Fora da tradicional sobremesa, sinônimo de comida de hospital, a gelatina é um ingrediente cada vez mais recrutado em aplicações de candies, a exemplo de linhas de chocolate, marshmallows, biscoitos, caramelos mastigáveis, doces tradicionais e gomas diversas. Seu uso, no entanto, ganha maior evidência em balas que, por propriedades intrínsecas do insumo, chamam a atenção pelos formatos inusitados e colorido feérico. Segundo especialistas, a gelatina é um alimento natural e saudável, de fácil digestão, que pode desempenhar um papel importante na alimentação funcional. Isto é, os alimentos que contém gelatina oferecem um benefício adicional à saúde, uma vez que ela é fonte de proteínas. No caso das balas de gelatina de baixo ou zero teor de açúcar, além da firmeza, brilho e elasticidade, ela contribui para reduzir o teor calórico e de carboidratos dos produtos. Por conta de propriedades assim, o consumo de itens que incorporam gelatina em sua formulação tem crescido nos últimos anos. Dados da Euromonitor International, que audita o segmento incluindo pastilhas, gomas, gelatinas e chicles (pastilles, gums, jellies and chews), indicam que as vendas no Brasil saltaram 42,5% nos últimos cinco anos. De um movimento na ponta do varejo de R$ 1,664.1 bilhão em 2010 esse filão pulou para R$ 2,183.1 bilhões no último ano. Projeções da consultoria, indicam que o segmento deve alcançar R$ 2,371.3 bilhões no atual exercício, atingindo R$ 2,659.3 bilhões em 2020, uma alta de 12,1% (ver quadro à pág. 22).
A versatilidade da gelatina como ingrediente nas aplicações pode justificar essa ascensão. O insumo é utilizado em uma grande variedade de confeitos, sendo as balas e marshmallows os mais conhecidos. As guloseimas vêm conquistando a preferência tanto de crianças como dos adultos, fenômeno que justifica o avanço desse mercado, apesar da conjuntura desfavorável da economia do país. Do lado do fornecimento, a indústria de confeitos conta com as principais fontes de gelatina, a maioria estabelecida com unidades fabris e centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a exemplo de grifes globais como Rousselot, Gelnex, Prozyn, Gelco e Gelita.
Responsável pelo fornecimento de gelatina e proteína de colágeno aos principais players do mercado mundial de snacks e confeitos, a Gelita também é referência no mercado brasileiro, onde seus ingredientes podem ser encontrados em ovos de páscoa, barras de chocolate, cookies, gomas de gelatina, barras de cereais, marshmallow, gomas de mascar, balas de caramelo mastigáveis, doces do tipo maria mole e suspiros, entre muitas outras guloseimas, elenca Eduardo Araújo, gerente de marketing e comunicação da Gelita América do Sul.
Múltiplas utilidades
Rica em proteínas e isenta de gordura, a gelatina tem uma série de propriedades técnicas, insere ele, pois funciona como um excelente sistema de entrega de vitaminas e suplementos alimentares. “Essa caraterística fica clara no mercado de gomas fortificadas, onde confeitos à base de gelatina podem facilitar o consumo de vitaminas pelo público infantil”, observa Araújo.
Devido ao baixo valor calórico (360 calorias por 100 gramas), as gelatinas também são indicadas como ingredientes de doces e confeitos destinados a dietas de controle de peso, um dos principais atrativos e justificativas para o avanço entre o público adulto. Com 85% de proteína em sua composição, gelatinas e proteínas de colágeno são não alergênicas e livres de gordura, carboidrato, colesterol e glúten, detalha Araújo. “Além de alto teor protéico, tais ingredientes apresentam nove dos dez aminoácidos essenciais ao corpo humano e podem ser usados em produtos clean label”, completa o gerente.
Com a gelatina, acrescenta, é possível enriquecer candies e confeitos de forma protéica. Numa barra de cereal, por exemplo, ela reduz a quantidade de açúcar. Num iogurte minimiza a quantidade de gordura. Em sucos à base de frutas diversas, é capaz de aumentar o teor protéico e agregar outras características técnicas, a exemplo de propriedades espessantes, comenta Araújo.
Além de ingrediente funcional, a gelatina pode ser usada pela indústria de confeitos para aplicações técnicas, como agente gelificante, aglutinante e/ou aerante, orienta o especialista.
Propriedades funcionais
Oriundo da mesma matéria-prima da gelatina, o colágeno é o ingrediente que possui de fato propriedades funcionais. Única empresa do mercado global de proteínas de colágeno que fornece produtos específicos para diferentes funcionalidades, a Gelita conta com uma diversificada linha de peptídeos bioativos de colágeno que podem ser acrescentados na formulação de doces e confeitos. “Focados em diversos aspectos sob o guarda-chuva da tendência de saúde e bem-estar, os produtos em proporções pré-testadas beneficiam diferentes partes do corpo, tais como pele, músculos, articulações e ossos”, argumenta Araújo.
Entre os destaques da linha de colágenos da Gelita ele sublinha o peptídeo bioativo de colágeno da marca Verisol, única versão de colágeno hidrolisado encontrada no mercado mundial totalmente desenvolvida para os cuidados com a beleza da pele. “Embora seja um ingrediente já testado e conhecido no mercado funcional, sua aplicação em confeitos ainda é incipiente, porém, entre os produtos que contêm o Verisol, destacamos a linha de chocolates funcionais da Chocolife, especialista em guloseimas nutracêuticas”, assinala o gerente.
Entre as pioneiras no filão de chocolate funcional no Brasil, a empresa vem há oito anos expandindo sua penetração por diversos perfis de consumo, graças à disseminação crescente dos benefícios à saúde cientificamente comprovados da ingestão regular de sólidos de cacau. “O chocolate sempre foi um produto muito desejado pelos brasileiros. E quando se fala de um chocolate funcional, essa preferência aumenta ainda mais, pois é possível associar saúde e sabor no mesmo produto. Acredito que a associação entre as mudanças de hábitos dos consumidores e as descobertas científicas (com divulgação ao consumidor) têm sido mais relevantes para esse crescimento da categoria”, comenta Virgínia de Avila Dias, diretora da Chocolife.
Apesar do nome, a Chocolife não pretende ser uma empresa focada somente em chocolates, mas em alimentos funcionais diversos, atendendo o público que busca saúde na sua alimentação, informa a executiva. As linhas se diferenciam por não se enquadrar somente na nutrição dietética, simplesmente retirando o açúcar dos produtos. Segundo ela, a empresa procura sempre agregar mais benefícios, a exemplo da incorporação de colágeno hidrolisado e a retirada de glúten e lactose, sempre que possível agregando fibras e buscando o menor percentual de gordura. “Além do enquadramento diet/ light, atendemos a demanda de intolerantes à lactose, glúten, diabéticos e também às pessoas que estão ou não em dieta de redução de peso, mas como uma escolha diferente e saudável”, grifa a diretora.
Araújo acrescenta que um estudo da Universidade de Kiel, na Alemanha, comprovou diminuição das rugas, aumento da elasticidade e da hidratação da pele entre as participantes que ingeriram 2,5 gramas diários de Verisol. “O teste durou oito semanas, mas os resultados positivos já foram constatados a partir da quarta semana de ingestão do colágeno”, ele repassa.
Assim, um público em ascensão em diversas partes do globo, inclusive no Brasil, os idosos também podem se beneficiar do consumo de confeitos e guloseimas com colágeno na fórmula. Podendo ser acrescentados em gomas, chicles, chocolates e uma série de alimentos e bebidas, os peptídeos de colágeno Body Balance, também marca da Gelita, em combinação com exercícios físicos moderados, aumentam significativamente a força e a massa muscular, contribuindo para a perda de gordura corporal.
Tais resultados, insere o executivo da Gelita, foram comprovados em outro estudo clínico da Universidade de Freiburg (Alemanha), que acaba de ser publicado no “British Journal of Nutrition”, uma das mais reconhecidas publicações do gênero no mundo. “Feito com 60 idosos que sofrem da síndrome de perda de massa muscular (sarcopenia), o estudo revelou que a suplementação com Body Balance aperfeiçoa os benefícios do treinamento físico em idosos com a doença”, repassa Araújo. •