Com a produção e a demanda mergulhadas em fogo brando, o setor nacional de confeitos (confectionery) sai à caça de oportunidades para tentar equilibrar os investimentos feitos em expansão de capacidade no período em que o país ainda crescia. Essa busca se intensificou em torno da palavra inovação, hoje em dia o mais procurado ingrediente dos desenvolvimentos engendrados nas incubadoras de fábrica. Com tacadas sempre nessa direção a indústria de chocolates e candies vem marcando tentos pontuais, como capta o balanço do setor da presente edição. Um dos pontos em comum entre as sacadas positivas é o enquadramento das linhas às tendências de consumo em voga na cena global. O aguçamento da curiosidade nacional por produtos mais saudáveis, por exemplo, vem estimulando a expansão de nichos, como o de variantes de guloseimas funcionais e orgânicas. A propósito dessas vertentes, a 45.ª edição da mostra alemã ISM, maior vitrine global do setor de confectionery, promovida em fevereiro passado em Colônia (Alemanha), colocou em relevo novidades que, no conjunto, expressam a formação das tendências mais vanguardistas, a exemplo de apostas desdobradas justamente da onda de saúde e bem-estar. Ainda mais radicais, tarjas emprestadas de alimentos especiais, como organic food, gluten free, veggie (vegetariano ou vegano) e low lactose/fructose, tingiram as embalagens de confeitos e guloseimas em exibição na mostra. Transposta para a arena local, uma pesquisa sobre o comportamento do consumidor realizado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria com as consultorias Nielsen e a Kantar Worldpanel captou que alimentos saudáveis crescem acima da média e um em cada três brasileiros (32% do total) afirmam que saúde e qualidade de vida são suas maiores preocupações. Assim, o segmento dos orgânicos corresponde à tendência e, neste ano, 17 produtores, responsáveis por cerca de 200 itens, se concentraram na segunda edição do Espaço Orgânico, armado na feira da Apas, em maio passado. Foram cinco a mais que no ano anterior. Um estande conceito de 100 metros quadrados foi concebido pelo projeto Organics Brasil – uma ação conjunta da iniciativa privada com o IPD (Instituto de Promoção do Desenvolvimento) e da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) com empresas exportadoras – para apresentar as novidades do segmento a compradores internacionais e orientar o trade na comercialização dos itens. A iniciativa visou, sobretudo, demonstrar que o segmento vai além de frutas, legumes e verduras (FLV), oferecendo produtos industrializados, chocolates e candies inclusos, com potencial para estimular a fidelização do consumidor com a criação de espaços saudáveis. Segundo os responsáveis pelo projeto, o setor de orgânicos fechou 2014 com faturamento em torno de R$ 2 bilhões e, este ano, deve avançar entre 25% e 30%. A empresa de pesquisa britânica Organic Monitor estima em US$ 10,4 bilhões o tamanho do mercado de produtos orgânicos em todo o mundo, com vendas concentradas na América do Norte e União Europeia. Os Estados Unidos, repassa a entidade, são o maior mercado, com crescimento anual de dois dígitos. Segundo relatório da OTA – Organic Trade Association – os produtos orgânicos são responsáveis por até 4% do mercado de alimentos nos Estados Unidos, onde cerca de 80% da população já passaram por uma experiência de consumo na categoria. Por outro lado, um levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que o reduto de alimentos funcionais somou 91 novos registros em 2013 contra 178 catalogados no exercício anterior. Atualmente, a agência contabiliza 734 produtos aprovados, principalmente nos segmentos de “alegações de propriedades funcionais ou de saúde” e “substâncias bioativas e probióticos com alegações de propriedades funcionais ou de saúde”. Dados da Euromonitor International indicam que o país movimenta US$ 10 bilhões com as vendas do setor, cujo crescimento até 2017 deve alcançar 19%. •