Alvejadas pela crise econômica, inúmeras empresas não tiveram muito a comemorar no final de 2015. Não foi esse o caso da Duas Rodas, número um entre as fontes nacionais de aromas e ingredientes para alimentos e bebidas, que fechou o ano com um balanço positivo. Com faturamento de R$ 663 milhões, montante 13% acima de 2014, aos 90 anos completados em dezembro passado, a empresa segurou a trilha do crescimento e ainda colocou em prática projetos de expansão. “Ao mesmo tempo, mantivemos a equipe comprometida com a racionalização de custos”, enfatiza Leonardo Zipf, presidente da Duas Rodas. Na entrevista a seguir, ele detalha os investimentos feitos e os rumos da empresa nos próximos anos.
DR – Quais investimentos foram feitos no ano passado?
Leonardo Zipf – No primeiro semestre concretizamos a aquisição da Mix Indústria de Produtos Alimentícios, de São Bernardo do Campo (SP), que atua nos segmentos de padaria e confeitaria. Até setembro deste ano, a unidade será transferida para uma área maior, para poder absorver o crescimento proposto de 25% em média ao ano. Estamos investindo também na expansão de outras linhas de produtos a serem lançadas no próximo ano.
Além dessa aquisição, colocamos R$ 30 milhões na finalização das novas instalações da unidade argentina, que mantemos desde 1996, além de investirmos em processos de automação nas fábricas da matriz, em Jaraguá do Sul (SC), e de Estância (SE), no Nordeste. Na América Latina, nossa participação fica entre 18% e 20% do mercado e, em 2016, um dos focos é consolidar o crescimento conquistado na região, onde ainda há muito potencial a ser explorado. Estamos presentes na Argentina, Chile, Colômbia e México, e esses negócios representam 13% da receita bruta da empresa.
DR – Como avalia a participação da Duas Rodas no setor de chocolate?
Leonardo Zipf – A marca Selecta vem crescendo substancialmente no setor de chocolates, em um processo de construção gradativa que, pelos patamares já alcançados até o momento, nos deixa confiantes. A marca está fortemente alicerçada na tradição de 90 anos da companhia líder em sabores na América Latina. Para 2016, trabalhamos com a perspectiva de crescer 20% no setor de chocolates e ganaches e esperamos alcançar esse resultado a partir da ampliação do nosso portfólio. Em janeiro, por exemplo, foi lançada a mais nova linha de produtos da marca, a Selecta Namur, que é inspirada nos chocolates belgas e elaborada a partir de liquor, manteiga de cacau e produtos selecionados. Além disso, estamos prevendo diversas novidades ao longo do ano, que devem contribuir para melhorar a atividade do público-alvo da marca: os pequenos e médios produtores de artigos à base de chocolate para revenda. A nossa empresa tem a inovação como pilar estratégico de competitividade e expansão dos negócios, um posicionamento que é consolidado com fortes investimentos em pesquisa e inovação.
DR – Quais os próximos passos da Duas Rodas?
Leonardo Zipf – Entre os planos para 2016 estão novas aquisições, no Brasil e América Latina, além do reforço de ações que possibilitem o incremento do faturamento nas unidades já existentes. A meta de crescimento estabelecida pela companhia para o ano de 2016 é de 15%.
Outro objetivo para o ano é ampliar a presença no mercado de nutrição animal, no qual reforçamos a participação em 2015 com o lançamento da marca Statera, que atende às indústrias de produtos pet e feed. A empresa mira ainda no crescimento no mercado de sorvetes com as linhas gourmet de produtos da marca Specialitá, com diversos lançamentos ao longo do ano. É interesse da Duas Rodas continuar seu processo de aquisições mesmo no cenário não muito tranquilo da economia brasileira, que de alguma maneira dificulta os planos de aquisições internacionais, mas possibilita ações no mercado nacional. Nossos planos para 2016 incluem, a princípio, duas novas aquisições, uma no Brasil e uma em outro país da América Latina, porém, como ainda estamos em fase de negociações, não é possível revelar mais detalhes sobre tais projetos. Além disso, também observaremos ao longo do ano oportunidades em outros mercados, como Europa, Ásia e EUA, para potenciais negócios futuros. •