Os sinais de estabilização dos preços no início de abril não só se confirmaram como se transformaram em nova intensa tendência de alta, que fez as cotações do mês mais negociado na Bolsa de Nova York avançar mais de US$ 300 para chegar a um pico de US$ 3,233 no final de abril. Essa alta foi alimentada pela confirmação das previsões de uma forte quebra da safra da Costa do Marfim, através da efetiva redução dos dados das entradas de cacau e rumores que o mesmo fenômeno estaria ocorrendo em Gana, que, no entanto, não publicou números oficiais. Em função disso, as previsões do déficit da safra internacional 2015/16 (contado de outubro a setembro) aumentaram para pelo menos 150-200 mil toneladas (t). Algumas das grandes empresas internacionais que operam no ramo projetam um déficit de até 300 mil t e a Organização Internacional do Cacau (ICCO) publicou no final de maio uma estimativa de 180 mil t. Entretanto, ignorando esses elementos altistas, os fundos especulativos iniciaram uma campanha agressiva de liquidação de posições compradas a partir do início de maio, que derrubou os preços para praticamente os mesmo níveis onde a alta havia começado. A campanha de vendas exauriu-se na segunda quinzena de maio, depois da redução da posição especulativa nas duas bolsas em cerca de 30 mil contratos, e cedeu a um novo movimento moderado de alta.
As moagens mundiais do primeiro trimestre de 2016 não trouxeram maiores novidades. O desempenho da União Europeia decepcionou com uma queda de 0,2% em vez de um aumento previsto entre 1% e 5%. A América do Norte confirmou as expectativas com uma queda de 2,24%, bem no meio da faixa das previsões, enquanto a Ásia também decepcionou ao crescer apenas 2,88%, em vez dos esperados (até) 10%. As moagens brasileiras aumentaram 1,03%. Todos os percentuais citados se referem à comparação com o mesmo trimestre de 2015.
O fato que mais chamou atenção no comportamento dos mercados foi a forte elevação das cotações do contrato de julho, em Nova York. Sua alta no período foi US$ 30 superior à do contrato de setembro de US$ 44 à de dezembro/16. Alguns atribuíram o fenômeno à redução das entradas de cacau da Costa do Marfim e à sua má qualidade, mas os estoques nos armazéns licenciados estão em níveis abundantes, contando com 320.230 t na Europa, nível mais alto desde outubro de 2010, e com 269.970 t nos Estados Unidos, equivalentes a cerca de sete meses das moagens norte-americanas. Se, apesar dos estoques elevados, existe uma escassez de oferta de cacau para entrega a curto prazo, insinua-se a conclusão que os donos desses estoques não estão dispostos a colocá-los a venda e surge a suspeita que um dos grandes operadores esteja preparando um ataque altista ao mercado. •