Há quatro anos Doce Revista publica em sua seção Consultores a análise das cotações de açúcar e cacau, insumos básicos da indústria de confectionery, elaborada pelos titulares de duas das mais renomadas consultorias da área no país – JOB Economia e Planejamento e TH Consultoria e Estudos de Mercado. A movimentação de outubro pode ser conferida na presente edição. Em recente avaliação, a JOB revisou sua projeção para a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul, principal região produtora do país, para a safra de 2015/2016. A consultoria prevê que o volume processado de cana será 3 milhões de toneladas (t) maior do que o estimado no início do ano, mas o teor de açúcar na cana (ATR) será 2,2% menor, isto é, cai para 133 quilos/t. O florescimento da cana, fenômeno causado por condições adversas de clima, na região centro-oeste paulista, é o principal fator para a redução no rendimento industrial desse insumo. Assim, a consultoria projeta que a quantidade de açúcar e etanol fabricada cairá 1,87%, para 78,5 milhões de toneladas no Centro-Sul. Em abril, a JOB havia estimado uma quantidade de produtos de 80 milhões de toneladas. Toda redução recairá sobre o açúcar, cuja produção, conforme a consultoria, será de 29,9 milhões de toneladas no Centro-Sul ou 2,4 milhões de toneladas a menos do que as 32,3 milhões de toneladas estimadas em abril. Na opinião da consultoria, a produção de etanol nesta safra será de 27,7 bilhões de litros, 700 milhões de litros a mais do que o estimado em abril. Por conta de uma demanda por etanol muito forte, a safra não terá excedente, conclui a JOB.
Já a moagem de cacau na safra encerrada em setembro ameaça ser a pior em seis temporadas, constata a TH Consultoria. A indústria processadora registrou ao longo da safra internacional de 2014/2015 seu pior desempenho, desde a temporada de 2008/2009. Conforme levantamento da TH, foram moídas na última safra 223.559 t da amêndoa. O volume representa uma redução de 6,68% em relação ao total processado no ciclo anterior. A atividade chegou a esboçar uma recuperação no terceiro trimestre deste ano, mas foi incapaz de reverter a tendência desde o início do ciclo. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o processamento cresceu 1,12%, totalizando 57.620 t. Já em comparação ao segundo trimestre do ano, houve um crescimento de 9,04%. A TH também informa que houve uma queda substantiva nas importações de cacau e derivados (líquor, manteiga, torta e pó), que somaram 43.053 t, uma redução de 35% perante as importações da safra 2013/2014. O cacau em grão representa um quarto das importações do setor, observa a consultoria. A diminuição das compras de matérias-primas no mercado internacional e do uso da amêndoa nas fábricas instaladas no país não significa que a demanda interna de chocolate está em declínio. Pelo contrário, as importações de chocolate e afins aumentaram 14% na safra global de 2014/2015, que chegou a 26.298 t. De acordo com a TH, houve também um aumento nas exportações de cacau e derivados (destaque para manteiga e pó) entre a safra anterior e a de 2014/2015 da ordem de 17%, alcançando 70.195 t. Em receita, esses embarques renderam US$ 256.131 milhões, correspondentes a uma elevação de 24%. Já as exportações de chocolate recuaram 16% em volume, para 24.458 t, e 15% em faturamento, somando US$ 95.048 milhões, conclui a consultoria. •