Chocolate com alma
Entre as desbravadoras do filão de chocolate gourmet no Brasil, a Espírito Cacau produz uma consagrada linha de chocolates premium elaborada com grãos cultivados em fazendas próprias no Espírito Santo, consideradas pioneiras na produção de cacau de origem no país. Criado em 2010 na região de Linhares (ES), o grupo Espírito Cacau engloba duas fazendas, uma fábrica e uma chocolateria, mantendo o controle de todo o processo, desde o plantio do fruto até a elaboração do chocolate (bean to bar process), também exportado para diversos países. A preocupação com a qualidade na produção de cacau nas fazendas São José e Ceará garantiu à marca o segundo lugar no Salon du Chocolat, em Paris, maior vitrine gastronômica da linha gourmet e de origem, além do reconhecimento como Cacau de Excelência na International Cocoa Awards (ICA). O domínio de todo o processo, com execução a cargo da mesma empresa, é o caminho para obtenção de um produto de excelência, sustenta Paulo Gonçalves, diretor-presidente da marca Espírito Cacau. “Um dos fatores que torna o cacau produzido nas nossas fazendas de qualidade superior, e com certificados de garantia de qualidade, é a tecnologia e o manejo utilizados no processo”, assegura ele, anunciando para breve uma expansão na linha de chocolates. Na entrevista a seguir, o empresário detalha os diferenciais do cacau de origem e chocolate gourmet produzidos no Espírito Santo e abre os planos da grife chocolateira.
DR – Como é o portfólio da Espírito Cacau hoje?
Gonçalves – A linha é composta por chocolates com 31%, 46% e 70% de sólidos de cacau em embalagens de 100g, 30g e 5g, além da versão Nibs de Cacau em sachê de 150g. Todos os produtos são elaborados com massa de cacau, açúcar demerara orgânico e lecitina de girassol. Eles não contem glúten, gordura hidrogenada, aromatizantes e nem conservantes em sua composição.
DR – O cacau utilizado vem direto das fazendas?
Gonçalves – Todo o processo, da colheita à transformação em barras de chocolate, dura em torno de 60 dias. Em Linhares (ES), temos um dos melhores cacaueiros da América Latina, uma vez que as fazendas São José e Ceará estão localizadas às margens do Rio Doce. A produção de cacau hoje está na faixa de 240 toneladas (t) por ano e toda safra das fazendas se divide entre exportação e produtos da Espírito Cacau. Toda a linha da chocolateria tem alto teor de cacau puro e gordura da manteiga de cacau, seguindo o padrão da legislação internacional. O grupo gera cerca de 60 empregos diretos e 20 indiretos, mas esse número deve aumentar em breve, pois está em fase de finalização a nova fábrica da marca que passará a funcionar em Serra (ES), a 100 quilômetros de Linhares.
DR – Qual foi o investimento e como será a unidade?
Gonçalves – O novo parque fabril com 3.850 metros quadrados de área construída irá ampliar a produção de 12 para 60 toneladas de barras de chocolate por mês. Com isso a empresa irá ocupar uma importante fatia no mercado, podendo produzir também produtos 100% sem lactose. Com previsão de instalação até o fim do ano, a nova fábrica vai contar com uma área de preservação ambiental e projetos de visitação. O projeto conta com investimento de R$ 7,6 milhões, fruto de uma parceria com o programa Invest-ES, do governo do estado. No total, os valores devem alcançar cerca de R$ 10 milhões, incluindo a construção, a compra de máquinas e desenvolvimento de produtos.
DR – Como é processado o cacau das fazendas?
Gonçalves – Numa área de 350.000 metros quadrados, as amêndoas colhidas são selecionadas rigorosamente e produzidas com fermentação controlada e secadas em estufas solares. Esse cuidado influencia diretamente o sabor do chocolate. A lavoura de cacau, por sua vez, é trabalhada através de plantas selecionadas, adubadas e irrigadas sob rigoroso controle técnico, propiciando um equilíbrio entre o sabor e a qualidade. Para ser considerado cacau de origem, além do local de produção, o manejo ecologicamente correto e com enfoque na qualidade do fruto, a justiça e a preocupação social no trato com os produtores e as técnicas rígidas de controle do beneficiamento garantem um padrão de exigência reconhecido internacionalmente. Assim, as fazendas da Espírito Cacau são as mais tecnicamente bem formadas, contando com a certificação suíça UTZ.
DR – Como é feita a distribuição da Espírito Cacau?
Gonçalves – Ela é primordialmente feita através de nossos representantes, que atendem tanto clientes key account como também a rede de distribuidores, com presença em quatro das cinco regiões geográficas do Brasil. A demanda maior se concentra no Sudeste, que representa hoje 65% do nosso faturamento. Na sequência, vêm os mercados do Sul, com 25%, e as demais regiões, com 10%.
Nosso mercado-alvo são os consumidores de chocolate gourmet que procuram produtos naturais e funcionais, sem prejuízo de sabor e aroma, bem como esportistas e profissionais como nutricionistas e pessoas que se preocupam com alimentação saudável.
DR – Com a quebra verificada na safra, como fica a oferta de cacau neste ano?
Gonçalves – A produção de cacau não deve aumentar, pois a quebra na safra atingiu tanto a Bahia, maior produtora, como o Espírito Santo. As baixas temperatura por um período muito prolongado fizeram com que as plantas não florescessem nos meses de maio, junho e julho. A produção de cacau das nossas duas fazendas, no entanto, deve atender com folga a expansão de 12 t para 60 t de chocolate da Espírito Cacau. Mesmo assim temos parceiros e sócios que poderão nos atender numa eventual necessidade.
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