O cenário mais otimista para o setor de máquinas neste ano aponta para uma queda de 7,5% no faturamento das empresas. Nos doze meses até junho, os fabricantes de bens de capital mecânicos acumularam receita líquida de R$ 72,7 bilhões, repassa a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Essa visão mais confiante considera que, até dezembro, as empresas consigam atingir R$ 80 bilhões. Para se ter a dimensão do declínio, a entidade informa que a indústria tinha alcançado o patamar de R$ 120 bilhões em vendas em 2012. Nem todos os segmentos, no entanto, estão automaticamente enquadrados nesse prognóstico. Na ala de embaladoras, mais especificamente de linhas para empacotamento de refrescos em pó, a história é um pouco diferente. “A demanda de linhas para o mercado de sucos em pó se manteve estável até 2015 e, no acumulado deste ano, acusa uma leve queda”, informa Kim Roberts Iegoroff, porta-voz da área de marketing do grupo Masipack, termômetro das vendas no setor de máquinas embaladoras automáticas.
Para ele, esse movimento não significa necessariamente um dado negativo, uma vez que as linhas instaladas nos últimos anos são aptas a atender uma alta na demanda, dispensando a necessidade de investimentos de curto prazo. Se de um lado a aquisição de equipamentos novos não aumentou, os segmentos de peças de reposição e assistência preventiva viram os pedidos crescerem. “A estimativa desse avanço é em torno de 5% até 2017”, repassa Iegoroff.
Uma prova desse descolamento da crise vivida por esse setor é o avanço geral do grupo Masipack que, nos últimos cinco anos, cresce a uma média anual de 10% e se prepara para expandir os negócios para o exterior. Na cena atual, as exportações abocanham cerca de 30% das vendas e a ideia é elevar a fatia para 40% já em 2017, sinaliza o executivo.
Os redutos de alimentos e bebidas representam hoje em torno de 65% das vendas de embaladoras e linhas periféricas da Masipack e Fabrima, grife do setor controlada do grupo. Com capacidade instalada para 350 equipamentos anuais, a empresa é a número um no fornecimento de máquinas para embalagem e fim de linha em operações de refrescos em pó.
A estrela do portfólio de mais de 70 itens para a aplicação é a embaladora vertical Ultrabag, que opera o acondicionamento de produtos em pó, granulados, pastosos ou líquidos em sachês de até quatro soldas, com velocidade de até 1.200 pacotes por minuto (ppm), detalha Iegoroff. Com estrutura enclausurada, que facilita limpeza e manutenção, ela pode ser integrada a encartuchadora para montagem de displays, permitindo que os refrescos em pó embalados saiam direto da linha de produção para o estoque ou ponto de venda (PDV).
Parceria no fornecimento
Além de atender os principais fabricantes do segmento de produtos em pó, que inclui na lista nomes como Mondelez, Nestlé, Unilever, Arcor e PepsiCo, a Masipack também dá suporte ao crescente filão de empresas de porte intermediário, que avança regionalmente em outros pontos do país. Entre os cases de sucesso da Ultrabag, Iegoroff cita a fabricante de bebidas em pó Neilar, com planta em Rio do Sul (SC). Jaison Rodrigo Faria, gerente de suprimentos da empresa, informa que a parceria no fornecimento de máquinas vem sendo mantida há 12 anos. A mais recente aquisição inclui duas linhas contínuas Ultra Sachet 450 e duas encartuchadoras horizontais CAT Display. “As linhas foram instaladas em 2013 para a linha de refrescos Pop Fruta, destacando-se pela simplicidade de operação, repetitibilidade e confiabilidade, com níveis excelentes de precisão na pesagem dos refrescos em pó”, avalia o gerente. A Neilar, aliás, estreou no segmento de bebidas em pó, com equipamentos da Masipack, ainda hoje em operação, totalizando quatro linhas integradas. “O parque é formado por dois conjuntos semiautomáticos e dois automatizados, mas já encomendamos uma terceira linha automatizada, programada para ser instalada em março de 2017”, adianta Faria. Segundo ele, a Neilar atua há 17 anos no mercado de refrescos em pó, seus produtos são distribuídos para todo o Sul e parte do Sudeste, Norte e Nordeste e a marca Pop Fruta detém cerca de 2% de participação no segmento.
Iegoroff avalia que a queda no poder aquisitivo da população pode ter favorecido o consumo de refrescos em pó. Para ele, a arrancada no consumo em geral, registrada antes de a economia entrar em recessão, fez a demanda na categoria migrar para produtos de maior valor, como sucos e néctares prontos para consumo. “Agora, pode estar acontecendo o caminho inverso, com os consumidores retomando o hábito de um produto mais em conta, como é o caso dos refrescos em pó”, analisa ele. •