Análise da GfK, consultoria especializada em pesquisa de comportamento de consumo, indica que o mercado de vizinhança continua bastante competitivo frente aos modelos de hiper e supermercados. Com mais de 13 mil especialistas em pesquisa de mercado e vasta experiência em ciência de dados, a companhia alemã fornece insights globais, combinados à inteligência de mercado local, em mais de 100 países. Marco Aurélio Lima, diretor executivo da empresa no Brasil, comenta que a mais recente varredura doméstica envolveu consulta a 400 varejistas e mostrou uma continua evolução no formato de vizinhança, responsável por pulverizar itens distribuídos pelos atacados, incluindo as categorias do setor de confeitos (confectionery). Na entrevista a seguir ele detalha a pesquisa da GfK.
DR – O que a consulta apurou com relação à expectativa de confiança dos varejistas?
Lima – De acordo com os entrevistados, o ano de 2017 iniciou carregado de incertezas e preocupações, como queda do poder do consumidor, aumento de tributos, inflação, redução de lucro e aumento no custo dos produtos. Esses e outros fatores decorrentes da instabilidade econômica eram capazes de retroceder parte de todo trabalho desenvolvido para o crescimento dos pequenos varejistas em seus bairros. Porém, o estudo revelou que, ao contrário do que se imagina, a expectativa de confiança do varejista reverteu, chegando a crescer 57% em relação aos dois últimos anos, conforme mostra o primeiro dos gráficos.
DR – O mercado de vizinhança ficou mais competitivo em relação aos super e hipermercados?
Lima – A profissionalização dos pequenos varejistas e o forte investimento em novos serviços nos últimos cinco anos têm feito à competitividade crescer cada vez mais entre o comércio de bairro e os hiper e supermercados. A pesquisa da GfK captou que as variações de preços ocorreram em quase todas as categorias – incluindo candies – e os alimentos ficaram bem acima do IPCA, com 15,7% contra 6,29%, seguida pelos perecíveis com 14,2% e bebidas não alcoólicas com 9,3%. A diferença de preços entre canais ocorre em algumas categorias, porém, se mantém similar no total geral. Por exemplo, considerando alimentos enquadrados nas categorias que continuam caras no mercado de vizinhança, a diferença ficou em 6,1% em relação a super e hipermercados. Entre as categorias que continuam mais baratas no mercado de vizinhança o destaque foi para higiene, com 7% de variação mais em conta do que em super e hipermercados.
DR – Quais as conclusões a respeito da formação dos profissionais que trabalham no mercado de vizinhança?
Lima – O estudo comprova também que quanto maior for o número de profissionais especializados com formação superior e gestão de tecnologia, maior será a receita. Hoje, 26% dos gestores do varejo de vizinhança são mulheres, 20% homens com ensino superior, 23% homens jovens e com algum tipo de curso ou profissionalização e 31% seguem o antigo padrão “lápis na orelha”. •