Em junho deste ano, a Ambev, Coca-Cola Brasil e PepsiCo anunciaram que irão deixar de vender refrigerantes em escolas, passando a oferecer apenas suco 100% integral, água mineral, água de coco e bebidas lácteas. O consumo atual de sucos integrais, aliás, já coloca a categoria na condição de número um em crescimento no setor de sucos prontos para beber, conforme reportagem de capa desta edição. Segundo estimativas desse mercado, a demanda de sucos integrais vai crescer 36,3% entre 2016 e 2018 no Brasil (ou 10,8% ao ano), chegando a 492 milhões de litros. Esse ritmo de expansão, no entanto, é bem mais lento do que no triênio anterior, quando o consumo de suco integral em embalagens cartonadas no Brasil (incluindo água de coco) subiu em torno de 30% ao ano, saindo de 167 milhões de litros em 2012 para 361 milhões de litros em 2015. Já o reduto de refrigerantes atingiu seu ponto de maturidade, com declínio nas vendas nos últimos quatro anos e redução do consumo per capita na maioria das subcategorias, incluindo refrigerantes à base de cola e de baixa caloria (diet/light). Mesmo com a esperada recuperação econômica em 2017 será difícil reverter a tendência de queda. A conclusão é de um estudo realizado pelo Rabobank, especializado no setor de alimentos e agronegócios. Baseado na pesquisa, a instituição estima uma queda de 4,5% nas vendas de refrigerantes este ano em relação a 2015, chegando a 14,9 bilhões de litros. Para 2017, a previsão é de queda de 0,7%, para 14,8 bilhões de litros. Segundo dados desse levantamento, os hábitos dos consumidores mudaram e, mesmo com a melhora na renda disponível das famílias, será difícil para a indústria de refrigerantes retomar o crescimento real nas vendas. O consumo de água engarrafada se manteve estável durante a recessão, enquanto o consumo de carbonatados caiu, mostrando que a água engarrafada tem ganhado participação, antes preenchida por refrigerantes. A contração do consumo de refrigerantes de baixa caloria começou quando a economia ainda estava aquecida. A recessão e os aumentos de preço acima da inflação aceleraram a queda do segmento. Assim como acontece em outros mercados já maduros, o consumo no Brasil cai ano a ano, à medida que cresce a percepção pública de que essas bebidas têm teores muito altos de açúcar ou adoçantes artificiais. Essa visão ainda deve impactar o consumo da categoria no futuro. Em contrapartida, alguns tipos de sucos integrais tendem a ganhar mais espaço nos próximos anos, a exemplo dos sucos funcionais, como detox e com ação antioxidante; sucos que misturam frutas e verduras; sucos nos sabores cranberry, manga e água de coco; e bebidas chamadas totalmente naturais, ou seja, que não possuem adição de açúcar, conservantes e usam ingredientes orgânicos e sem transgênicos. Os principais fabricantes têm aproveitado essas tendências. A Sucos Del Valle, da Coca-Cola, por exemplo, entrou no mercado de suco 100% integral em janeiro de 2015. A Do Bem, comprada este ano pela Ambev, também oferece suco 100% integral pronto para consumo em diferentes sabores e com preços acima da média do mercado. •