Será que os consumidores avaliam como as decisões de compra influenciam diretamente o meio ambiente e a qualidade de vida das gerações futuras? E quantos se preocupam com a origem e a forma de produção dos produtos que consomem? Questionamentos dessa natureza levaram o instituto de pesquisa virtual Opinion Box a realizar uma sondagem inédita com o tema Consumo Consciente. O estudo contou com parceria da empresa de comunicação de marketing Dia Comunicação e do portal Mundo do Marketing. Felipe Schepers, diretor de operações (COO/Chief Operating Officer) da Opinion Box, plataforma de pesquisa digital pioneira no Brasil, informa que, para o levantamento, 1.138 pessoas de ambos os sexos, de todas as classes sociais e regiões do país, foram entrevistadas via internet. E com base nos resultados, o Opinion Box desenvolveu o ICC – Índice de Consumo Consciente. “É interessante notar, com base nos dados gerais levantados, que os internautas apresentaram um ICC mais alto em relação ao Modo de Vida, e mais baixo em relação a Alimentação, Saúde e Bem-Estar”, avalia Schepers.
Segundo ele, as mulheres atingiram um ICC mais alto do que os homens em todas as categorias, com exceção do quesito Alimentação, cuja diferença está dentro da margem de erro geral, de 2,9% com nível de confiança de 95%. Já na análise por idade, foi identificado que quanto mais velhas as pessoas, maior o ICC. Assim como quanto maior a renda, também maior o índice.
A pesquisa detectou que 54% dos brasileiros preferem consumir produtos de marcas reconhecidas por cuidar do meio ambiente e 45% afirmam que diminuíram o consumo de supérfluos para reduzir o uso de recursos naturais e, consequentemente, o descarte.
Quando questionados sobre a troca ou compra de produtos usados como alternativa de preservação ao meio ambiente, as opiniões são divididas: 39% dizem fazê-lo sempre ou com frequência, enquanto 35% admitem ter esse comportamento às vezes e 26% não o adotam nunca ou raramente. Além disso, 56% dos internautas afirmam procurar embalagens ou formas alternativas de transportar os produtos que sejam menos prejudiciais à natureza.
Os meios de produção dos itens de consumo também foi tema da pesquisa, e 45% das pessoas afirmaram buscar informações sobre emprego de trabalho infantil ou análogo ao escravo entre as marcas habituais de compra. Vale registrar que 24% dos entrevistados, no entanto, nunca pensaram a esse respeito. As mulheres, capta o estudo, são mais engajadas: 32% das entrevistadas disseram se preocupar e buscar informações sobre o tema, enquanto apenas 19% dos homens costumam fazê-lo.
Orgânicos em alta
O uso de componentes cancerígenos na fabricação é motivo de preocupação para 38% dos entrevistados, que alegaram buscar informações a respeito. Por outro lado, 27% das pessoas nunca procuraram saber se a empresa na qual trabalham adota alguma prática consciente com o meio ambiente.
As pessoas também parecem ter entendido a importância da leitura dos rótulos dos produtos para avaliar a quantidade de sódio, glúten, lactose, conservantes, corantes e açúcares refinados: 57% mencionaram ter o costume de verificar esses dados sempre ou com frequência, enquanto 24% buscam essas informações às vezes.
Outra faceta apurada no estudo mostra que alimentos orgânicos começam a ganhar espaço: 41% dos brasileiros consomem esses alimentos de vez em quando, enquanto 33% mencionaram adquiri-los com frequência. Quando os transgênicos entram em pauta, 51% afirmam que não os consomem, enquanto 10% admitem comprá-los. Em contrapartida, apenas 16% dos entrevistados costumam consumir mais produtos naturais do que industrializados e 45% não seguem práticas alimentares como as linhas Vegana, Vegetariana, Naturalista, Onívora e Ayuveda, entre outras.
Quando a saúde e o bem-estar se tornam foco das perguntas, 34% dos entrevistados mencionam praticar a medicina preventiva ao invés da curativa e 42% dizem que procuram se medicar utilizando produtos naturais, homeopáticos ou alimentos funcionais e ervas. Os tratamentos alternativos (acupuntura, cromopuntura, fitoterapia, aromaterapia, iridologia, self healing, body talk, ayuveda, medicina chinesa, massoterapias, shiatsu) ainda são pouco procurados. Apenas 18% mencionam buscá-los quando precisam curar alguma doença ou amenizar algum problema.
A separação do lixo para reciclagem é feita com frequência por 52% dos entrevistados. 20% das pessoas mencionaram fazer a coleta seletiva às vezes e 28% não o fazem nunca ou fazem raramente. Porém, 56% dos respondentes disseram usar artigos reciclados no dia a dia. “Isso é muito interessante. As pessoas se preocupam em usar produtos reciclados, mas nem todos pensam em enviá-los para um novo ciclo de recuperação”, avalia Schepers. Para ele, os dados da pesquisa mostram que os brasileiros adotaram algumas práticas de consumo consciente em temas que já foram mais amplamente discutidos, seja pela mídia, por medidas socioeducativas ou na própria educação familiar. Os resultados também mostram que, além da responsabilidade social que as empresas têm, de produzir e vender produtos que não prejudiquem o ambiente, tais práticas são bem vistas pelos consumidores e colaboradores. Elas, aliás, podem ser divulgadas em estratégias de marketing e comunicação institucional, trazendo valor para a imagem da marca. “Além disso, podem contribuir ampliando a informação e a divulgação do consumo consciente, que é o melhor caminho para que mais pessoas adotem as práticas no seu dia a dia, ajudando todos a construir um mundo melhor”, conclui o executivo.
Ferrero vai (bem) em cana
O grupo Ferrero é o primeiro membro da Bonsucro a receber o prêmio de liderança sustentável da entidade. A Bonsucro é uma organização formada por investidores do setor sucroalcooleiro, que busca melhorar continuamente as atividades da cultura da cana-de-açúcar, tornando-a comprovadamente sustentável por meio do uso de um sistema de certificação baseado em métricas. A Ferrero conquistou o certificado por demonstrar liderança, inovação e por incentivar os membros da Bonsucro a aumentarem ainda mais seu engajamento com a organização.
Em 2013, 25% do volume total de açúcar refinado utilizado pela Ferrero foram provenientes da cana-de-açúcar. O compromisso do grupo para 2014 era o de incluir em seu aproveitamento 10% de cana-de-açúcar oriunda de fontes sustentáveis. Devido a parcerias com elos da sua cadeia de fornecimento, a marca tem planos de aumentar esse volume para 40% até 2016, e para 70% até 2018, atingindo a meta de 100% até 2020.
A Ferrero foi a primeira empresa a envolver sua cadeia de fornecimento e comprar açúcar com certificação da Bonsucro para transporte do Brasil para a União Europeia e Canadá. A fabricante de chocolate também adquiriu 5 mil créditos Bonsucro na Austrália. A receita obtida com a venda dos créditos de sustentabilidade Bonsucro permite que as comunidades produtoras invistam na melhoria de práticas agrícolas, a exemplo de técnicas para economizar água e manejo de inseticidas.