos, resultando numa gama ampla de produtos com perfis diferenciados. “Com consumi-dores mais atentos e preocupados com os aspectos nutricionais de sua alimen-tação, abre-se um leque de oportuni-dades para desenvolvimentos, entre eles os chamados de funcionais, com-posto por itens para dietas de controle de peso ou mesmo para situações espe-cíficas como diabetes, alergias alimen-tares e intolerâncias a determinados nutrientes”, observa Kathia Schmider, especialista em Nutrição em Saúde Pública e coordenadora técnica da As-sociação Brasileira das Indústrias de Alimentos para Fins Especiais e Con-gêneres (Abiad). A entidade inclui entre seus asso-ciados empresas que produzem, por exemplo, os edulcorantes, aliados es-senciais para as dietas de pessoas por-tadoras de diabetes e para dieta de con-trole de peso. O problema do controle do excesso de peso e da obesidade, que atinge grande parte da população mundial, é um dos pilares de maior preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda para adultos e crianças redução no con-sumo dos açúcares livres para menos de 10% da ingestão diária de energia. Essa recomendação para vários países, entre eles o Brasil, é um desafio, já que o consumo de alimentos mais doces faz parte do hábito da população.Diante dessa situação várias ações podem ser adotadas, como a educa-ção alimentar que deve incentivar o menor consumo desses alimentos, ensejando na prática uma mudança gradativa. Nesse sentido, o papel dos edulcorantes é fundamental no desen-volvimento de novos produtos, alerta Kathia. Tratam-se de substâncias que não são consideradas como nutrientes e que podem ser adicionadas aos ali-mentos para cumprir um papel tecno-lógico, sublinha ela. Sua utilização nos alimentos é rigidamente controlada, seguindo parâmetros internacionais que são internalizados e harmoniza-dos pela legislação brasileira. “Seu uso é regulamentado de maneira bastante rígida e sua demonstração de seguran-ça é corroborada através de estudos toxicológicos e de avaliações de expo-sição”, assinala. Constituem ferramen-tas importantes frente a necessidade de menor ingestão de energia e açúcar, fazendo parte de dietas de redução de peso e essenciais na dieta de diabéti-cos. Os edulcorantes, conhecidos tam-bém por adoçantes de baixas calorias, proporcionam um sabor doce muito maior quando comparado ao açúcar, aliado a um consumo energético me-nor. Os mais comumente utilizados são a sacarina, ciclamato, aspartame, sucralose, acessulfame de potássio e glicosídeo de steviol. INSUMOSBom é o que faz bemInformação e preocupação com saúde abrem o leque de oportunidades para desenvolvimentos funcionaiswww.docerevista.com.br19Maio/Junho 2018 Doce Revista19www.docerevista.com.brFRENTES SAUDÁVEISNa Ingredion, su-pridora de insumos e edulcorantes largamente utilizados em alimentos, os analistas de plantão notam que as indústrias de ingredientes vêm pi-sando no acelerador de desenvolvmentos alter-nativos para aplicações, pesquisas e tecnologias sob a inspiração desse panorama de saúde e bem-estar. “Uma frente que está cada vez mais forte para o consumidor final é a de redução de açúcar, gorduras, sódio e calorias e, como alternativa, as indústrias têm explorado produ-tos conhecidos como funcionais diet/light, low sodium e edulcorantes não calóricos, principalmente os naturais extraídos de estévia”, capta Marcelo Pendon, coordenador de desenvolvi-mento de negócios da companhia. Ou-tra frente, prossegue ele, é a dos pro-dutos fortificados, por exemplo com fibras e proteínas, que têm ocupado uma posição de destaque no âmbito da alimentação saudável.“A incorporação de fibras em alimentos tem como objetivo aumen-tar a oferta de itens com esse nutriente, visto que uma dieta balanceada e rica em fibras nem sem-pre é facilmente adotada pelo consumidor”, ob-serva. Por conta disso, as indústrias investem em pesquisas e tecno-logia para a obtenção de mais variedades de fibras alimentares, pois além da melhora do funcionamen-to do intestino, outras características também podem ser observadas com o uso de fibras na composição dos ali-mentos. De olho nas ten-dências de alimentação mais saudável, a Ingre-dion aposta em soluções para o desenvolvimento de produtos mais na-turais, reduzidos em açúcares, gorduras e calorias, ou agregando benefícios nutricionais, como fibras e proteínas. Para redução de açúcar, por exemplo, a empre-sa tem formulado uma grande variedade de produtos com a linha Enliten. “As pos-sibilidades de aplicação são inúmeras: bebidas, lácteos, confeitos, pani-ficação, cereais, adoçan-tes de mesa, podendo ser utilizado ainda em com-binação, dependendo do objetivo da formulação ou apelo natural, sem adição ou redução de açúcar ou de calorias”, repassa Lia Mara Ribei-ro, especialista técnica da Ingredion. Essas de-finições, ela conclui, são fundamentais para esta-belecer se uma formu-lação à base de estévia será utilizada sozinha ou em combinação com ou-tros ingredientes, como por exemplo, agentes de corpo, para compensar a perda de volume quan-do se retira a sacarose ou em combinação com o próprio açúcar para redução de açúcares e calorias. CUIDADOS COM A BELEZA Especialista no fornecimento de ge-latina e peptídeos bioativos de coláge-no para indústrias de alimentos inseri-dos na tendência de saúde e bem-estar, a Gelita incorpora um amplo mix de in-gredientes para confeitos voltados ao consumidor preocupado com saudabi-lidade. Entre os peptídeos bioativos de colágeno, que são uma composição de diferentes tipos de peptídeos, otimiza-dos para benefícios fisiológicos especí-ficos, a empresa destaca as linhas Ten-doforte e Fortibone, recém-saídas das incubadoras. “Podendo ser utilizado como ingrediente funcional de diver-sos alimentos, a primeira é comprova-damente eficaz para a manutenção da saúde de tendões e ligamentos, ajudan-do a tornar os tecidos conectivos mais firmes”, descreve Sandra Luc-chetti, gerente de ma-rketing da Gelita, acres-centando que, no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas sofrem com pro-blemas nas articulações, de acordo com o Ministé-rio da Saúde (MS). A linha Fortibone, por sua vez, também pode ser aplica-da como ingredientes em linhas saudáveis, esti-mulando as células ósseas a aumentar a síntese de componentes ósseos, tal como o colágeno. “Esse processo aju-da a evitar problemas relacionados à atrofia e à perda de densidade óssea”, completa Sandra, destacando que so-mente nos EUA, 44 milhões de pessoas sofrem com osteoporose e osteopenia. “No Brasil, esses problemas atingem 10 milhões de pessoas”, frisa ela. Já tradicional no portfólio da Ge-lita, o peptídeo bioativo de colágeno Verisol também pode ser incorporado como ingrediente em doces e gulosei-mas saudáveis. Voltado à manutenção da beleza da pele e ao combate à ce-lulite, o insumo contribui comprova-damente com a redução das rugas e o aumento da maciez e elasticidade da pele, e já é empregado em diferentes PENDON, DA INGREDION REDUÇÃO DE AÇÚCAR, GORDURAS, SÓDIO E CALORIAS EM ALTA.SANDRA, DA GELITA PREOCUPAÇÃO COM OS OSSOS E SAÚDE DA PELE.LIA MARA, DA INGREDION INÚMERAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO PARA ENLITEN.Next >