Apesar de exibir crescimento real zero, ou melhor, 0,6%, conforme a pesquisa do Ranking Abad/Nielsen 2017, o setor atacadista brasileiro está otimista. Para a maioria das empresas entrevistadas pela Nielsen (88,2%) e que operam no formato cash and carry (autosserviço) – incluindo o grosso dos atacados doceiros – a expectativa é de elevar o faturamento no atual exercício. Apenas 5,9% deles preveem estabilidade ou queda nas vendas (5,9%). Já no modelo distribuidor, o otimismo é menor (78,4%) com 17,3% apostando na estagnação e 4,3%, no declínio do giro. Nos atacados de entrega, os percentuais são 75,9%, 21% e 3,1%, respectivamente e, no modelo atacado de balcão, as perspectivas são ainda mais baixas, com 61,9% acreditando numa virada; 28,6% no tudo igual e 9,5%, no prejuízo certo. Pela lupa da Nielsen, o grupo mais otimista, que abrange a maioria dos agentes de distribuição de itens de mercearia básica (alimentos e higiene & limpeza), dobra a aposta em uma rentabilidade maior ao longo do ano. Para 58,8% dos atacados de autosserviço essa margem vai crescer, enquanto que 35,3% preveem estabilidade e 5,9%, queda. Para sustentar essa expectativa azul, o setor de uma maneira geral planeja ampliar ou ao menos manter os investimentos em 2017. As áreas de tecnologia de gestão e sistema de informação (TI) são as que mais deverão receber aportes. Mas chama a atenção a disposição da maioria dos atacadistas de, mesmo em meio à recessão, investir em melhoria da infraestrutura, com a compra de empilhadeiras motorizadas, armazenagem e telemarketing. Outra idiossincrasia revelada pela pesquisa é a de que os segmentos de menor interesse para se investir recursos são os de e-commerce e de frotas próprias. Em parte, essa indisposição condiz com o momento atual em que as empresas buscam manter o foco na eficiência operacional e na gestão, na tentativa de aprimorar a competitividade em tempos de crise. Merece esclarecimento o resultado considerado satisfatório pelo setor, embora abaixo de 1%, pois ele leva em conta, para efeito de comparação, a trajetória do PIB brasileiro, que sofreu retração de -3,6% no exercício passado. Com isso, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), responsável pelo ranking do setor, refez os cálculos e constatou que os agentes de distribuição respondem hoje por uma fatia de 53,7% do mercado mercearil nacional. Segundo a entidade, é o décimo segundo ano consecutivo em que a participação dos atacadistas e distribuidores nesse mercado permanece superior a 50%. Os números do ranking são apurados a partir de dados fornecidos voluntariamente pelas empresas do setor associadas à Abad e analisados pela consultoria Nielsen, em parceria com a FIA/USP (Fundação Instituto de Administração/Universidade de São Paulo).