A vez do sódio
A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) formalizaram um novo acordo junto ao Ministério da Saúde (MS) para reduzir o teor de sódio em produtos como massas alimentícias e pães industrializados. Desta vez, as metas serão estipuladas anualmente e o prazo de duração do programa também foi estendido para cinco anos, informa Claudio Zanão, presidente executivo da Abimapi.
Nos pães de forma, exemplifica ele, a ideia é atingir o teor máximo de 450mg de sódio a cada 100g em 2017, passando a 420mg em 2018 e 400mg em 2020.
Em 2011, a entidade já havia firmado um termo de compromisso para limitar a quantidade de sódio em biscoitos e demais produtos que representa, com resultados significativos. De acordo com o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os índices de 2016 comparados aos de 2008/2009 indicam que o biscoito recheado apresentou queda de 34% no teor de sódio, o salgado de 16,6%, e o doce de 9,6%. Já no pão de forma e no cereal matinal, o teor caiu 2,8% e 6,1%, respectivamente, repassa Zanão.
“É importante esclarecer que apesar da significativa participação do ingrediente nos alimentos processados, é no sal de mesa e dos condimentos à base de sal, que o consumo se destaca”, explica Mariana Nacarato, consultora em nutrição da entidade.
A atenção às questões que envolvem nutrição, saúde e bem-estar é uma tendência mundial, grifa ela. De acordo com a pesquisa global O Que Há em Nossa Comida e em Nossa Mente, realizada em 2016 pela Nielsen, a população está reduzindo o consumo de certos alimentos que não são considerados nutritivos e isso é reflexo de diversos fatores. Além do envelhecimento global e a preocupação de uma alimentação saudável como forma de evitar doenças crônicas, também impactam essa tendência o entendimento de que os alimentos podem ser remédios, usados para evitar ou lidar com doenças existentes. Em decorrência de tudo isso, verifica-se a formação de consumidores mais conscientes, nota a consultora.
Há nove anos a Abimapi, em parceria com entidades congêneres, vem formalizando com o MS termos de compromisso para reduzir quantidades de gorduras, sódio e açúcar nos alimentos processados.
O primeiro acordo estabelecido em 2008, rememora Zanão, tratou da redução de gorduras trans, com base em sinalização da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Para esse tipo de gordura, a entidade recomenda limites não superiores a 5% do total de gorduras nos alimentos processados. “Após dois anos, o nosso setor já havia reduzido 250 mil toneladas de gorduras trans de seus produtos, o que representa 93% de alcance das metas”, frisa o presidente da Abimapi.
Atualmente, a discussão também gira em torno do açúcar, cujo consumo no Brasil está muito acima da média recomendada. Indústrias e governo estudam a melhor forma de promover a redução do ingrediente e a Abimapi acompanha os debates para a definição de novos padrões e o cronograma para a diminuição da sacarose nos alimentos processados pelas indústrias.
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