Quem não é o maior tem que ser o melhor. O antigo ditado sintetiza o espírito comercial na Miro Doces, rede com duas lojas no formato de atacarejo no centro de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Comandado pelo atacadista Almiro Raimundo da Silva, o popular Miro, o negócio abriu as portas há 16 anos, com base em mais de duas décadas de experiência como distribuidor independente, o chamado doceiro. “Pegava produtos na Marsil e saia vendendo de porta em porta aqui no ABC”, rememora Silva. Até os dias de hoje, o atacado do bairro do Pari, um dos precursores da atividade doceira na cidade de São Paulo, continua sendo um dos principais fornecedores das duas unidades da Miro Doces. “Mas hoje em dia boa parte do portfólio vem direto dos fabricantes, principalmente os de marcas pouco conhecidas que têm espaço privilegiado aqui nas lojas”, assinala Silva. Para ele, a operação não apenas conseguiu sobreviver, mas sobressair entre os mais de 30 comércios atacadistas de confeitos da região, por conta da especialização no atendimento de públicos específicos.
A partir de pedidos de dez unidades ele assegura que tem condições de oferecer preços mais atraentes que os da concorrência. Por facultar o acesso às mercadorias com custos de atacado, mesmo em compras fracionadas, o estabelecimento se transformou em espaço preferencial de vendedores ambulantes. Cerca de 50% do público, tanto na Miro Doces como na Vianas Doces & Festas, filial inaugurada a 1,5 ano, é formado pelos chamados marreteiros que, segundo Silva, vêm crescendo em número desde o início da recessão. No ano passado, ele lembra, foi esse movimento que garantiu crescimento de 10% nas vendas e não para de avançar. Em média, situa o atacadista, seus preços saem de 10% a 20% mais em conta, viabilizando um mark up que faz a diferença no negócio de doces. “Quem melhor atende os marreteiros aqui no ABC é a nossa operação”, sublinha Silva.
Com 400 metros quadrados de área de venda e mesmo espaço para estoques, as duas lojas operam com quatro checkouts um mix de aproximadamente 5 mil itens. Por conta do perfil da clientela, puxado por ambulantes, pequenos varejistas e donas de casa, o segmento de salgadinhos do tipo snacks é o de maior demanda, seguido por balas e confeitos e chocolates. Dentre as parcerias lembradas por Silva se destacam marcas como Lucky (PepsiCo), Santa Fé, Freegells (Riclan), Nestlé, Lacta (Mondelez) e Bel. Entre as grifes menos conhecidas com as quais o atacado opera diretamente sobressaem a Kuky, fabricante de balas e confeitos de Marília (SP), e a Tigrinho, esta última de linhas populares de pipoca doce de canjica.
“Temos crescido muito no filão de festas, tanto que, além de expandir a loja principal para incrementar essa ala, transformamos a filial em uma operação mista, onde hoje 70% se referem a linhas de festa cabendo os restantes 30% à parcela de doces”, repassa o empresário. Ele observa que atualmente na matriz mais de 90% da oferta compreende linhas de guloseimas. O objetivo a partir do meio do ano é reduzir o mix de confeitos para 60% e ampliar o balcão de itens de festa para 40%.
Demanda da clientela
Segundo o comerciante, a tendência de crescimento do segmento de festas obedece a duas condições favoráveis: a avassaladora divulgação nas mídias da multiplicação de linhas personalizadas e licenciadas e a própria crise, que vem ressuscitando a atividade de festas nos lares. “Nosso mix foi construído a partir de demandas da clientela e não a partir da oferta das fábricas, como antigamente, que gerava encalhe nas prateleiras”, ele comenta.
A reforma prevista na loja principal e a adaptação em curso na filial vai inclusive permitir que a operação abra espaço para trabalhar melhor itens de Páscoa. Além de mais ovos de chocolate, que necessitam maior espaço e cuidados especiais, a ideia é expandir a oferta de coberturas e compounds, recheios e embalagens e acessórios decorativos, hoje limitados a 5% das vendas. “Com isso essa importante data vai ganhar uma participação maior no nosso faturamento”, acalenta Silva. •