Paixão por brigadeiro

Referência de chocolate belga no mundo traz novas decorações e embalagens menores
Chocolate Callebaut minipérolas sortidas de chocolate branco, amargo e ao leite.

Principal grife global de chocolate para confeitaria fina, a belga Callebaut introduz seis opções de itens para o preparo e decoração de brigadeiros, bombons e sobremesas em geral. Além da linha Mini Crispearls, de minipérolas crocantes sortidas de chocolate branco, amargo e ao leite, em caixa de 425g, ela disponibiliza os flocos grandes de chocolate ao leite Chocrocks em sacos de 2,5 quilos e a variante de flocos pequenos de chocolate ao leite Mini Chocrocks, em potes de 600g. “É uma forma de homenagear a paixão dos brasileiros pelo brigadeiro”, frisa Fernando Brull, gerente de marketing da Barry Callebaut, detentora das marcas Callebaut, Cacao Barry e Sicao. Já para aplicações em bolos e tortas, a marca insere a linha de raspas grandes de chocolate Butter Curls, nas versões amargo, mesclado e branco, em caixas de 400g; e embalagens menores dos palitos de chocolate amargo e branco Rembrandt Pencils, em caixas de 900g, além dos palitos de chocolate marmorizado Van Gogh Maxi Pencils, também nas versões amargo e branco, em caixas de 95g, alinha Brull. “E para trufas e bombons, disponibilizamos as tradicionais trufas ocas, que vêm prontas para serem recheadas e decoradas, agora encontradas em caixas de 340g com 126 unidades cada”, informa o executivo. Até então, completa ele, só era possível adquirir caixas com 504 unidades. Na entrevista a seguir, Brull comenta a atuação da Barry Callebaut no mercado de chocolate gourmet no Brasil. Com mais de 100 anos, a empresa produz desde a amêndoa do cacau até o chocolate e, apesar de fabricar a linha Sicao no Brasil, a marca Callebaut é importada da Bélgica.

Brull, da Barry Callebaut meta é dobrar vendas de chocolates e itens de decoração.

DR – O que muda com a oferta maior de itens de chocolate gourmet e a linha decorativa?
Brull – Estamos aos poucos introduzindo mudanças na apresentação dos produtos importados da Bélgica, adaptando as quantidades à demanda local. Por exemplo, a linha de chocolate tradicional da Callebaut agora vem em embalagem de 400g. Até então, ela só estava disponível na opção de 2,5 quilos. O consumo aqui é diferente, tem outra escala. Também lançamos aqui uma embalagem pequena para os palitinhos de chocolate, que são decorações disponíveis apenas em caixa grande no exterior.

DR – Para qual público seguem essas mudanças?
Brull – Dentro da marca Callebaut, o grande foco são os chefs, confeiteiros, chocolatiers, chefs de hotel que fazem sobremesa. Para esse púbico, além da linha de chocolate tradicional, incluindo os tipos ao leite e branco, oferecemos chocolates de origem, sem açúcar, aromatizados e especiais, além de uma linha de recheios, pastas, decorações e outras soluções, algo muito diferenciado. Hoje em dia, as pessoas estão fazendo brigadeiro e é também visando esse público que estamos oferecendo nossos itens para decoração. A maioria utiliza granulado de base açúcar ou base gordura, e o nosso produto é base chocolate. Esse sem dúvida é o grande diferencial.

DR – Como será feita a distribuição?
Brull – Profissionais de confeitarias e chocolaterias são o principal foco. As padarias são em geral trabalhadas com a linha nacional, pois como têm proposta de baixo custo, muito voltado ao preço, são atendidas com a linha Sicao. Temos notado que a demanda gourmet vem aumentando. Esse segmento era atendido diretamente pelo escritório da Barry Callebaut, mas com esse incremento hoje estamos em redes atacadistas como o Makro, Sam’s Club e Chocolândia, e também em lojas de varejo especializadas em confeitaria, tipo Bondinho e Loja Santo Antonio. Esse tipo de canal, por sinal, cresce em todo o Brasil e é através dele que atendemos o chamado informal, público formado por donas de casa e pequenos fabricantes artesanais. Esse canal representa 40-45% da demanda. As padarias abocanham em torno de 35% das vendas, inclusa a marca Sicao. Considerando a linha importada, a demanda de padaria cai para 10%.

DR – E como avalia a demanda de chocolate em geral?
Brull – O que temos observado é um avanço muito consistente na demanda de chocolate amargo. Historicamente, o Brasil sempre foi consumidor do produto mais doce, que inclui os tipos ao leite e branco. Portanto, é uma surpresa a procura pelos chocolates com maior teor de sólidos de cacau. Para se ter uma ideia desse crescimento, temos variedades com 50% de cacau e 54% de cacau, mas o que está sendo mais procurado é o de 70% de cacau. E isso se deve a vários fatores, começando por uma nítida mudança de hábitos. Com isso, o brasileiro vem buscando um chocolate de melhor qualidade, demanda essa gerada pela curiosidade sobre as tendências de saudabilidade que, por sua vez, inclui a disseminação de informações sobre a ação dos flavonóides contidos no cacau. Temos ultimamente recebido uma enorme quantidade de ligações de consumidores, perguntando ou procurando chocolate sem lactose, sem açúcar, sem glúten.

DR – Por que trazer chocolate da Bélgica, se a companhia tem fábrica no país?
Brull – Apesar de fabricarmos chocolate no Brasil, o chamado chocolate belga utilizado pelos chefs é aquele fabricado na Bélgica e não há como fugir disso. O que temos feito é introduzir cada vez mais novidades. Hoje disponibilizamos no país em torno de 50% do portfólio da matriz. A ideia é trazer lançamentos pelo menos a cada três meses. Isso inclui, por exemplo, o chocolate com 50% de cacau com fluidez 3, mas há ainda o chocolate com fluidez 2, 4 ,5. Não dá para ter tanta variedade aqui, porque o mercado ainda não comporta.

DR – E o chocolate fabricado aqui?
Brull – Ele vai muito bem. Acabamos de concluir a segunda expansão da fábrica inaugurada em 2010, em Extrema (MG). E já compramos o terreno atrás para futuras ampliações. Nessa expansão aumentamos a capacidade em 50% e dobramos a área de armazém. Estamos trabalhando para desenvolver o produto local e fazer um chocolate cada vez melhor, mas a diferença com o importado ainda é bastante grande. Uma das explicações envolve a questão regulatória. Enquanto o chocolate importado utiliza manteiga de cacau pura como gordura, aqui a legislação permite o uso de outros tipos de gordura vegetal. Também a quantidade de sólidos de cacau do chocolate daqui é menor do que o trazido de fora.

Ainda não dá também para afirmar que o chocolate produzido aqui utiliza 100% o cacau brasileiro, porque o país não é autossuficente. Em 2016, o Brasil processou cerca de 85% a 90% de cacau de origem nacional e 10-15% foram importados de Gana, uma vez que há restrição ao cacau da Costa do Marfim, maior produtor mundial.

DR – Qual a expectativa com as variedades de chocolate e itens de decoração introduzidos?
Brull – A meta que estamos trabalhando é a de dobrar as vendas para o mercado de decorações no Brasil. O país é estratégico para a empresa e, nesse reduto, praticamente inexiste concorrência local, pois a disputa é com outras marcas importadas (a exemplo da holandesa Dobla).

DR – Como a tendência de saúde e bem-estar impacta a demanda de chocolate?
Brull – A onda de saudabilidade tem influenciado positivamente a demanda local, com uma maior disseminação dos chocolates com maior teor de sólidos de cacau. Mas o tipo ao leite ainda é de longe o carro-chefe. Na linha importada, operamos duas referências do tipo ao leite e quatro de chocolate amargo, sendo que o ao leite é quase 20% das vendas locais. Do chocolate fabricado aqui, 35-40% referem-se ao tipo ao leite; o amargo representa 20-25% e o branco,10%, sendo o restante das vendas reservado a um blend de amargo e ao leite.

DR – O que a Barry Callebaut faz para aumentar a demanda de chocolate nas lojas especializadas?
Brull – Além dos cursos ministrados por chefs como Bertrand Busquet na Barry Callebaut Academy, em São Paulo, damos aulas e cursos por todo o país. Temos 11 culinaristas contratados e nossa programação atual atinge quase 1.500 aulas por ano. A demanda de chocolate é crescente. Sentimos alguma influência da crise na linha importada, com alguma migração para o chocolate nacional. Mas na Páscoa, por exemplo, vimos as pessoas deixarem de comprar ovo de Páscoa para fazer seu próprio ovo de chocolate para presentear. Assim, trabalhamos intensamente essa comunicação, de fazer o próprio ovo de Páscoa. Existe, então, essa tendência de migração do chocolate de varejo para o artesanal, pois muita gente está desempregada e aprendendo a fazer chocolate. O crescimento das vendas nesse reduto é forte. Agora demos uma reduzida, mas é algo na faixa de dois dígitos, hoje em torno de 10%. •

Deixe um comentário

Novos Tempos