Na garupa da receptividade a produtos de conveniência, de apelo natural e enquadrados no cânone da saúde & bem-estar, os snacks de cárneos se animam a botar a cara para fora. “A entrada de Salamitos abriu o mercado a esta nova categoria de snacks protéicos”, percebe Edson Passos, gerente de pesquisa e desenvolvimento da subsidiária local da norte-americana Bemis, fornecedora global de laminados para essa linha de salgados, inclusive para Salamitos, lançamento da BRF Brasil. Não é de hoje que snacks protéicos tentam penetrar no país nº1 na produção global de carnes. Em 2010, por exemplo, foi noticiada a criação de joint venture do grupo JBS com a marca norte-americana Jack Link’s em torno de duas fábricas de beef jerky (produto similar à carne seca) em São Paulo. Enfim, como Passos sustenta, Salamitos saiu na frente. Na entrevista a seguir, ele fala das perspectivas para o segmento de snacks protéicos no cenário atual.
DR – Por quais motivos os snacks protéicos não deslancharam no Brasil até hoje?
Passos – Eles são uma tendência mundial, mas realmente não passam de poucos e eventuais lançamentos de produtos efêmeros. A Bemis participa ativamente no fornecimento de embalagens para esse setor nos EUA e pretende fazê-lo aqui no Brasil também. A entrada do Salamitos, a linha pocket de petiscos da Sadia (grupo BRF), deu abertura a essa nova categoria e já estamos tendo resultados com o produto, dando indícios de que essa movimentação é uma iniciativa de sucesso.
DR – Quais indicadores de que esse quadro pode mudar a curto prazo?
Passos – O grande indicador é a mudança da visão de grandes fabricantes, com base nas tendências mundiais de comportamento de consumo. Não há como ficar de fora da tendência e as primeiras iniciativas já vêm ocorrendo. Alguns clientes já nos procuram para estudarmos desenvolvimentos para essa categoria.
DR – A perda do poder aquisitivo sob recessão inibe lançamentos de snacks protéicos no Brasil?
Passos – A recessão é um fato inquestionável, mas pode representar o momento certo para criar um novo hábito que estará consolidado no momento em que o país estiver novamente com a economia em desenvolvimento.
DR – Maior produtor mundial de carne, o Brasil também tem expressiva parcela a população formada por Millenials e adeptos da cultura da saúde e bem-estar e do consumo on the go. Qual razão de todo esse potencial ainda não ter sido aproveitado pelos snacks protéicos?
Passos – Diante da preocupação com a saúde e o bem-estar e da agilidade e movimento dessa nova geração, a Bemis viu a oportunidade de trazer essa tendência para o Brasil, abrindo a categoria em parceria com a BRF. A tendência está em expansão em todo o mundo, por isso a Bemis enxerga muita oportunidade de crescimento no país e está aproveitando todo esse potencial que tende a avançar ainda mais. O grande exemplo é o lançamento do Salamitos, que sinaliza mudança de hábito de consumo. Outro caso é o da embalagem abre fácil com refechamento, que traz praticidade no uso e o atendimento das normas sanitárias que estão sendo implantadas no Brasil.
DR – Quais as principais diferenças entre a embalagem-padrão de snacks convencionais (batata frita, amendoim) e a de snacks protéicos?
Passos – Os snacks tradicionais têm características próprias e a mais importante é a sensibilidade à umidade, que pede barreira específica. Já os snacks protéicos podem se deteriorar pela oxidação e precisam, essencialmente, de proteção ao oxigênio, egigindo embalagens com propriedades próprias a este fim.
DR – Quais as melhorias ofertadas pela Bemis no Brasil para embalagens flexíveis e rígidas de alimentos on the go?
Passos – Estamos constantemente desenvolvendo e lançando produtos, sempre com a ideia de aumentar a proteção e a praticidade no uso. Cito por exemplo o copo Dan Up, lançado pela Danone, que combina praticidade e proteção, com muita segurança no uso por meio da tampa com trava de segurança. Ainda sem planos de desembarque por aqui, outro caso interessante é o da embalagem “microondável” (microwavable, em inglês) da Campbell’s, com sistema de abertura quando aquecido (self-venting), lançado recentemente nos EUA pela Bemis. •