Domicílios sem filhos tendem a dispor de mais renda e registrar maior gasto per capita. Essa é uma das principais conclusões do estudo Winning the Future, elaborado pela Kantar Worldpanel, que analisou 96 categorias de produtos, inclusos chocolates, biscoitos, sucos, snacks e candies. De acordo com o levantamento, realizado no período de abril de 2016 a março deste ano, os independentes jovens (até 49 anos) e maduros (maiores de 50 anos), cujo número médio de pessoas no lar não ultrapassa dois indivíduos, tiveram gasto per capita maior do que os demais domicílios. “Esse dois perfis de público ficaram 34% e 41%, respectivamente, acima da média”, repassa Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel Brasil. Na entrevista a seguir ela abre mais detalhes do estudo.
DR – Quem a pesquisa analisou para chegar às conclusões?
Christine – Analisamos as fases de vida das famílias e as oportunidades de consumo no futuro. Hoje, as famílias brasileiras são constituídas por indivíduos independentes jovens, que representam 11%; monoparentais (22%), casais com crianças pequenas (22%), casais com pré-adolescentes (15%), casais com adolescentes (6%), casais com filhos adultos (6%) e independentes maduros (18%). A figura tradicional da dona de casa, encarregada das compras da família, foi substituída pela do shopper, que é quem hoje efetivamente compra. Assim, analisamos cada um desses núcleos.
DR – O que foi possível conhecer sobre esse público constituído por indivíduos até 49 anos?
Christine – Donos da segunda maior renda per capita, os independentes jovens, que correspondem a 11% da população entre 6 milhões de lares, ainda estão formando seu patrimônio e não abrem mão da conectividade. Entre 25 e 34 anos, 74% deles possuem smartphones, já dos 35 aos 44, o índice chega a 62%. Usando a tecnologia como ferramenta para simplificar suas vidas, eles utilizam os aparelhos para navegação na internet, uso de redes sociais e envio de mensagens instantâneas.
DR – E com relação ao consumo? Como o segmento de confeitos aparece na amostra?
Christine – Atentos também à praticidade, indulgência e bem-estar dentro de casa, a despensa dessa parcela da população traz produtos como óleos especiais e azeite, cerveja, antisséptico bucal, protetor solar e alvejante sem cloro. Na hora das refeições, vão além do tradicional arroz e feijão. Brasileiros de até 45 anos têm incluído no cardápio pizza, empanados de frango, macarrão, coxinha, lasanha e linguiça. As indulgências também estão presentes no consumo out of home, com destaque para balas e gomas, pipoca pronta e biscoito doce. Os mercadinhos, ambulantes e lanchonetes são os canais utilizados.
DR – O que o estudo revelou sobre a faixa dos mais maduros, que hoje é tendência na população brasileira?
Christine –Os independentes maduros, com 50 anos ou mais, segundo o estudo, buscam mais qualidade de vida e produtos específicos. Com lares mais bem equipados que os demais – 70% deles possuem máquina de lavar roupa e 39% dispõem de automóveis – , 31% pertencem as classes A/B, 92% não pagam aluguel e 64% vivem em casa com seis cômodos ou mais. Ainda que não totalmente conectados, 35% têm internet em casa, enquanto 29% contam com TV por assinatura. Esse público é, particularmente, adepto de viagens e passeios. Os compradores dessa faixa etária se concentram em produtos de bem-estar e saúde, como óleos especiais, adoçante e cream cheese, por exemplo, itens práticos, como café solúvel e alvejante sem cloro; e itens de necessidade, que incluem tintura para cabelo.
DR – Em quais categorias se concentra a preferência por produtos enquadrados em saudabilidade?
Christine – Lidando com questões ligadas à saúde, como controle de colesterol, diabetes e pressão alta, a saudabilidade aparece presente na preferência pelas versões lights, integrais e diets de produtos como pão, biscoito, requeijão, iogurte e refrigerante. Encarando as compras como um programa e não como uma obrigação, os independentes maduros foram 88 vezes ao ponto de venda em 2016 (abril de 2016 a março de 2017), contra 78 visitas dos independentes jovens, por exemplo. Eles só foram superados pelos casais com filhos adultos, que registraram 93 idas. Fora de casa, os mais experientes mantiveram o consumo equilibrado, gastando mais com refeições, água de coco e suco natural. •