2017, o desafio da retomada
A indústria brasileira de confectionery consolidou ao longo da última década o perfil tecnológico do seu parque industrial, estabelecendo um modelo de negócio que hoje se iguala às frentes de produção e distribuição mais avançadas do globo. Essa trajetória varou os primeiros anos da década atual com um desempenho que mescla altos e baixos, tanto na ala de chocolates como na de candies e confeitos de amendoim. Em período que cobre os últimos 10-15 anos foram injetados aportes significativos de recursos na ampliação e modernização das fábricas, bem como na instalação de novas unidades, sobretudo no Nordeste do país, região que ainda concentra o menor consumo per capita do setor. Confiante na preservação dos fundamentos macroeconômicos durante o período de expansão da economia, a indústria comemorou consecutivos balanços no azul, refletindo a crescente penetração nos balcões de consumo em todas as categorias de guloseimas.
Essa trajetória, todavia, foi interrompida com o desempenho declinante do PIB. De 2010 a 2015, a demanda brasileira de chocolates sob todas as formas, salva pela aceleração de 2011 a 2013, cravou avanço de 1,1%, enquanto a de balas e derivados recuou 12,1%. Também o consumo de confeitos à base de amendoim se estabilizou no período. Com crescimento cada vez mais reduzido nos últimos exercícios e índice de inflação fora das expectativas, o Brasil tem revisado como nunca o tamanho de seu PIB, acentuadamente para baixo, e encerra 2016 em patamar que desafia sua posição entre as nações emergentes. Refletindo alguma reação, o consumo nacional cravou leve alta nos primeiros seis meses de 2016, com variação de 3,1%, no reduto de chocolates, amargando queda de 2,5%, no de balas e derivados. Tais performances não vêm sendo assimiladas como mero acidente de percurso e o alarme no campo da indústria já promove ações em diversas frentes, desde a composição do mix e ajustes na distribuição ao redimensionamento de preços e custos, visando a rápida retomada no pulso da demanda.
Em dia com investimentos nas alas de produção, vendas e marketing, o reduto de confectionery travou ao longo do ano intensa batalha para segurar o avanço sustentado que baliza as suas incursões tanto no flanco doméstico como nos balcões do exterior. Com isso, a expectativa é a de segurar a sua atual 3ª posição na produção mundial de confectionery. Com embarques este ano menos intensos para mais de 130 destinos, o Brasil mantém firme a sua posição de global trader. Para conferir maior dinamismo ao setor nesse campo, a Abicab assumiu a coordenação de várias iniciativas, entre as quais sobressai para 2017 a interlocução com o Congresso Nacional no sentido de discutir melhor o projeto de lei (PLS 93/2015) que pleiteia aumento de 25% para 35% no teor de sólidos de cacau para confeitos de chocolate. Também nos posicionamos à frente do pleito que pede o fim do embargo ao cacau procedente da Costa do Marfim, maior produtor mundial da commodity, destituindo a exclusividade da importação do cacau de Gana. •
Ubiracy A. Fonseca
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados.
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