A indústria de alimentos e bebidas enfrenta o desafio de atender as novas exigências do consumo. Grandes companhias registram perdas para concorrentes de menor porte e, para reagir a essa ofensiva, têm atuado em várias frentes. Além de promover mudanças nas formulações, acenam com aquisições de empresas e buscam se aproximar de startups. Para suprir demandas originadas pela disseminação da onda de saudabilidade, tentam reduzir os índices de açúcar, sódio, gorduras, conservantes e ingredientes sintéticos em suas linhas de guloseimas. Em paralelo, investem em aquisições para ampliar a oferta de produtos considerados mais saudáveis. Mesmo assim, dados da Euromonitor International flagram que, entre 2012 e 2017, a participação da Nestlé na cena mundial de alimentos, por exemplo, baixou de 3% para 2,8%; a da Mondelez caiu de 2,1% para 1,9% e a da Unilever se reduziu de 1,7% para 1,5%. Em bebidas, a fatia global da Coca-Cola diminuiu de 19,8%, para 17,6% e a da rival Pepsico baixou de 9,6% para 8,4%. Fora joint-ventures operacionais, esses grupos testam parcerias com aceleradoras de startups para introduzir itens que atendam às novas exigências de consumo, principalmente da chamada geração millenial (dos 18 aos 34 anos), mais preocupada com dieta e saúde. Junto com a Endeavor Brasil, a Nestlé seleciona desde julho startups que participarão de um programa de aceleração de projetos. Segundo a companhia, esse mapeamento vai orientar a tomada de decisões para futuro intercâmbio de tecnologia ou até mesmo a aquisição dessas operações. Além de buscar startups, a Nestlé desenvolve produtos sob um modelo de “inovação aberta”, que já resultou em uma linha de chocolates recheados com a marca Talento e no Smoovlatté, bebida que mistura café e chocolate sob a grife Nescafé. A Unilever também aciona um programa de aceleração em parceria com a Liga Ventures. Startups estão sendo selecionadas e a ideia é se juntar com quem faz um trabalho inovador para conferir escala e agilidade a essas novatas. Dentro desse espírito, a companhia adquiriu pequenas empresas no exterior, como a Pukka Herbs, de chás orgânicos, e a Sir Kensington’s, de molhos veganos. No Brasil, incorporou no ano passado a Mãe Terra, de alimentos orgânicos e naturais. A Pepsico também investe em companhias novatas na América Latina por meio do prêmio Eco Desafio. Os projetos vencedores na área de inovação em nutrição recebem investimento de US$ 5 mil e participam de um programa de capacitação com especialistas da área. A companhia também aposta em aquisições e assumiu , em 2009, o controle da Kero Coco e da Trop Coco. Já a Mondelez, dona da Lacta, tem se concentrado no desenvolvimento interno de produtos e em aquisições. Recentemente, concluiu a compra da Tate’s Bake Shop, marca americana de biscoitos finos e, no localmente, aumentou a quantidade de grãos integrais e cereais em 25% do seu portfólio, além de ter reduzido teores de açúcar, sódio e gorduras de seus produtos. •