O atacadista ou varejista que planeja o futuro e permanentemente realiza correções no presente agora já pode deixar de lado o “achômetro” dos gerentes de loja e utilizar dados concretos, próprios e precisos da sua organização. De acordo com Luiz Fernando Sambugaro, diretor de comunicação da Gunnebo Brasil, especialista em soluções de segurança física e eletrônica, gestão de numerário e controle de acesso, modernos sistemas de registros de fluxo de pessoas nas lojas permitem a contagem precisa de entrada e saída dos clientes, além de avaliações como a de ‘áreas quentes’ do estabelecimento, isto é, das regiões mais nobres de vendas e tráfego, entre outras. Conhecidos tecnicamente como contadores de fluxo, dispositivos operam de forma independente nos corredores ou posicionados na entrada da loja. Mas a exemplo de outras tecnologias disponíveis, observa Sambugaro, sua eficácia depende da forma que é utilizada e se faz parte da rotina contida nas normas e procedimentos da empresa. “Em resumo, a tecnologia de contagem de fluxo disponível atualmente permite comprovar quantas pessoas entram em um determinado estabelecimento, que pode ser um atacado, varejo ou shopping center, depois de uma campanha realizada com esse fim ou também em uma sala de espetáculos versus a quantidade de tíquetes vendidos, ou ainda o efeito da mudança de uma fachada depois de uma reforma”, argumenta o diretor. Na entrevista a seguir ele elucida os principais pontos dessa tecnologia, que pode ser mais uma ferramenta mão na roda para o trade.
DR – O que são sistemas de registro de fluxo e para que eles servem?
Sambugaro – A contagem é uma sequência de registro de fluxo de forma eletrônica. É a substituição do contador manual de entrada e saída de pessoas, geralmente usadas em teatros, cinemas, shopping centers, e outras atividades de fluxo de público, como lojas do atacado e varejo em geral. A sua aplicação no atacado/varejo, por sinal, é amplamente disseminada há bastante tempo em lojas da Europa e Estados Unidos. Mas só nos últimos cinco anos o registro de fluxo passou a ser considerado de importância significativa na gestão e operação de lojas no Brasil.
Hoje, esse modelo de tecnologia é de fácil instalação, pois seu aplicativo é inserido no próprio sistema, podendo ser configurado diretamente pelo usuário. Possui um custo/benefício bem favorável ao varejista, quando usado de forma adequada, pois os dados estatísticos gerados podem ser aproveitados ao máximo, bem como os relatórios, que são de fácil acesso e podem ser abertos em qualquer computador da empresa conectado à internet. Além disso, seu software de controle permite executar, consultar e exportar dados de equipamentos instalados em diferentes ambientes.
DR – Qual a real conveniência da implantação do sistema, por exemplo, em uma loja de doces?
Sambugaro – A implantação de um sistema de contagem de fluxo não tem, em princípio, a finalidade de reduzir o custo, mas sim obter dados reais de fluxo de pessoas na loja, podendo com os dados registrados e acumulados comparar qual o efeito da distribuição de panfletos que foi feito na região, a quantidade de pessoas que entram na loja versus o nível de compras e qual o horário e dia da semana de maior pico. O inverso também, ou seja, quais os dias mais fracos. Com esses dados concretos, tanto a área de marketing e vendas bem como a de produção/estoque, no caso de doces e salgados, por exemplo, podem ajustar o abastecimento diário, quadro efetivo de funcionários por período do dia ou da semana, descanso semanal mais adequado, analisando-se os registros acumulados em dias, semanas, meses etc.
A experiência pessoal de um vendedor ou gerente que dirige o estabelecimento ajuda muito nessas questões. Mas uma empresa não pode deixar na mão de pessoas, dados importantes que pesam na gestão, pois elas podem a qualquer momento deixar a empresa.
Concluindo, no caso das lojas com itens de produção/reposição diária mais do que qualquer outra, esse conhecimento é muito importante. O ganho está na redução das perdas causadas por sobras, quando se produziu ou repôs e não havia comprador ou o inverso da falta, quando o produto esgotou antes.
DR – Como a disseminação e adoção desses sistemas avança no Brasil?
Sambugaro – O crescimento tem sido mais lento do que sua real necessidade por vários motivos. O varejista ainda luta para implementar rotinas muito básicas não realizadas e tudo para ele é adição de custo. Boa parte não consegue enxergar a tecnologia como aliada na redução de custos ou no incremento das vendas. Outro fator negativo foi o das primeiras experiências com a introdução de produtos e serviços de forma ineficiente, a exemplo de tecnologia importada sem a adequação à realidade brasileira. A Gunnebo Gateway vem há anos evoluindo nas características e adequação dos contadores e fluxo, ajustando-os à nossa realidade, tanto do ponto de vista técnico quanto de custo. Entre outros exemplos de possibilidades de dados bastante úteis fornecidos pelos contadores de fluxo, incluem-se a correta informação sobre o fluxo de pessoas em loja, a gestão da equipe e do caixa com trabalho planejado e preventivo para evitar filas no checkout e a falta de funcionários nos horários de pico; relatório completo com dias e horários de maior movimentação, melhor período para realizar o rodízio da equipe e o momento certo para acionar caixas extras, além da medição de resultado de campanhas promocionais, diárias ou periódicas e o tempo médio de permanência do cliente na loja.