Mais chocolate artesanal
Frente ao emagrecimento na demanda de confeitos tradicionais nos mercados desenvolvidos, por conta de os consumidores substituírem itens açucarados por guloseimas saudáveis, empresas de alimentos estão tentando aumentar os apelos de produtos como o chocolate. As táticas incluem investidas ousadas como as barras de chocolate da alemã Ritter Sport, formuladas com cânhamo e maconha (que não deixam ninguém dopado), novos sabores e cores, além de fórmulas com menos açúcar, informa a agência Bloomberg. Outras fabricantes de chocolate estão diversificando a oferta, a exemplo da americana Hershey, que introduziu sua clássica barra de chocolate há 120 anos, agora incursionando por pipoca e batata frita, e a Mars ao anunciar que pretende comprar participação na empresa de lanches saudáveis Kind. A Nestlé, por sua vez, decidiu vender sua unidade de confeitos (confectionery) nos Estados Unidos devido à queda na receita e ao foco em outras categorias como café e água. Especialistas no ramo sustentam que o açúcar agora é o novo tabaco. Os consumidores estão se afastando das marcas tradicionais de chocolates formulados com açúcar e optando por alimentos mais saudáveis. As maiores companhias do setor já captaram a tendência e estão se transformando em empresas de lanches (snacks), em vez de se concentrarem apenas nas linhas de chocolate. Embora cotações em baixa do cacau no mercado internacional tenham ajudado a melhorar a demanda mais recentemente, há um impulso crescente para desestimular o consumo de açúcar, que compõe quase metade de uma barra de chocolate comum. Grupos que são contra a ingestão do adocicado ingrediente estão pedindo que as pessoas reduzam seu consumo. E nessa onda salutar, alguns governos estão taxando bebidas açucaradas, por exemplo. Em resposta às preocupações com a saúde, a Nestlé colocou à venda, no Reino Unido e na Irlanda, barras menos calóricas do chocolate Milkybar, como parte de um programa para utilizar 30% menos açúcar. Em outra ofensiva, a Hershey comprou por quase US$ 1 bilhão a Amplify Snack Brands, que também vende barras de proteína, exemplificando como a indústria está se ramificando para enfrentar a queda na demanda por produtos açucarados. A medida foi tomada num momento em que a Euromonitor International projeta queda nas vendas de chocolate em 2018 na Europa Ocidental e na América do Norte. Mas existem alguns pontos positivos para o consumo de chocolate. As vendas de marcas premium, como Lindt & Spruengli, estão em alta, e a demanda nos países em desenvolvimento, como o Brasil, cresce com os consumidores cada vez mais dispostos a pagar mais pelo chocolate amargo, que contém mais cacau e menos açúcar. A geração dos millennials também é receptiva a experimentar inovações nas variedades, estimulando a criação de mais sabores e as marcas artesanais. Com as pessoas buscando cada vez mais sabores e aromas diferentes a conclusão dos especialistas é de que, daqui para frente, haverá muito mais chocolate do tipo artesanal no mercado global. ■
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.