O mercado internacional de açúcar apresentou forte queda de preços no período de maio e junho. Em reais por tonelada (R$/t), índice que remunera o produtor brasileiro, a oscilação de preços variou de R$ 909,00/t a R$1.195,00/t no período. Na referência internacional, de centavos de dólar por libra-peso (cents/lb), a variação oscilou entre a mínima de 12,55 cents/lb à máxima de 16,51 cents/lb. Os níveis atuais de preços já se encontram abaixo da estimativa dos custos do VHP-FOB estivado no Centro-Sul para a safra 2017/18, que é de R$ 1051,00/t.
De uma forma geral, os fundamentos de mercado que deram sustentação a esse movimento de queda estão, em resumo, associados às perspectivas crescentes de superávit global para a safra 2017/18, bem como à alta do dólar e ao corte nos preços dos combustíveis pela Petrobrás, situação que afeta a competitividade do etanol frente a gasolina e desestimula a sua produção, com a potencial produção maior de açúcar. A redução das posições líquidas compradas pelos fundos também contribuiu fortemente para o movimento de baixa de preços no mercado de açúcar. No período maio/junho as posições líquidas foram de 52.000 lotes comprados para 37.000 lotes vendidos. Ou seja, uma pressão vendedora de 89.000 lotes no mercado de futuros da Bolsa de Nova York.
O gráfico abaixo mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York, tomando como base o 1º vencimento.
No caso do açúcar negociado no mercado doméstico ( Estado de São Paulo) ao longo de maio, os preços apresentaram um descolamento desse movimento registrado no mercado de futuros internacional.
A restrição da oferta de produto de qualidade (cor ICUMSA < 180), agravada por um período mais chuvoso no Centro-Sul, particularmente em São Paulo, deu suporte a esse ambiente de preços firmes.
A partir de junho, com uma redução no volume de chuvas e consequentemente com a normalização da moagem de cana-de-açúcar, a produção iniciou um processo de regularização. Dessa forma, a oferta prevaleceu e forçou os preços para baixo.
Vale destacar que esse movimento de queda de preços foi mais rapidamente captado pelo Índice JOB Economia, que reflete negociações no mercado de açúcar de cor ICUMSA até 250, diferente da Esalq que apura apenas negócios com açúcar de cor 130 a 180. Este fato levou o preço Esalq ficar 14% acima do Índice JOB Economia.
O gráfico acima apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia e Esalq.
O fechamento de negócios de compra e venda com o índice Esalq como referência de preços pode acarretar prejuízos para o comprador, considerados os preços negociados no mercado spot. •
Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente
da JOB Economia e Planejamento