Prevendo o encalhe generalizado de ovos de Páscoa, as grandes varejistas – canal por excelência do setor de chocolates – encaminharam aos fabricantes pedidos para a realização de promoções, com redução nos preços, na semana da comemoração e a prorrogação das vendas pelo menos até o fim do mês. Até esta semana que antecede a data, as grandes redes de autosserviço ainda contam com estoques de 80% a 85% dos pedidos, sendo que algumas cadeias cancelaram o recebimento do restante. No autosserviço, ovos e figuras de chocolate poderão ser comprados pela internet de 13 até 30 de abril. Já no atacado, sob a coordenação da rede Chocolândia em parceria com 12 empresas fornecedoras, as ações com descontos permanecerão de 17 de abril até 14 de junho, repassa Osvaldo Nunes, diretor presidente da cadeia atacadista com dez unidades na Grande São Paulo. “Vendemos apenas 35% das cerca de 3 mil toneladas (t) oferecidas na campanha atual. Nessa mesma época do ano passado, já tínhamos desovado 85% dos volumes”, compara Nunes.
Com a participação da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Apas (Associação Paulista de Supermercados) e Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Amendoim e Balas), a campanha de prorrogação das vendas de ovos será feita apenas através das redes sociais de cada rede supermercadista. Já as promoções nas lojas da Chocolândia serão divulgadas pela TV. Conforme a Apas, a expectativa é mitigar o impacto previsto de queda de 8,5%.
Na linha de frente da oferta de ovos, figuras e confeitos de chocolate, a Nestlé considera missão ainda incipiente quantificar o impacto da quarentena nos negócios como um todo, inclusive nas vendas de Páscoa. No fim de março, já sob a quarentena, a companhia seguia em ritmo normal de produção, com algumas alterações. Com 25 fábricas no país, implantou o terceiro turno de trabalho em boa parte das linhas para que os funcionários mantenham distância segura, além de reforçar medidas sanitárias adotadas nas últimas semanas. “Nenhuma linha de produção foi interrompida e, nas áreas administrativas, foi acionado o trabalho remoto, sendo que, dos cerca de 30 mil funcionários da empresa, menos de 400 estão em férias agora e não há planos de ampliar esse número”, repassa Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil.
Segundo ele, as decisões na ala da produção, antes definidas com antecipação de um mês ou mais, agora são avaliadas diariamente. “Existe uma grande preocupação com o abastecimento. Estamos presentes em 99% dos lares brasileiros e existe agora um grande estresse emocional. A falta de produto nas lojas pode causar um estresse maior. Estamos trabalhando 24 horas por dia para garantir que todo o varejo esteja abastecido”, assinala.