Além de movimentar a indústria e o trade de chocolates, a proximidade da Páscoa agita um mercado que avança à sombra de uma demanda cada vez mais sólida: as chocolaterias artesanais. Trata-se de um público que, até bem pouco tempo, contava com poucas opções de matérias-primas, apesar de acompanhar as tendências atuais de consumo, como a oferta de itens mais sofisticados e de chocolate premium. “O principal perfil dos clientes são os chamados transformadores, que produzem de forma artesanal para vender, incluindo doceiras, confeiteiras e até as donas de casa”, analisa Marco Paulo Pereira Henriques, gerente de marketing da Duas Rodas, fonte nacional de aromas e ingredientes para a indústria de alimentos e bebidas, também supridora de chocolates e coberturas para confeitaria artesanal. Segundo ele, a empresa também atinge outros públicos com participações menores, como pequenas indústrias, food service e até mesmo o consumidor final. Na entrevista a seguir, o executivo faz um relato sobre a atuação da Duas Rodas no filão chocolateiro.
DR – Como tem sido a evolução no segmento de coberturas e chocolate?
Henriques – A Duas Rodas atua nesse mercado desde 2011 com o lançamento de duas linhas de coberturas: Selecta Supreme com quatro sabores (branco, ao leite, meio amargo e amargo) e Selecta Confeiteiro em três versões (branco, ao leite e meio amargo). Desde então temos realizado uma série de investimentos, com lançamentos de mais produtos, tornando o portfólio mais completo, e também investido em ações de trade e construção de marca, o que resultou na ampliação de nossa participação no mercado. No último ano conseguimos obter um ótimo retorno a partir de um trabalho evolutivo de divulgação, tanto com materiais de ponto de venda (PDV), promotoras e aulas-show, além de cursos por todo país e a complementação do portfólio, que inclui chocolates puros, coberturas em barras e lascas, ganaches tradicionais e diferenciados e linha de pós. Todo esse trabalho gerou um crescimento significativo de 34% em faturamento nesse período.
DR – Quanto o movimento de Páscoa representa das vendas de cobertura e chocolate?
Henriques – Ao todo, a Páscoa de 2016 representou em torno de 45% das vendas.
DR – A queda no varejo nas duas últimas campanhas na data tiveram impacto nas vendas?
Henriques – Apesar da queda no varejo, não tivemos um impacto percebido em nossos negócios. Nosso faturamento e volume mantiveram o crescimento esperado, atingindo as metas. Acreditamos que seja reflexo do mercado artesanal, que está em alta tanto pela possibilidade de produção de produtos mais elaborados quanto pelo custo/benefício. Nós trabalhamos muito para ajudar nosso público (transformadores) a produzir itens de qualidade compatíveis com o mercado, explorando uma linha de produtos mais gourmet, além de formatos e decorações. Oferecemos assim ao consumidor produtos diferenciados e ainda com ótimo custo/benefício.
De olho nos chamados transformadores, a Puratos reforça o portfólio de coberturas da marca Norcau com mais uma especialidade. Desenvolvido especialmente para a fabricação de ovos de Páscoa, a novidade pode ser conferida no trade da categoria em versão ao leite e em barras de 1,01 quilo, repassa João Ribeiro, gerente de marketing da indústria chocolateira belga.
“O processo artesanal de chocolateria continua em alta e, nessa época que antecede a Páscoa, fica evidente a maior procura por matérias-primas, ingredientes e acessórios para a elaboração de ovos de Páscoa”, justifica o executivo. Para suprir essa demanda, a empresa formulou um produto que confere mais brilho aos ovos, tem sabor quase idêntico ao chocolate e, exatamente por ser uma cobertura, dispensa a etapa do choque térmico, trazendo maior praticidade no preparo, além de um sabor diferenciado, destaca Ribeiro. De perfil aromático e sabor únicos, o Norcau Especialidades é produzido pela Puratos em suas novas instalações industriais de Guarulhos (SP). A empresa também opera com a marca nacional Vito e as grifes internacionais Chocolanté e Carat (coberturas e recheios). “A linha de chocolates belgas Belcolade continua com vendas crescentes no país, embora ainda ocupe um nicho de mercado, mas aos poucos os confeiteiros começam a valorizar um produto com a melhor qualidade. É também uma aposta para o futuro”, assinala Ribeiro.
DR – Como é o portfólio da linha Selecta?
Henriques – A Selecta Chocolates atua no mercado com as marcas Selecta Namur, que possui quatro sabores de Chocolates Puros de 1,01kg, ao leite, meio amargo, blend e branco. Selecta Supreme possui no portfólio a linha de Coberturas em barras de 1,01kg e 2,03kg nos sabores, ao leite, meio amargo, blend, amargo e branco. Coberturas em lascas de 1,01kg nos sabores ao leite, meio amargo, blend e branco. Chocolates em pó 50% e 33% e a linha de ganaches prontos para uso, nos sabores ao leite, meio amargo, branco, chocolate com avelã e pedaços de avelãs e chocolate branco com champagne. A marca Selecta Confeiteiro possui coberturas de 1,01kg nos sabores ao leite, meio amargo e branco. Nosso carro-chefe hoje são as coberturas fracionadas. Elas são referências nessa categoria pelo seu sabor e performance na transformação. As coberturas tiveram o crescimento de 25% no último ano.
DR – Quais são os principais diferencias?
Henriques – Todos os produtos são fabricados com matérias-primas selecionadas que garantem sabores únicos e exclusivos. Por trás da marca Selecta existe todo respaldo de quem produz sabores há mais de 91 anos. Com a tecnologia e o know-how especializados, a Duas Rodas garante o sabor e qualidade dos produtos Selecta.
DR – Alguma novidade a destacar para a campanha de Páscoa deste ano?
Henriques – Estaremos reforçando nossa linha de chocolates puros Selecta Namur, que estão apenas há um ano no mercado, além dos ganaches diferenciados como o de avelã, que contém pedaços da fruta e é exclusivo no mercado. Estaremos também com uma campanha completa no PDV com degustações, promoções e campanhas nas mídias sociais com muitas receitas exclusivas.
DR – Onde as coberturas e o chocolate são produzidos?
Henriques – Nossa fábrica de cobertura/chocolate está localizada na nossa unidade em Estância (SE), pela proximidade com a matéria-prima, ou seja, o cacau e seus derivados, oriundos do Sul da Bahia e Pará.
DR – Alguma previsão para este ano?
Henriques – A companhia adota um plano de crescimento denominado “Expansão 2020”, pelo qual colocamos em prática diversas ações para aumentar a pulverização dos produtos. Além disso, também são operados o reforço à marca e a ampliação do portfólio para o mercado de transformação, com lançamentos de produtos com maior valor agregado, ampliando assim nossa participação de mercado.•