Desde julho, uma proposta da Nestlé ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a solução da pendência de concentração envolvendo a compra da Garoto, em 2002, está sob análise do conselheiro Alexandre Cordeiro Macedo. Até o início de setembro, ele ainda não havia sinalizado quando levará o caso ao plenário. Vozes do ramo cogitam que a Nestlé propõe perder a liderança em chocolates, dando solução a uma disputa de 12 anos entre a empresa e o Cade. Em 2004, dois anos após a aquisição da Garoto, o conselho decidiu impedir a união ao concluir que a Nestlé totalizaria 58% do mercado de chocolates no país, com prejuízo para a concorrência. A Nestlé foi à Justiça e, em 2007, obteve vitória em primeira instância, abrindo disputas nos tribunais.
A proposta envolve a venda de algumas marcas, ainda não especificadas. Segundo o jornal O Globo, a Nestlé estaria disposta a se desfazer do Serenata de Amor, marca campeã de bombom da Garoto. No ano passado, a fatia total da Nestlé no mercado brasileiro era de 43%, cabendo 23% à operação da Garoto. Segundo dados da Euromonitor International, a Hershey elevou sua participação de 3% para 4% entre 2006 a 2015 e a Ferrero ganhou um ponto percentual em igual período, subindo para 3,7 %. Vice-líder do mercado de chocolates, a Mondelez saiu de uma fatia de 33% para 31%, em nove anos, capta a consultoria.
Desde o veto do Cade, a Nestlé e a Garoto mantêm operações e administrações separadas. A Garoto encerrou 2015 com lucro líquido de R$ 35,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 158,4 milhões informado 12 meses antes. Em maio, o Cade e a Nestlé anunciaram que estavam, em conjunto, retirando ação relativa ao caso Garoto da justiça comum. Em nota, a Nestlé informa que “com a evolução do marco legal do antitruste, mediante a entrada em vigor em 2012 da nova lei concorrencial, é natural que casos judicializados da lei anterior sejam resolvidos”.