Entidade sem fins lucrativos que opera na divulgação de conceitos e práticas de alimentação orgânica, o Organis também atua na promoção das marcas de seus associados estreitando relacionamentos com o mercado. “O trabalho do Organis é criar, viabilizar e executar ações em diferentes frentes, com o objetivo de fortalecer toda a cadeia produtiva dos orgânicos – de produtores a prestadores de serviço, passando por processadores, a indústria e o varejo”, resume Cobi Cruz, diretor da entidade. Nos últimos tempos, o Organis vem assumindo o protagonismo na promoção do mercado orgânico brasileiro. Empresas associadas à instituição, por exemplo, participaram da Bio Brazil Fair – Biofach América Latina, feira dedicada ao setor de 5 a 8 de junho, em São Paulo, com o espaço “Orgânicos em Movimento” , que reuniu oito expositores e do ambiente “Minha 1ª BioBrazil/Biofach”, com seis empresas. Outros associados participaram com estande próprio. Na entrevista a seguir, Cruz analisa a participação do setor nos eventos e o avanço da onda orgânica no país.
DR – O setor de orgânicos tem crescido em feiras dedicadas a alimentos e varejo?
Cruz – A percepção de aumento do interesse nos orgânicos é tangível. Na Apas Show (feira do setor supermercadista, promovida em maio, em São Paulo), recebemos de donos de empório até diretores de grandes redes. Não somos uma entidade fria, que só divulga números, mas expomos nossos produtos com um olhar jovem para cativar o novo consumidor, numa comunicação alinhada a uma linguagem contemporânea desse setor que cresce a uma taxa de 20% ao ano. Lançamos o ‘Orgânicos em Movimento’ uma campanha assertiva, que o associado da entidade comprou como um mote, nesse momento de crescimento, e os varejistas e consumidores entenderam como marco da demanda do produto orgânico. Na Bio Brazil Fair – Biofach América Latina, por ser a feira do setor, nosso protagonismo influencia novas empresas e as tendências do mercado. O varejo veio conhecer as marcas e lançamentos, e o consumidor veio reforçar o tamanho desse mercado. A estimativa de negócios dos associados do Organis, no estande coletivo, ultrapassou R$ 1 milhão para os próximos 12 meses.
DR – Com tem sido o crescimento do mercado de alimentos orgânicos no Brasil nos últimos anos?
Cruz – Desde 2003, com a lei 10.831 que regulamentou a produção orgânica no Brasil, o setor está em movimento ascendente, mas para se consolidar, ainda falta muito chão. Nossa fatia do mercado mundial, que já ultrapassou os 100 bilhões de dólares de faturamento, é de apenas 1%. Segundo revelou a nossa pesquisa de consumo de orgânicos, realizada em 2017, 15% dos brasileiros consomem orgânicos. O momento é de otimismo, pois estamos vivendo um marco histórico para os orgânicos, não só em termos de crescimento de produção, mas também em termos de oportunidades comerciais em todos os segmentos.
DR – Quais fatores têm impulsionado esse avanço?
Cruz – No início, os orgânicos cresceram por causa do esforço e do engajamento dos nossos produtores, sempre comprometidos com as causas ambientais e com adoção de práticas sustentáveis. Mas agora, o que vemos é um interesse crescente por parte do público em geral. É a busca por alimentos mais saudáveis, livres de agrotóxicos, que está impulsionando o aumento do consumo de orgânicos. Os varejistas já estão se mexendo para atender as demandas dos consumidores conscientes, e esse caminho não tem mais volta. No Brasil, o crescimento do mercado de orgânicos é irreversível.
DR – É possível ter uma ideia do número de empresas e itens disponíveis hoje em dia?
Cruz – A diversidade de produtos orgânicos hoje disponível para o consumidor é enorme. No Organis, temos 70 associados que, somados, ofertam mais de 1.000 produtos, atendendo não só os segmentos de alimentos e bebidas, mas também de produtos de limpeza, higiene, vestuário, cosméticos, produtos pet e muitos outros. Além disso, na Bio Brazil Fair – Biofach América Latina, no início de junho, pudemos ter um retrato bem apurado do enorme crescimento do mercado de orgânicos. Foram 174 expositores, 33% a mais do que em 2018.
DR – Snacks e confeitos/guloseimas são categorias com crescimento explosivo no filão orgânico, não?
Cruz – No segmento de snacks e confeitos, contar com ingredientes orgânicos está se tornando um importante diferencial competitivo, pois eles vão ao encontro das expectativas do consumidor consciente, que está disposto a pagar mais por produtos que agreguem valor em termos de saúde e bem-estar, e que ofereçam contrapartidas ecológicas e ambientais. O setor de autosserviço já percebeu isso, e está dedicando cada vez mais espaço para eles em suas gôndolas.
DR – Há alguma previsão de quanto esse mercado vai crescer este ano e nos próximos?
Cruz – Muito provavelmente o mercado repetirá neste ano o crescimento de dois dígitos alcançando em 2018, devendo fechar em torno de 20%. No Brasil, temos 19.200 unidades produtivas cadastradas no Ministério da Agricultura, e o faturamento do setor ficou, em 2018, na faixa dos R$ 4 bilhões. Nossas exportações de orgânicos chegaram a 130 milhões de dólares. Não há dúvidas de que vamos continuar crescendo fortemente.•
