A vanguarda do chocolate
Embora as vendas do comércio para a Páscoa tenham cravado apenas 3,2% de crescimento em 2018, segundo levantamento da Boa Vista SCPC, a indústria de chocolate do país alcançou um importante feito. Nunca houve tanta escolha para os fãs de guloseimas à base do produto. De acordo com o Banco Global de Novos Produtos (GNPD/Global New Products Database) da consultoria Mintel, houve um aumento de 23% nos lançamentos de chocolate voltados para a Páscoa no período de março de 2017 a fevereiro de 2018, oferecendo uma infinidade de opções de chocolate em todo o mundo. “Os países que lideram a inovação em chocolates de Páscoa incluem o Brasil, que respondeu por 11% dos lançamentos globais, seguido pela África do Sul, Alemanha e Reino Unido, cada um com 10%; e França, com a fatia de 9%”, repassa Marcia Mogelonsky, diretora de insights da área alimentícia e de bebidas da consultoria. Na entrevista a seguir, ela detalha a posição alcançada pelo Brasil nos lançamentos globais.
DR – Qual o desempenho dos lançamentos na categoria de chocolate em todo o mundo?
Marcia – Refletindo a importância dos produtos sazonais como um todo, em 2017, quase um quarto (23%) dos lançamentos mundiais de chocolates foram posicionados como sazonais, lançados para o Natal, Páscoa, Dia dos Namorados e Halloween. No geral, os EUA e a Alemanha lideram em termos de desenvolvimento total de novos produtos de chocolate (NPD), cada um representando 8% dos lançamentos em 2017. Depois vêm a França, com 7%; Reino Unido, com 5% e o Brasil,
com 4%.
DR – Qual é a posição da Páscoa entre os sazonais?
Marcia – A data representa um desses momentos de “permissão de excessos” em que os consumidores gostam de presentear e ganhar guloseimas de chocolate.Também marca uma época de aumento da inovação na confeitaria, à medida que os consumidores buscam mais e mais novidades. O Brasil continua no topo do ranking em termos de desenvolvimentos e parece que não há fim para o apetite dos brasileiros pela inovação do chocolate de Páscoa. O motivo por trás desse sucesso sazonal no Brasil é o ovo de Páscoa. Ele é um “must have” para os consumidores e uma parte importante da indústria brasileira de chocolate. Trata-se do evento anual mais importante em termos de novos itens à base de chocolate no país, com uma riqueza de variações inundando o mercado, tanto das chocolaterias especializadas quanto das mais convencionais.
DR – Quem lidera hoje o ranking do lado do consumo e qual a posição do Brasil?
Marcia – Em todo o mundo, ninguém ama tanto chocolate quanto os britânicos. O britânico médio consumiu 8,4 quilos de chocolate em 2017. Logo depois estão os suíços – na Suíça cada pessoa consumiu 8,3 quilos –, seguidos de perto pela Alemanha, com 8,2 quilos. Entre os 10 maiores consumidores de chocolate per capita, a Rússia registrou o maior aumento, de 2,2%. Enquanto isso, a Áustria registrou o declínio mais acentuado, com -1,9%. Estima-se que o brasileiro consumiu 1,2 quilos de chocolate em 2017.
DR – Como aparecem os diferentes tipos de chocolate no banco global de novos produtos?
Marcia – Enquanto a sedução do chocolate continua forte, parece que muitas pessoas os consomem como um elemento de autocontrole. De acordo com o GNPD da Mintel, os lançamentos globais de produtos de chocolate posicionadas como “mordidas” cresceram 50% nos últimos cinco anos; com “chocolates finos” vindo não muito atrás, aumentando 48% em relação ao mesmo período. Assim como os formatos pequenos estão aumentando em popularidade, os consumidores estão perdendo o apetite pelas versões ”light” do produto – em referência a variedades com pouco açúcar ou baixo teor de gordura. Lançamentos de produtos descritos como light caíram 22% entre 2013 e 2017.
O crescimento do mercado de chocolate do tamanho mordida, por sua vez, aponta para a tendência atual de tolerância permissível. Pré-medidos, pacotes de 100 calorias de chocolate ou outras guloseimas perdem a popularidade à medida que o consumidor se afasta de dietas com contagens rigorosas de caloria. Oferecer aos consumidores chocolate do tamanho de uma mordida ou do tipo fino fornece uma maneira mais fácil de controlar o que
se come.
DR – O que o GNPD apurou em relação à dietas vegetarianas?
Marcia – A pesquisa da Mintel também destaca um potencial considerável para o chocolate vegano em toda a Europa. Mais da metade dos consumidores de chocolate na Espanha (55%), França (53%) e Polônia (53%) estão interessados em chocolate vegano, com suas contrapartes na Itália (48%) e Alemanha (44%) ficando um pouco atrás.
Atualmente, há um foco na alimentação baseada em vegetais no setor de chocolate. Os fabricantes respondem a esse crescente interesse substituindo o leite de vaca por leites derivados de nozes ou grãos em produtos de chocolate ao leite. Em alguns mercados, isso pode estar respondendo a uma necessidade potencial, mas ainda não articulada. ■
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